(Livro 1 da trilogia: A Assassina, A Princesa, e A Rainha)
[+16] Dez anos atrás um fato mudou minha vida para sempre. Meu pai foi morto pelo rei, e eu não saí ilesa disso, literalmente. Tudo que aconteceu naquele dia marcou minha alma, e eu jamais...
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Desci do cavalo e Kaleb me olhava ansioso, eu não queria conversar com ele. Não queria destruir o que ainda restava de amizade e respeito. Se necessário fosse eu ia deixa-lo falando sozinho. Tinha muito com o que me preocupar daqui para frente.
— Elara. - Disse simplesmente.
Ele parecia suplicar com o olhar para que eu falasse com ele.
— Kaleb. - Falei sem desviar os olhos dos dele. — O que faz aqui?
— Eu vim para me desculpar. Eu perdi a cabeça esta manhã... estava com... ciúmes e... com tanto medo de que algo lhe acontecesse. Não estava pensando direito. Me perdoe por falar aquilo.
Suspiro pesadamente.
— Kaleb, eu acho que é melhor você ir se acostumando com tudo que está por vir. Você sabe desde sempre tudo que eu planejo, e não adianta, você pode dizer o que for, eu jamais vou desistir. Eu só vou conseguir viver em paz quando aquele maldito não estiver mais vivo.
Ele assentiu.
— Não vou mais questionar isso. Mas... o que você pretende fazer depois? Vai continuar casada com o príncipe depois da morte do rei?
— Não sei ainda. As coisas ainda nem aconteceram, Kaleb. Mas eu vou precisar de mais armas para me casar com ele, o príncipe John está noivo, mas isso não é problema para mim. Pelo que eu pude notar hoje mais um pouco e ele vai desistir de tudo por mim. Ele me olha de um jeito diferente, é preocupado comigo... hoje mesmo aconteceu uma coisa que... - Eu me interrompi.
Se eu contasse ao Kaleb o desafio do rei, ele surtaria, mesmo com tudo que ele tinha dito até agora, eu tinha certeza de que ele não acreditaria em mim o suficiente para achar que eu venceria uma luta com o melhor guerreiro do rei. Kaleb poucas vezes esteve nas reuniões dos rebeldes, na verdade ele não concordava com aquilo e sempre quis que eu ficasse fora dali, ele tinha medo que fôssemos descobertos. Ele sabia que eu era boa, mas a única vez que realmente me viu numa luta foi quando eu salvei o príncipe.
— O que aconteceu hoje?
— Nada... eu... fui até o palácio para conversar com o príncipe e os guardas acharam que eu estava lá espionado e então John apareceu e me defendeu deles, foi isso.
Dava para ver a raiva e o ciúme transbordando dele.
— Kaleb, não vou lhe dar falsas esperanças, para mim o que mais importa é a minha vingança. Se um dia tudo isso acabar e eu ver que correspondo os seus sentimentos, poderemos esquecer tudo e tentar recomeçar juntos, mas se nada disso acontecer, quero que me esqueça e fique com alguém que o faça feliz. Você merece isso, e não ficar assim por alguém ainda não pode lhe dar o que você quer.
Ele assentiu, e eu o abracei forte.
Toquei seu cabelo longo e olhei seus olhos azuis, queria tanto sentir algo por ele, ou por qualquer pessoa que fosse, mas a verdade é que eu não sabia se seria capaz de amar. As únicas pessoas que amei tinham me deixado, e acho que isso causou uma frieza em mim que talvez jamais iria me deixar. Eu não era como as mulheres que eu conhecia, não pensava em casamento, não pensava em filhos, Deus me livre disso! Tudo que eu pensava era em matar. E então eu percebi que na verdade o que eu havia me tornado é uma arma. Uma arma que se necessário fosse mataria, morreria, e destruiria o que fosse para que o rei pagasse por tudo que fez.
