Capítulo 10 - Conversas, e a nova guarda real.

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Eu não sabia bem onde o rei ia querer que eu ficasse, mas fui direto para o quarto em que me foi designado desde o início. A primeira coisa que faço é tirar aquela armadura, a deixo no chão e começo a tirar também aquela roupa toda em couro. Meu corpo gritava por conforto e apenas um vestido me traria isso. Abro meu baú e pego um de meus vestidos, ele era um dos melhores que eu tinha e não estava tão surrado, sua cor era de um azul escuro lindo. Enquanto o colocava sinto uma pontada no ombro e vejo que sangue escorria pela minha clavícula e para um pouco das minhas costas. Eu estava tão anestesiada com a luta que nem ao menos tinha percebido o ferimento ali.

Ouço uma batida de leve na porta, mas a pessoa nem ao menos espera que eu responda e já entra no quarto.

Príncipe, John! - Exclamo surpresa.

Tento ajeitar o vestido da melhor forma possível, e ele se aproxima de mim com urgência, seu rosto exibia um sorriso leve, e seus olhos me revelavam que ele com toda certeza queria repetir aquele beijo que demos.

Mas ele não ia conseguir outro tão cedo!

— Eu precisava vê-la. - Diz ele, ansioso. — Ainda não consigo acreditar no que fez naquela arena, ninguém pode acreditar na verdade. Logan está morto, será enterrado amanhã, e... bem... acho que você e meu pai tem muito o que conversar. Pelo que eu soube você vai trabalhar como guarda do palácio. - Um sorriso de puro orgulho estica sua boca.

Sorrio de volta.

Bem... foi o que eu e ele combinamos. Esta luta foi definitivamente um divisor de águas para mim, eu achava que já tinha enfrentado de tudo, mas Logan foi realmente um desafio e tanto, que graças a minha astúcia, se tornou mais um que eu venci.

Ele sorri mais ainda.

— Você é muito convencida, não acha? - Ele brinca.

— Se eu não acreditar em mim, quem mais vai? - Respondo e vou de ombros, só que isso faz com que uma cor imensa me envolva.

E então ele vê o meu ferimento no ombro e muda as feições completamente, preocupação era tudo que eu via agora.

Ele a machucou? Foi muito profundo?

— Não. Está tudo em ordem, não foi nada tão grave assim. Estou bem, como pode ver.

Ele pareceu não me ouvir e pegou um lenço de seu bolso e molhou com a água da bacia que estava em cima da mesa. Ele trouxe o lenço úmido até o meu ferimento e eu mordo o lábio quando começa a arder.

— Eu... posso? - Pergunta antes de abaixar a manga de meu vestido.

Pela primeira vez eu fico nervosa ao lado dele. Se ele visse minhas marcas nas costas ia me encher de perguntas. Respiro fundo nervosamente e apenas concordo com a cabeça. Ele baixa a manga do meu vestido e eu o seguro no busto para que nada mais em mim seja revelado, e sua mão delicada e enorme, toca o meu ombro e parte das costas, ele começa a limpar a ferida novamente, mas algum tempo depois, ouço ele arfar e olhar com mais atenção para as minhas costas.

— Quem fez isso com você? - Havia muita preocupação em sua voz.

Eu tentei segurar o bolo que havia se formado em minha garganta. Tantas coisas ruins estavam direcionadas aquelas cicatrizes, tantas memórias horríveis que eu sempre preferi esquecer, mas nunca consegui.

— Alguém que se parece muito com o próprio demônio encarnado. - Respondo sem conseguir me conter.

Meus olhos estavam inundados e eu odiava aquilo. Emoções, mesmo que fossem aquelas, apenas me distraíam do que realmente importava ali.

A Assassina Do Rei (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora