A Assassina Do Rei (Livro 1)

Capítulo 18 - Desespero.

"Eu combinei com Edmund tudo que irá acontecer. E tudo que você precisa fazer é combinar com o príncipe uma última conversa perto do lago, então chegue antes dele e finja uma luta com Edmund, assim que ele ver o príncipe se aproximar ele vai joga-la no rio, e obviamente o príncipe vai salva-la. Não há com o que se preocupar, e se algo der errado, Edmund vai salvar você. Jamais colocaria a sua vida em risco querida, e prometo que tudo irá sair como combinamos. Não fique com medo, apenas faça como eu disse, e o príncipe irá desistir deste casamento muito mais rápido do que você possa imaginar."

Essa era a carta de Evan, e eu ainda assim não confiava de que tudo iria dar certo como ele dizia. Meu medo de mar vinha de muito tempo, e a única vez em que tentei nadar, acabei quase morta. Evan sabia dessa história, era quase macabro da parte dele fazer uma coisa como aquela comigo. Era a primeira vez que eu realmente queria desistir de algo que ele havia me pedido. Sabia muito bem dos riscos que eu estava correndo, e se tudo desse errado? E se John não conseguisse me salvar e muito menos o Edmund? Evan era louco, disso eu estava começando a ter certeza.

Mas pensando por outro lado, eu ia para o inferno de qualquer forma, se eu adiantasse a visita talvez até conseguisse passar pelo purgatório. Perguntei a um dos guardas onde o príncipe estava, ele me disse que John estava na biblioteca, fui direto até lá e tranquei a porta assim que vi que ele estava sozinho. John se assustou ao me ver, e coloquei o dedo na boca pedindo que ele fizesse silêncio.

— Preciso muito conversar com você, John.

— Elara, escute, eu...

— Não, por favor, me escute você. John, você me deve isso, me deve um último encontro. Eu não vou tentar nada, juro a você. Mas por favor, me encontre perto do lago assim que o sol se pôr. Preciso conversar com você, é urgente.

Ele apenas assentiu, parecia não saber exatamente o que dizer. Saio da biblioteca o deixando sozinho. John parecia muito curioso com o que eu tinha para falar com ele, mal ele sabia que ia me ver quase morrer. Que Deus me ajudasse ainda que eu não merecesse.

Decido então falar com Kaleb também. Ele poderia ficar por lá e me ajudar caso algo desse errado.

— Seu pai sugeriu que...

Começo a contar a ele, e percebo seu rosto mudar e ficar completamente chocado.

— O que? Você e meu pai enlouqueceram de vez. Como tem coragem de arriscar a própria vida dessa forma?

Ele estava muito nervoso, disso eu tinha certeza.

— Ele disse que essa é a única forma que John decida não se casar. Eu tentei argumentar, mas ele não me ouviu, você sabe como ele é.

— Não importa o que ele disse, você jamais devia ter aceitado se colocar num perigo assim, só para acabar com esse casamento. Elara, você está colocando a sua vida em risco, será que não percebe o quão absurdo isso é?

— Eu sei, Kaleb, literalmente sei. - Suspiro pesadamente. — Mas para falar a verdade não estou me importando muito com o que possa acontecer comigo. Eu vou para o inferno de qualquer forma por tudo que já fiz, se acabar indo um pouco mais cedo não vai fazer diferença.

— Ah, vai, e você sabe muito bem disso. A única pessoa que se importa de verdade com você sou eu, e pelo que me parece você ficou tão obcecada com essa vingança que se esqueceu de si mesma. Se esqueceu do quanto a vida é importante. O que seu pai pensaria vendo-a fazer essas coisas?

— Cale a boca, Kaleb!  Você mais do que qualquer outra pessoa sabe que eu estou fazendo tudo isso por causa dele, para que ele não tenha morrido em vão. Eu mato e morro pelo meu pai, Kaleb, e agora estou fazendo a segunda opção, mas eu não vou morrer, vou viver por muito tempo e mudar tudo isso.