Bônus I

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_sabe Ra’s, as coisas são bastante simples para quem tem objetivos como nós! Não somos como as pessoas comuns que nascem aleatoriamente, fazem coisas sem sentido, vivem uma vida sem proposito e morrem do mesmo modo que nasceram, sem nada! – Daisuke comentou, enquanto caminhávamos pelos corredores. Aquilo era comum para nós.

_você diz que são diferentes, mas como? Explique para mim! – pedi com a voz firme.

_oh, sim! É claro! – ele aproximou-se de uma porta qualquer e a abriu, convidando-me a entrar.

O local era abafado, cheirava a café forte e cigarro de má qualidade, havia algumas garrafas de bebida espalhadas pelo local, em cima de alguns papeis e outras jogadas em um canto. Nas paredes haviam mapas e inscrições que não reconheci a principio, era capaz de perceber a ausência de qualquer tecnologia ali. Havia no centro da sala uma enorme mesa oval, com inúmeros mapas e papeis, pastas e uma variedade de bonequinhos e tanques, todos com significados importantes. A suástica (“condutora do bem estar”) estava presente como timbre desses papeis, bastou apenas olhar para fora para saber onde estávamos.
Campo de Concentração de Auschwitz – Polônia – e na porta da sala onde estávamos tinha alguma referencia ao Terceiro Reich.

_campos de concentração de judeus? Estamos em que ano? – indaguei.

_o tempo não é importante! – enfatizou – o que quero lhe é mostrar é o quadro geral! Acompanhe-me!

Ele nos guiou para fora da sala, transitando normalmente por entre os soldados e as vilas de judeus que eram movidos de um lugar para o outro. Era dia, então haviam muitos deles que estavam tomando sol.

_primeiro os nazistas! – começou apontando para os soldados – eram pessoas sem nenhum proposito! Vivendo atoa, sem um proposito! E então Hitler chega com seu idealismo, e para quem não tem nada na cabeça, e tem um ego exaltado, aceita cegamente aquele idealismo como verdade absoluta! Enquadrando-se como “superior” para ser alguém, para fazer alguma coisa! Você entende?

_sim! Continue!

_ótimo! Agora os Judeus, veja! Eles são apenas a coincidência infeliz, de serem o alvo dessa idealogia tosca de “superioridade da raça branca”! De um modo geral, eles não tem um proposito histórico ou alguma coisa do tipo, você sabe que eles serão lembrados por terem sofrido e apenas isso! O sofrimento deles não teve um proposito real, foi apenas o fato de que os alemães se aproveitaram deles como povo mais fraco! Apenas isso!

_acho que percebo a diferença! – comentei – os nazistas, apesar de terem feito coisas ruins, sempre serão lembrados e conquistaram seu lugar na história! E as ações deles geraram consequências no futuro, e ainda deixaram descendentes dessa ideia!

_sim! Os neo nazistas! – revirou os olhos – pessoas que não conseguem ver que o tempo desses idiotas já passou! Sua ideia não esta errada, mas você ainda esta preso a dogmas! Perceba, não é o “bem” ou o “mau”, e sim o que você faz pelo que você quer! São as ações! Bem e mal, são coisas determinadas pelos homens! Mate o homem que matou uma criança, você fará um bem para a humanidade, mate alguém acidentalmente, você é o mal da humanidade! Mate alguém para sobreviver, você é a vitima, mate um homem por vingança, por uma briga, você é um idiota! Entende? São conceitos humanos ridículos!

_não devemos nos prender a eles? – indaguei e ele assentiu.

_exatamente! – concluiu – nós, diferentes deles, nascemos com um objetivo! Nós não somos humanos e não devemos nos ater aos conceitos humanos! Somos o que fazemos, temos o que queremos e conquistamos o nosso lugar na história! Nós podemos mudar o mundo, e sem sairmos das sombras! Podemos falar o que fazer as pessoas certas, influenciar as coisas que podem acontecer, moldar o que ainda esta sem molde...

_e como você sabe que isso funciona? Que o seu idealismo funciona? Que não é apenas mais um idealismo apenas? – indaguei erguendo uma sobrancelha.

_boa pergunta! – ele sorriu maldoso, e seus olhos bicolores brilharam quando ele retornou o olhar aos nazistas – quando soprei no ouvido de Hitler que ele deveria iniciar uma revolução, para que a raça superior liderada por ele, dominasse o mundo, não imaginei que ele usaria de poderio militar para isso! Haviam muitas formas de se alcançar um mesmo resultado, mas ele sempre foi bem radical! – deu de ombros.

Retornamos ao corredor, enquanto aquela informação rodava em minha mente. Aquilo permaneceria ali por um longo tempo.

_agora Ra’s, é a sua vez! – ele virou-se para mim – de fazer o mundo se curvar...

_eu já tenho meu lugar! – rebati – é o suficiente para mim!

_não quando lhe tirarem aquilo que você ama... Ou quando o perigo for iminente... Você não terá escolha! O mal em você falará mais forte, e ai sim, você vai começar a cumprir o seu destino!

_RA’S! – senti meu rosto arder e tudo se desfazer em minha frente, como se eu estivesse sendo arrebatado por um F7 – você esta sonhando!

_Ellie? – a encarei confuso, encontrando-a sentada em meu abdomem, com minha foice em meu pescoço, e com a outra mão sentou outro tapa em mim – ai! – resmunguei.

_que porra você tava falando ai? – indagou – era alemão, reconheço isso! E o quarto começou a ficar escuro e sufocante!

__o que... – ainda estava confuso – não vou nos matar, por favor, pode tirar a foice do meu pescoço?

_não sei se estou afim, no momento...

Passamos alguns minutos nos encarando. Aquilo tinha sido apenas um sonho, a cada segundo que encarava Amellie, sabia que tudo não tinha passado de um sonho. Algo que não iria acontecer. Eu não permitiria que acontecesse, o que estava em mim, permaneceria adormecido para sempre, embora as possibilidades de que algo viesse acontecer a Amellie...

_você esta fazendo de novo... – ela forçou a foice em minha garganta e eu fechei os olhos e respirei fundo – devo me preocupar em matar você?

_e deixar nosso filho sem um pai? – brinquei e coloquei uma das mãos, na pequena protuberância na barriga dela.

_o pai dele quase nos matou! – rebateu.

_eu jamais faria algo a vocês! – murmurei – você sabe, Ellie... Eu não sou capaz...

__eu sei! – senti a lamina fria sair do meu pescoço, e pude me sentar, com minha esposa em meu colo – o que houve?

_coisas ruins, que eu não quero que o bebê ouça! – escondi o rosto do pescoço dela, e inalei o seu cheiro natural, sentindo-a estremecer.

_Ra’s...

_foi um pesadelo, com meu avô! – resumi – apenas um lembrete do que eu sou e do que sou capaz!

_algo ruim vai acontecer? – indagou.

_nada que você não seja capaz de deter ou matar! – ela sorriu e eu a acompanhei.

Nos empurrei na cama, e a apertei contra meu corpo, envolvendo-a, mantendo-os seguro, de todo e qualquer mal! Esse era o meu dever, proteger minha família de todo mal, a qualquer custo; Nem que para isso eu tivesse que colocar o mundo de joelho aos meus pés.

Continua...

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A Cabeça do Dragão  - Série IMORTAIS - Livro 5 (final)Onde histórias criam vida. Descubra agora