As coisas tinham ficado completamente fora de controle. Tinham nos levado para a mansão e nos mantido ali, no “escuro”, sem qualquer informação. Era quase como um pesadelo, não conseguia acreditar que realmente tinha feito aquilo, pois minha mente estava completamente em branco. Meu pai, tio Damon e tio Draco, estavam bastante tensos; minha tia Safira tentava consolar Sansara, que estava visivelmente em conflito, entre amparar Ariane, ou sofrer por seu primogênito, que estava em sabe se lá qual estado. Arlekin havia chegado, servindo-nos uma pequena dose de uma bebida estranha.
_bebam! – ordenou – irá cortar o efeito da espada sobre vocês! – falou por fim, sumindo em seguida. Bebi aquele liquido transparente e fiquei quietinha no meu canto.
Enzo entrou na sala transtornado, Anya correu para próximo do irmão, puxando-o para um canto, enquanto ele resmungava e bufava, pareciam conversar mentalmente, e ela lhe segurava pelos braços, mantendo-o perto de si. Ele olhou para Ariane, rosnando, e foi em direção a Sansara, abraçando-a e levando a mesma dali junto com Anya. Estávamos todas sentadas no sofá, umas ao lado das outras, sendo duramente vigiadas, e as coisas ficaram ainda mais tensas quando Caleb entrou na mansão.
_e então? – tio Damon perguntou.
_ainda não sabemos! – respondeu suspirando – a noite foi longa... Ficou claro que elas não tem culpa disso, por favor, só vamos esquecer! – comentou e respirou fundo – Cam não voltará tão cedo, podem ficar tranquilos!
_sinto muito por isso... – tio Draco comentou solidário.
_eu sinto ainda mais! – falou lançando um olhar pesado em direção a Ariane, que chorava encolhida – venha Laguertta! – esperou ela levantar e se aproximar dele, que passou a mão por seu ombro – desculpe o transtorno, Damon!
_seu infortúnio é o nosso infortúnio! – falou complacente – vou atrás de Cam!
_por favor! – Caleb respondeu já conduzindo Ariane escada acima.
_todos para a cama! – meu pai declarou impassível e sem esperar ninguém, marchou para seu quarto, minha mãe o acompanhou de cabeça baixa: ele estava irritado, talvez por sua proximidade com Sansara, afinal ele a abrigou quando ela fugiu da Rússia gravida.
Fui para meu quarto, sem sentir o chão embaixo das minhas pernas, sentindo um aperto no peito, um vazio imenso. Não sabia que a ausência daquele cretino me deixaria assim. Eu fazia um esforço descomunal tentando lembrar o que tinha acontecido, o que eu tinha feito a ele, mas não vinha nada em minha mente. Apenas a lembrança de Ariane me escorando no corredor, e depois disso de estar sendo segurada sem nenhuma gentileza por tio Damon.
Assim que entrei no quarto, fitei meu reflexo no espelho... Suja de sangue. Sangue do homem que supostamente seria meu marido.
Sangue da minha família.
4 meses depois
Eu ainda via minhas mãos sujas de sangue. Cambriel insistiu para que não fosse mudado nenhum dos planos já programados, e com isso o casamento de Anya e Jacob foi uma festa surreal. Os convidados eram mistos, humanos, vampiros, fadas, elfos, alquimistas e uma infinita variedade de raças, todas felicitando o casamento da princesa Valerian, solidificando ainda mais a força da nossa família. Estávamos praticamente declarando guerra aos nossos inimigos, formando alianças poderosas. A esperança de todos, era que nos separássemos, buscando alianças com outras raças, e assim diluindo nossa solidez familiar, porém as coisas não saíram como eles planejavam, e já vinham outros casamentos em vista. Arlekin estava definitivamente empolgado para prender Jace com uma aliança, Ella estava de namorinho com Raphael, um sujeito extremamente educado e recatado, contrastando explicitamente com minha prima que era, na melhor descrição, completamente doida, tipo total fora da casinha; e o casamento deles também já era uma hipótese em discussão. Enzo acabou se aproximando um pouco de Ariane, mas o clima sempre era estranho, pois ele tinha notícias de Ra’s, mas não diria a ela de jeito nenhum, na verdade o maldito não dizia nada a ninguém, reportava-se única e exclusivamente ao seu pai e a Caleb, e Ariane desejava mais que tudo saber que não tinha sido responsável pela morte do irmão.
Já o meu casamento com Ra’s era uma incógnita, pois sequer sabíamos se ele estava vivo, portanto, chegaram à conclusão de que, se ele estava vivo, me casaria com ele, se não estivesse, estaria livre daquele matrimonio. Uma parte de mim desejava ardentemente que ele estivesse morto, pra eu me livrar do encosto, porem a outra parte, xingava-me culpando a mim por toda aquela merda. Eu queria mata-lo, mas agora que o tinha feito, ou não, estava me remoendo de culpa e pesar.
Nesse meio tempo, a propriedade sofreu algumas mudanças, como por exemplo, a implantação de um complexo, com três sedes, ligadas por corredores, mas com seus centros independentes. Tinha um formato triangular, três andares, bastante área aberta, para abrigar mais de 3 mil pessoas, era descomunalmente enorme.
Uma fortaleza pronta para resistir a qualquer ataque. Arlekin abriu um portal permanente em uma das sedes, para o reino das fadas, mudando-se assim para lá com Jace, Jacob e Anya. Os Dragomir ficaram no canto leste, e nós com a sede oeste. Qualquer pessoa que olhasse, diria que estávamos sendo estupidos, por estarmos todos reunidos, afinal, passamos milhares de anos separados, para garantir nossa sobrevivência e agora nos reuníamos num mesmo lugar, no entanto isso era uma estratégia bolada pelos líderes da família, para atrair e aniquilar qualquer inimigo que viesse.
Terminei minha seção de flexões, suspirando, Arthur tinha desaparecido dos treinos, mas eu permaneci com a mesma rotina. Escutei vozes alteradas dentro do complexo e corri para ver o que era, com o clima tenso, qualquer coisa era motivo para estarmos em alerta, mas qual foi minha surpresa, quando encontrei uma cabeleira ruiva, num corpo pequeno e esguio tagarelando com Ariane.
_você? – olhei para a peguete de Ra’s, que virou para me olhar momentaneamente, e voltou-se para Ariane, ignorando-me com sucesso. Se a puta estava ali, significava que... – onde ele está? – indaguei.
_bem longe das suas garras! – a putiane respondeu audaciosa e virou-se novamente para mim – ola, Amelie! – me cumprimentou acida – eu vim apenas para informar que estamos perfeitamente bem, e que por hora, não vamos ficar por aqui! você sabe... Precisamos de privacidade!
_mas o que? – balbuciei incrédula – depois de meses, ele manda o buraquinho de foda avisar a família que ele está bem? – sorri sentindo meu humor ir de “irritada” para “modo assassina”.
_sim, e isso não inclui você! – desdenhou e sorriu – vim avisar Laguertta, Caleb, Sansara, Damon e Enzo, apenas! – deu de ombros – no entanto, você ouviu por acaso...
_acaso... – gargalhei irônica – você ta se achando demais, não é garota? – ela estreitou os olhos e me peitou, aproximando-se.
_você pode ter esquecido o que fez, mas eu lembro perfeitamente! – cuspiu as palavras – Ra’s lembra, e faz questão de manter na memória cada gotinha de sangue que você tirou dele!
_eu não estava em mim... – ela interrompeu-me.
_não muda o fato de que você quase o matou! – rebateu subindo sua voz algumas oitavas – e então, acha que depois do que fez, ele daria alguma satisfação para você? Acorda garota! Você não é essa Coca-Cola toda não! - cerrei os punhos.
_eu arrebento tua cara, vadia, é melhor baixar a bola! – rosnei e ela riu, venenosa.
_você é só garganta... Não sei o que ele viu em você... – avaliou-me de cima a baixo, dando dois passos para trás, e exibindo uma expressão de nojo – sem sal...
_já chega! – Ariane tentou intervir.
_fica na sua garota! – a putiane a cortou fora da situação – você já fez merda o suficiente para ter alguma moral, então fica quietinha no teu canto! Já você... – sorriu novamente – pare de se achar tanto... Ra’s está pensando em desistir dessa baboseira de casar com você... Com certeza, achou coisa melhor!
_já chega, Aria! – Sansara surgiu de algum lugar – já deu o recado que tinha que dar, está na hora de ir!
_você tem razão! – concordou – Ra’s e eu, temos coisas importantes para fazer – piscou e saiu rebolando fora a porta.
Rosnei furiosa, e chutei a mesa mais próxima, quebrando-a em dois.
_mas que filha da puta! – resmunguei.
_de fato, um pouco desagradável... – Sansara suspirou, parecendo exausta – é a cara dele! – seguiu rumo aos corredores.
_seu irmão é um cretino, desgraçado! – falei para Ariane – deveria ter morrido, mas nem pra isso, aquela merda serve!
_não diga isso! – rebateu incomodada – eu não suportaria viver sem aquele idiota, mesmo ele sendo tão... Ele! – revirou os olhos – não poderia suportar saber que ele morreu por minhas mãos!
_pois o que eu mais quero agora, é matar aquele maldito com as minhas próprias mãos! – falei por mim, marchando rumo ao meu quarto.
4 meses de remorso, evaporaram em 4 minutos. Pensaria numa nova maneira de me livrar da putiane e agora, do desgraçado ainda vivo.Desculpem a demora, eu entrei na bad e não conseguia fazer um inicio descente para essa segunda fase, mas finalmente consegui!
Mil perdões!
As postagens serão as segundas e sextas apenas, pretendo postar 2 capítulos de cada vez!
Porque eu ando extremamente ocupada e so tenho tempo de escrever pela madrugada, que é a única hora que tenho pra descansar também! Rsrs
Não desistam de mim, voltei com ideias novas e mirabolantes! Rsrs
Bjinhos meus Pandinhas.
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A Cabeça do Dragão - Série IMORTAIS - Livro 5 (final)
FantasyImortais destinados a grandes feitos irreconhecidos à margem da sociedade! Divididos numa linha ténue entre o mundo humano e o sobrenatural. Ra's Desde pequeno fora sempre muito entendido, obedecia meus pais sem questionar e nutria uma profunda admi...