Estava irritada comigo mesmo, por ter recuado na frente daquela babaca. Minha consciência insiste em me martirizar por ter saído dali tão rapidamente e com uma frase tão ridícula como “isso não vai ficar assim!”, foi uma idiotice, é obvio que aquela merda ia ficar assim! Eu não voltaria atrás com a minha palavra, falei a meu pai que casaria com quem quer que fosse, e cumpriria minha palavra, e isso estava me deixando maluca. Eu sabia reconhecer um inimigo poderoso, e Ra’s era claramente perigoso, o maldito exalava perigo e uma tensão sexual que me afetava mais do que eu queria admitir. Se ele foi capaz de destruir o tempo daquela forma, quais eram seus limites? O que não era possível para aquele mestiço?
Essa era outra grande novidade, Ra’s não era totalmente vampiro como Ariane, havia algo nele, que o modificou. Ele sequer tinha o cheiro da mãe, todos os filhos tem uma mistura do cheiro dos pais, mas Ra’s tinha o cheiro de Cambriel, apenas um pouco diferente, tinha sua identidade própria, mas era parecido, assim como de Cambriel parecia Arthur, e o de Arthur parecia aquele maníaco que estava torturando Ra’s.
Nossa família era realmente amaldiçoada, e deveríamos todos morrer, mas somos bons demais em sobreviver, nos tornar mais forte, exterminar nossas ameaças e permanecer vivos. O instinto de viver era mais forte do que qualquer coisa, por isso somos muitos, e ainda seremos muitos... Por tocar no assunto, como seriam meus filhos? Se pareceriam comigo? Ou com... Ra’s!
Não importava o quanto eu pensasse, o quanto tentasse desviar o pensamento, ele sempre voltara para aquele Dragomir perigoso, deixando-me cada vez mais irritada. Rosnei frustrada, e tomei um banho nas pressas, não era tão tarde da noite assim, iria sair, procurar algo para me distrair, quem sabe arrumar alguém para me fazer esquecer aquele cretino. Peguei uma bota rasteirinha de cano médio, calça jeans, uma camisa qualquer de algodão azul escuro, e um casaco de couro. Prendi o cabelo num coque bagunçado, e peguei meu celular, não tava com paciência para fazer maquiagem, então fui para a noite de cara limpa.
Estava quase chegando na garagem, quando meu celular tocou, era uma mensagem:
“Estou na cidade, queria te ver hell’s queen!” sorri instantaneamente com a mensagem, e respondi “onde você ta?” e enviei, peguei meu porche e esperei sua resposta para partir “Avenida X com a Madson, aquela sorveteria onde sempre íamos!”, apenas respondi “estou indo!” e dei a partida no carro. Fazer aquele caminho me causava nostalgias, e eu me via sorrindo como boba lembrando de quando ia até lá com meus amigos. Lembro-me como se fosse hoje, quando sofremos um ataque, e o carro inimigo nos jogou num pequeno barranco, meu pai nos salvou e acabou dando seu sangue para meus amigos, mantendo-os vivos. Não sabemos ao certo o motivo, mas Jacob alegou que eles ficariam bem. Eu tinha alguns meses, mas aparentava ter 10 anos, eles tinham 15. Há um ano eles se mudaram e perdemos temporariamente o contato, mas agora, um deles estava de volta.
Me perdi no tempo, e quando dei por mim, já estava chegando na sorveteria. Estacionei o carro na frente, e desci, sentindo uma ansiedade que há muito não sentia, parecia que milhões de borboletas voavam em meu estômago. Entrei pela porta e com os olhos varri o local, encontrando seu sorriso na mesa do canto, onde sempre ficávamos. Andei até ele com passos lentos e firmes, parecia que tudo ao redor estava parado no tempo, e eu levei uma eternidade para chegar até ali. Quando parei ao lado da mesa, ele levantou-se, revelando-se maior do que eu; seus braços rodearam meu corpo e apertaram-me contra aquele corpo forte e cheiroso; me agarrei aquela muralha de músculos, enquanto ele me tirava do chão, tamanho era sua altura.
_puta merda, o quanto você cresceu? – falei em seu pescoço, apreciando seu cheiro amadeirado e rustico.
_cresci 30 centímetros! – respondeu com uma voz grossa e sexy – tenho 1,90 agora, baixinha... – ele soltou-me e me fitou de cima sorrindo.
_é bom te ver, Cris! – falei exibindo meu melhor sorriso. Ele tocou meu rosto e deu-me um selinho casto.
_o prazer é todo meu! – falou maldoso, exibindo aquele típico sorriso sexy. Sentamos e ele olhou o espaço ao redor – não parece ser mais adequado...
_de fato! – concordei – éramos crianças naquela época, mas as coisas mudaram! Nós crescemos... – comentei.
_e você ficou perfeita...
Sorri lisonjeada, mas perfeito mesmo era ele, com aquele corpo todo definido, aquela tatuagem tribal no braço, com rosas enroscadas em algumas caveiras, eu amava cada uma das tatuagens dele, estive presente na confecção de todas elas. Até compartilhávamos uma pequenina atrás da orelha, eram as relíquias da morte, a capa da invisibilidade, a carinha das varinhas e a pedra da ressurreição. Na época assistimos os filmes do Harry Potter e decidimos fazer, escondido é claro, e assim permanecia.
_onde está Megan? – perguntei pela irmã caçula dele, que apenas revirou os olhos – o que foi?
_deve estar em algum lugar com o namoradinho dela! – resmungou – é um mago de araque...Sabe fazer uns bons truques... Está viajando conosco!
_então é sério o lance?
_sim! Sou vela do casal idiota! – revirou os olhos – você bem que poderia me ajudar com isso! Viajar conosco... – sugeriu.
_não posso... – murmurei lembrando-me do motivo do meu mais recente estresse: Ra’s – vou me casar...
_eu não tenho ciúmes!
_o cretino é poderoso! – Cris sentou-se mais ereto e fitou-me – faz parte da família!
_Collins ou Dragomir? – indagou.
_Dragomir! – ele franziu o cenho, entendo o tamanho da merda – mas como ele está muito bem acompanhado, dentro da minha própria casa, decidi sair para espairecer, e de repente, pah, você aparece!
_sempre pode me usar para fazer ciúmes pro seu noivo babaca! – falou sacana, e eu gargalhei com vontade.
_olha que eu posso realmente aderir a essa ideia... – comentei vendo seu sorriso malicioso.
_pode abusar de mim... Principalmente do meu corpinho! – gabou-se – ei, que tal sairmos daqui, han? Uma sorveteria não e o lugar adequado para uma conversas dessas!
_hamburgueria? – sugeri esperançosa. Devia ter acordado com o espirito de gordo hoje, era a única coisa que explicava.
_hamburgueria!
Saímos dali e não pude deixar de invejar sua BMW preta, com design mais arrochado e uma pegada mais resistente; mas não era artigo de luxo, era puramente necessidade, afinal ele e Megan, viajavam pelo país inteiro. O segui do meu carro, e fomos para uma churrascaria/hamburgueria que ficava no centro, famosa por suas guloseimas. Durante o caminho, Cris deve ter avisado a irmã, pois assim que chegamos, ela nos aguardava, com um rapaz, muito lindo por sinal, acompanhando-a.
Megan e Cristian eram extremamente parecidos, apesar de não serem gêmeos, ambos tinham cabelo castanho claro, olhos verdes gatiados, mas a diferença de tamanho era visível. Megan tinha mais ou menos o meu tamanho, já Cris e o companheiro de Megan, em absurdamente altos. Estacionei o carro e desci, a maluca veio correndo e me agarrou!
__VIADA!! – gritou atraindo a atenção de quase todos as pessoas que passavam na rua, não negando seu jeito escandaloso e destrambelhado – cadê make fofis? Desistiu de ser normal e partiu pro mundo dos corajosos... Você fica até comestível assim!
_Megera tu não presta viada! – respondi, desgrudando-a de mim – não vai me apresentar o bofe? – provoquei, e ela sorriu.
_Marcons Dione, meu bebê! – declarou completamente boba, soando como uma idiota apaixonada – Cristian fica implicando por que ele não é um vampiro! – choramingou – Marcons é um mago legítimo!
_uou, isso é raro... – comentei – e ele é um puta gostoso! – e de fato era. Forte, algo, com os cabelos lisos num corte estilo livre com degrade, sua barba era rala, e aqueles olhos cinzas azulados, eram perigosos.
_tira o olho que é meu! – rebateu me dando um tapa na costa – você fica com o Cris, ele também dá pro gasto! – ofereceu, e rimos com vontade, atraindo mais atenção ainda.
_vamos logo, depois vocês ficam de frescurinha ai! – Cris entrou emburrado na frente.
_Marcons, essa é Amelie Valerian! – ele ergueu uma sobrancelha ao reconhecer-me.
_olá! – falou apertando minha mão.
_e ai! – Megan puxou para dentro, e Cris já havia pegado uma mesa para nós – ei gatinho, você fica tão fofinho quanto ta bravo! – ele estreitou os olhos e sorriu maldoso.
_quero ver você me chamar de fofinho mais tarde! – deixou a promessa no ar, enquanto fazíamos nosso pedido. Esperava que ele cumprisse as ameaças que estavam implícitas nas entrelinhas.
Cristian fora meu primeiro amor, namoramos escondidos, e ele foi meu primeiro. Meu primeiro beijo, meu primeiro banho de gato, e meu primeiro homem, mas todas as vezes que ficamos juntos, mal chegaram perto de me fazer delirar como o Dragomir cretino fez.
Suspirei ao ver que meus pensamentos, voltavam para ele sem qualquer esforço.
Eu estava muito ferrada.Hey pandinhas, surgiu um amor do passado, será que isso vai afetar nosso badboy sem sentimentos? Ou será que Amelie vai ficar dividida entre o sentimento por Cristian e o relacionamento bizarro com Ra's?
Deixem a estrelinha e comentem!!!
Bjs
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A Cabeça do Dragão - Série IMORTAIS - Livro 5 (final)
FantasíaImortais destinados a grandes feitos irreconhecidos à margem da sociedade! Divididos numa linha ténue entre o mundo humano e o sobrenatural. Ra's Desde pequeno fora sempre muito entendido, obedecia meus pais sem questionar e nutria uma profunda admi...