As coisas estavam transcorrendo com certa calmaria, e eu não desejava que fosse diferente. Ainda tínhamos nossos problemas, e alguns inimigos, porém não os mais perigosos, ou capazes de representar qualquer ameaça genuína. Após deixar a mansão, Damon e Draco saíram em missão de execução, ir atrás da família Donalds, para não deixar rastros daquela linhagem sobre a terra.
Esse era o lado mais sombrio do nosso ser, não tínhamos medo ou receio de matar quem quer que fosse pelos nossos familiares, pelo sangue de nosso sangue, por aquilo que nós acreditávamos.
Sentar-me no corredor do tempo e observar aos acontecimentos era uma tarefa de extrema reflexão, pois não tinha nada mais importante do que aquilo; deter um ou dois engraçadinhos que tentavam ir além de seu tempo, esconder artefatos que o próprio tempo deixou espalhado pela terra no momento de sua construção, para que os curiosos não adentrassem aqueles corredores e brincassem com forças que estavam acima de sua capacidade de compreensão.
Entre uma ou duas tarefas, mantinha um olho fixo em meu próprio tempo, sentindo meu corpo receber as transformações que seriam bem-vindas, mas uma coisa não mudou, meu olho machucado, continuava, machucado. Eu me perguntava a todos os momentos que tipo de poder ela possuía, alguma força oculta, dom, ou se era simplesmente seu amor de mãe falando mais alto, seu instinto lhe mandando defender sua cria, mesmo pondo em perigo seu outro filho, ainda em seu ventre. Jamais faria mal algum a ela, porém em uma escala de predadores perigosos... Eu ainda estava no topo. A cicatriz em meu rosto era grande, dois rasgos na vertical, perfurando minha retina, a qual deixei de usar para transformá-la numa fonte de poder armazenado. Se pretendia me manter no controle, precisava controlar todo aquele poder, e aquelas vozes dentro da minha cabeça, e o assassino que havia em mim, que clamava por sangue, dia e noite, noite e dia.
Sorri pensando se Amelie me acharia charmoso usando uma mascara que tapava meu olho. Deixei a franja crescer e tapar um pouco do meu novo acessório, imaginando a reação de Amelie ao ver-me com uma juba daquelas.
Parava para fazer uma reflexão sobre como as coisas tinham se dado até ali, notando que o tempo já havia tramado todas as trilhas por qual meus pés pisariam; eu não tinha sido nada além de uma peça nas engrenagens do destino, fazendo com que uma parte dela funcionasse de acordo com o que já havia sido traçado.
Tudo havia se encaixado perfeitamente desde o inicio...
Meu pai encontrando minha mãe, que no futuro seria peça chave para fazer Damon e Draco acreditarem em Safira, que era irmã caçula de Arlekin, que iria finalmente conseguir o coração de Jhonatan durante a jornada dos Collins para me ajudar, no período de 2 dias durante o casamento das Bennet, que dariam seguimento a linhagem Valerian, gerando minha Amelie, Ella para Raphael, o protegido do rei das fadas, Anya e Enzo, este ultimo sendo meu fiel amigo, e sua irmã para ser desposada por Jacob, irmão de Jhonatan. Até mesmo o meu nascimento e o de minha irmã era premeditado, ela para ser companheira de Enzo, e eu para impedir Arthur de destruir nossa familia, ao sermos todos emboscados pela genitora de todo nosso clã, e pelo seu primogênito escondido de todos.
Conseguia ver o quadro geral, que antes me era mostrado apenas por partes, que agora, porém, estava claro como a água. Nada tinha sido feito por acaso, e todas as curvas da vida nos levariam a aquele exato momento.
Um exemplo claro disso, fora a visão com a qual fui presenteado há poucas horas:
Haviam duas crianças brincando numa clareira, um menino com cabelos lisos e negros, completamente risonho, vestido com uma bermuda preta e camisa cinza, descalço, ele rolava por sobre um outro menino menor, ruivo, que usava uma camisa vermelho sangue de capuz, o qual estava sobre sua cabeça, e calça azul escura, e igualmente descalço. Os dois riam e corriam, numa velocidade que somente um vampiro poderia correr, desviando as arvores, lutando com dois gravetos, como espadas afiadas. O que usava capuz, conseguiu derrubar o graveto do maior que irritou-se._eu sou seu tio! – argumentou – você tem que me deixar ganhar as vezes, cabelo de fogo! – mostrou a língua e o outro riu.
Então Dante surgia na floresta, e o garoto de cabelos cor de ébano, corria para ele, gritando alegre.
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A Cabeça do Dragão - Série IMORTAIS - Livro 5 (final)
FantasiaImortais destinados a grandes feitos irreconhecidos à margem da sociedade! Divididos numa linha ténue entre o mundo humano e o sobrenatural. Ra's Desde pequeno fora sempre muito entendido, obedecia meus pais sem questionar e nutria uma profunda admi...