Capítulo 1 - Sangue de inocentes.

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Prólogo

Era uma vez... Não é sempre assim que essas histórias começam? Mas a minha é muito discrepante de qualquer conto de fadas que você possa conhecer. Tudo começou a dez anos atrás, quando eu ainda era uma menina. Minha mãe morreu quando eu tinha cinco anos e eu fazia de tudo para me apegar as lembranças que ainda me restavam. Ela tinha me ensinado a como ser uma pessoa boa, e sempre tratar as pessoas como iguais independentemente de quem elas sejam ou de quanto dinheiro possam ter. Eu tentava ser assim sempre, tentava ser boa acima de tudo para honrar sua memória, mas assim que meu pai apareceu com aquela mulher e suas duas filhas na porta de nossa casa eu senti um calafrio horrendo, e assim que ele disse que se casaria com ela, eu soube que minha vida jamais seria a mesma. Aquela mulher gostava de viver num luxo sem igual, e as coisas em nosso reino estavam muito escassas, mal tínhamos como sobreviver. Mas ela pouco se importava com isso, queria sempre mais vestidos, e meu pai sempre fazia todos os seus gostos.

Suspirei conforme passava pela sala, Gertrude sorria olhando a nova boneca que havia ganhado de papai, e Hannah parecia emburrada por não ter recebido uma também. Eu não dei a mínima para a cena, parecia que Hannah se esquecia de que aquele era o aniversário de Gertrude, não precisava ser tão dramática. Saí pela porta da cozinha sem ser vista, e corri para a parte de trás do estábulo. Kaleb me esperava para brincarmos, ele era o meu vizinho e de desde sempre brincávamos, ele tinha dez anos assim como eu.

— Kaleb, trouxe o arco e flecha do seu pai? - Perguntei animada.

Ele sorriu, um de seus dentes estava faltando, ele e eu cometemos a loucura de arrancar algumas semanas atrás, ele gritou de dor e eu jurei nunca mais arrancar o dente de ninguém.

— Claro que sim. Precisamos começar a praticar. - Ele respondeu animado.

Kaleb e eu seguimos para a floresta que ali havia e a imensidão de arvores verdes tomou conta de nossa visão. Kaleb colocou alguns alvos em cima de uma árvore caída no chão e eu tentei atirar, aquela era a primeira vez que eu fazia aquilo, mas adorava fazer aquelas "loucuras", minha madrasta dizia que usar uma espada e arco e flecha eram coisas que homens deviam fazer para que se um dia houvesse algum problema eles pudessem salvar suas famílias, mas eu sabia bem que meu pai não ia ter condições de salvar ninguém, ele andava muito doente, e mesmo sendo um comerciante muito conhecido de nossa cidade, as coisas não andavam tão boas, e ela não se dava o trabalho de ajudar em nada. Por isso eu sabia que se um problema surgisse, eu teria de me defender sozinha, e não ia ficar parada esperando o pior acontecer.

Arrumei o arco e a flecha retos em minhas mãos, e olhei diretamente no alvo, soltei a flecha e não acertei, mas foi bem próximo.

— Parabéns, Elara, para a primeira vez que você está com um arco está indo muito bem, só temos que praticar mais.

Sorri para ele, mas Kaleb percebeu que aquele sorriso não me chegava aos olhos.

— O que houve? Parece preocupada com algo.

— Papai anda doente, e as vendas não andam boas. Amanhã é o dia de pagar os impostos e estou muito preocupada com o que pode acontecer. Meu pai não conseguiu todo o dinheiro que o rei deseja e já é a segunda vez que isso acontece. Ele deve dinheiro do mês passado e desse mês. Você sabe o que pode acontecer com ele se não pagarmos tudo.

Ele suspirou pesadamente.

— Ele tem que vender tudo que tem, Elara. Somente assim pode conseguir o dinheiro do rei. Porque se ele não fizer algo logo, vai custar a vida dele.

— Eu mato o rei se ele fizer qualquer coisa contra o meu pai. Porquê ele quer todo esse dinheiro de todos? Já não basta todo o luxo que ele vive? Mal tivemos o que comer esta semana, Kaleb! Estou treinando hoje com o arco e flecha para poder caçar animais, porque daqui a pouco somente assim vamos poder comer alguma coisa.

A Assassina Do Rei (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora