A Assassina Do Rei (Livro 1)

Capítulo 31 - O fim.

Todas as vezes eu sempre dizia que não sabia como era ter medo. Sempre achei que tudo que passei na vida já havia me mostrado o suficiente e eu nunca mais conseguiria sentir aquela sensação novamente. Mas agora, olhando para aquele berço vazio, eu havia descoberto uma sensação muito pior do que o medo. Só de imaginar o meu filho longe de mim, e seu choro, seus olhos buscando por mim ou por John. Meu coração havia sido amassado, já não restava mais nada. Eu ainda não conseguia acreditar que Evan poderia ser alguém tão ruim. Será que ele teria coragem de fazer algum mal contra um bebê? Eu não duvidava de mais nada.

— Eu sei exatamente onde ele está, temos que ir logo, John!

— È perigoso sair esta hora da noite, mas eu temo pelo que ele possa fazer contra Arthur. Você acha que ele teria coragem de...

— Eu não sei, John. Já não conheço Evan mais, ele está obcecado em acabar com tudo isso, mas eu acho que ele não faria nada contra Arthur. Só que independente se está de noite ou não, eu vou sair daqui agora. Não fico longe do meu filho por nem mais um minuto. Vamos tira-lo de Evan e então eu vou acabar com ele com minhas próprias mãos, ele já fez mal o bastante.

John apenas assentiu. Ele saiu de meu quarto e provavelmente ia convocar os guardas para buscarmos Arthur. Eu fui direto em direção ao meu baú, e o abri. Pego a armadura que usei em minha primeira luta. Tanta coisa havia mudado desde aquela luta. Em pouco tempo completaria um ano que eu estava no palácio, mas agora tudo estava completamente diferente, e eu estava numa missão de resgate pronta para acabar com quem quer que estivesse em meu caminho. Dessa vez eu não sentiria culpa ou remorso, tudo aquilo era o resultado do que Evan fez, e ele tocou em meu maior ponto fraco. Coloco o capacete e então saio de meu quarto, desço as escadas e sigo para o jardim, os guardas já estavam montados em seus cavalos, e John usava uma armadura parecida com a minha só que mais resistente. Ele subiu no cavalo e eu fiz o mesmo. Falei para todos mais ou menos onde estávamos indo, e eles foram me seguindo. Eu sabia muito bem onde Evan estava se escondendo. Era no antigo lugar em que eu treinava junto dele, e de outros rebeldes. Ele não era nem um pouco criativo.  

Após algum tempo cavalgando, nós chegamos ao destino. Eu ouvia ao longe o choro de Arthur. Meu coração batia tão forte no peito. Meu filho devia estar com tanto medo. Mas então algo me fez perder o foco por um instante, era a voz Kaleb, ainda que apenas um sussurro, era a voz dele. Peço para que todos parem então começo a olhar para a mata escura, um dos guardas coloca a tocha acendida perto dali para que víssemos melhor, e então finalmente eu o vi. Ele correu para onde eu estava, e os guardas não o reconheceram de imediato.

— Parem, ele irá nos ajudar. È nosso aliado. - Falo assim que eles tentam ataca-lo.

— Ele está com diversos rebeldes junto dele, Elara. È muito perigoso. Ele vai tentar matar a todos, e não vai parar até conseguir, você sabe disso.

— Nem o próprio demónio irá me parar. Eu vim aqui para salvar o meu filho e só vou sair daqui com ele nos braços nem que tenha que matar cada um dos rebeldes.

Ele assentiu de forma grave.

— Somente o meu pai está na casa, mas os outros estão espalhados pela mata. Eles têm flechas, espadas e armas. Todos vocês tomem cuidado.

Todos os guardas assentiram com veemência. Foi então que vi que ele estava com o arco nas mãos e diversas flechas nas costas.

— Você vai me ajudar?

— Sempre.

Uma emoção tão forte me atingiu. Aquele era o Kaleb que cresceu comigo, que eu sempre considerei como meu irmão. Que faria de tudo para me defender, até ir contra o próprio pai se necessário fosse.