A Assassina Do Rei (Livro 1)

Capítulo 20 - Surpresas, e... amor?

John Philip Stuart

Ela deixou o quarto me deixando ainda parado e completamente sem palavras. Elara conseguia arrancar isso de mim constantemente. Tudo estava feito, eu não podia desistir daquela forma, não podia fazer aquilo, mas ela estava certa, a minha vida toda o meu pai fez as escolhas para mim, e digamos que ele não era a melhor pessoa do mundo para fazer isso.

Eu não queria ser como ele, não queria ser uma pessoa ruim e amargurada, se eu não tivesse amor de pelo menos uma pessoa que ia ficar comigo pelo resto da vida, como eu ia conseguir reinar um país inteiro e ter compaixão por cada pessoa? Sem amor nada funciona da forma que tem que ser, e eu ia ser infeliz pelo resto da vida apenas por causa de uma maldita aliança, sendo que poderia conseguir muitas outras com outros países sem precisar me casar. Eu não ia cometer aquela loucura, literalmente estava pouco ligando para o que qualquer um pudesse pensar, a minha única preocupação era Natálie, e como eu ia dar a notícia a ela de que aquele casamento não ia acontecer.

Mas assim como eu, ela também merecia a chance de saber como é se casar com alguém que realmente te ame de verdade, ela merecia isso. E eu não ia deixar ela ter uma vida infeliz. Como a futura rainha da França,  ela merecia ter suas próprias escolhas e não era o pai dela que ia escolher nada, quem ia escolher com quem ela ia se casar tinha que ser ela e mais ninguém.

Bati na porta, e uma das criadas a abriu, ela ficou tão chocada ao me ver ali que eu passei por ela sem problema algum. Natálie se olhava no espelho, e ao ver meu reflexo nele, gritou de susto e se virou parecendo não entender o que estava acontecendo.

— John, o que faz aqui? Você não pode me ver antes do casamento, dá azar!

Ela tentou se cobrir com um dos lençóis de seda que estava em cima da cama. Ela estava realmente linda, e usava um vestido vinho cheio de detalhes em dourado.

— Eu vim aqui avisar você que o casamento está sendo cancelado.

— Perdoe-me o que disse?

— Isso mesmo que você ouviu. Não posso me casar com você, Natálie, não posso condena-la a uma vida infeliz, você merece ser feliz ao lado de alguém que te ame.

— Você não vai fazer isso, não é? Não vai me humilhar na frente de todos dessa forma.

— Me desculpe por ter deixado tudo isso chegar a esse ponto, você pode me odiar se quiser, eu vou entender. Mas o que preciso dizer é que você é a futura rainha da França, você não precisa que seu pai decida com quem você vai se casar. Viva a sua vida, se apaixone de verdade, se case com alguém que você realmente ame. Não vamos cometer o mesmo erro de tantos outros monarcas, não precisamos fazer isso, não precisamos jogar a nossa felicidade fora apenas por causa de acordos e dinheiro.

— Você não pode estar falando sério. Eu estou pronta com o vestido que eu escolhi para mim, e você vai fazer isso? Desistir feito um covarde? Sabe o que vai acontecer? O meu pai vai declarar guerra a Escócia!

— Não me importo com isso, lutarei para defender a Escócia se for necessário, mas não vou ser infeliz e nem deixar que você seja infeliz. Um dia quem sabe você vai me entender, mas por agora perdoe-me por tudo isso. Vou até a igreja desfazer toda essa loucura.

Ela gritou pedindo que eu não fizesse isso, mas eu fingi não ouvir. A única pessoa que parecia estar sendo sensata era eu, e o que eu tinha mais certeza é que Natálie poderia estar me odiando agora, mas em alguns anos ela ia me agradecer.

*

Eu desço as escadas completamente absorto e não ouço nada a minha volta, procuro por Elara mas ela não está em parte alguma, pergunto a um dos guardas e ele me avisa que ela já saiu para ir até a igreja. Saio do palácio, e pego o primeiro cavalo selado que vejo. Todos a minha volta estão chocados, e tenho certeza que eles imaginam o que estava prestes a acontecer.