Capítulo 28

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    Como é que eles esperam que a gente consiga se preparar em tão pouco tempo? Passagens de avião e autorizações. Papeladas e treinos.

    Treino todos os dias por quase duas semanas. Estudo todas as noites com a sra. V. Palavras. Cidades. Estados. Países. Capitais. Oceanos. Rios. Cores. Doenças. Clima. Números. Datas. Animais. Reis. Rainhas. Pássaros. Insetos. Guerras. Presidentes. Planetas. Autores. Generais. Leis. Citações. Medidas. Equações. Definições. A minha cabeça gira sem parar de tantos dados e informações. Mas agora eu tô pronta. Nossa equipe tá pronta.

    O sr. D. cumpriu o que prometeu. Os seis alunos que fizeram mais pontos durante os treinos foram anunciados há alguns dias, na nossa última reunião. É claro que, como todos os meus outros colegas, eu fiquei somando os pontos de todo mundo na minha cabeça. E tinha certeza que ia ficar entre os seis que iam aparecer diante das câmeras e não ia ser reserva.

    Quando leu a lista, o sr. Dimming tava se consumindo de tanta espectativa. Ele andava pra lá e pra cá, todo nervoso. Mais um pouco e k homem ia sair dançando!

    — Aqui vamos nós. Acho que preciso que rufem os tambores ou algo do gênero.

    — Lê a lista. Por favor — gritou o Connor, impaciente.

    Então o professor disse, bem devagar:

    — Os seis integrantes da equipe de quiz da Escola de Ensino Fundamental da Rua Spaulding são... — ele deu uma paradinha. Achei que o Connor ia jogar alguma coisa nele. — Rose, Connor, Melody, Elena, Rodney e Molly. Claire e Amanda ficaram na reserva.

    — Eu virei reserva? — falou a Claire, sem acreditar no que tava ouvindo.

    — A Molly fez dois pontos a mais do que você, Claire — explicou o sr. D. — Mas você ainda vai pra Washington e pode torcer pela gente e conhecer a cidade.

    — Mas fui eu que ajudei ela a estudar — reclamou ela, escandalizada. — Isso não é justo!

    Eu só sacudi a cabeça e dei um risinho. A Claire não entende nada de injustiça.

    A Molly fez aquela cara de convencida e não aparecia nem um pouco chateada que a melhor amiga tinha ficado na reserva. A mãe dela chegou, e o treino acabou ali.

    O campeonato é amanhã — quinta-feira à noite. Se a gente ganhar, vai aparecer no Bom dia, América na sexta e depois vai conhecer a Casa Branca. No sábado, vamos fazer mais uns passeios em Washington e voltamos pra casa no domingo. Na segunda-feira, se tudo der certo, vamos pra aula com o título de campeões nacionais. E levando aquele troféu.

    Então, hoje à noite a gente vai arrumar as malas. Eu nunca fiz uma viagem tão longa, e isso requer muitos preparativos. Tô loucamente animada, loucamente nervosa. O papai comprou uma mala vermelha de rodinhas pra mim. Tem cheiro de carro novo. Só de encostar nela já fico com vontade de sorrir.

    Ontem fui fazer compras com a mamãe. Faz tempo que a gente não faz isso. Ela me deixou escolher duas roupas novas. Com calças jeans. Nada daqueles práticos conjuntinhos de moletom largões nesta viagem!

    Passamos por uma papelaria quando a gente estava passeando pelo shopping. Aí me deu uma ideia, e eu logo digitei:

    — Entrar. Comprar cartão, por favor.

    — Pra quem? — perguntou a mamãe, empurrando a minha cadeira loja adentro.

    — Catherine. Pra agradecer. Por ter me ajudado a me preparar.

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