Não sou perfeito, longe disso, estou mais perto da imperfeição do que todos, pois sou estupidamente lindo, insignificantemente inteligente, tão fraco por possuir um poder descomunal e sem qualquer sabedoria, mesmo possuindo tamanha inteligência. Eu não era nada, eu não era ninguém, tudo o que me restava era meu fardo: ser Ra’s, o herdeiro do tempo.
Tinha acabado de completar 16 anos, juntamente com minha irmã, e por isso, iriamos todos para Londres, visitar os primos de meu pai e seus filhos. Surpreendo-me por serem todas mulheres, há apenas um homem, Enzo, filho primogênito de Damon, o líder da família.
A viagem estava fadada ao estresse, uma vez que haveriam muitas meninas escandalosas reunidas num lugar só, e elas eram má influencia para minha irmã, que tola, criava-se mimada por meu tio! Minha vontade é de aprisiona-la num quarto eternamente, para que aprenda bons modos, mas ela preferia ficar com seus namorinhos escondidos na escola, mandando cartinhas para seus “namoradinhos”; os espanquei um a um, e o farei até quando não puder mais fazer, esses humanos de merda, seres inferiores.
Desta ultima vez, estava de casinho com um marmanjo universitário, bati nele e nela. Tinha tido um dia difícil de treinamento, e estava irritado com meu progresso limitado por conta da minha idade, e quando volto ao meu tempo, encontro minha irmã praticamente transando com um marmanjo atrás do prédio da escola. Eu só queria tirar sangue daquele moleque e da estupida de minha irmã, que fora mimada desde sempre, e por isso era tao tola e inconsequente. Como consequência de meus atos acabei sendo nocauteado completamente por meu pai, ele também não estava tendo um dia muito bom, e somando isso ao meu estado de espirito, aos seus problemas, a situação que eu gerei, ele acabou explodindo.
Fiquei um tanto machucado e por conta disso, adiaram a viagem por uma semana, e mesmo depois de uma semana, ainda me sentia um trapo; fraco e desnorteado. Estava tendo súbitos sangramentos nasais e pelos ouvidos, preocupando meu pai, que ajudou-me a entrar no jato e desceu para acertar os últimos detalhes com os pilotos, minha mãe e minha estupida irmã entraram em seguida, levando meu humor ao inferno. Estava saturado das infantilidades de ambas.
_Ra’s! – minha mãe repreendeu-me – não me olhe assim! – falou quando a olhei indiferente após um breve período de meditação.
_quando ela aparecer gravida, com a vida estragada, por causa dos seus mimos, não vá reclamar ao meu pai! – respondi sem me importar – ambos receberam o que mereciam!
_você não pode sair batendo em todo mundo! – minha mãe rebateu.
_tem sorte de eu não poder mata-lo! – resmunguei – de fato há outros métodos para me vingar daquele verme, mas minha pouca idade não me permite usar da influência necessária! Porém volto a dizer: ambos tiveram o que mereceram! – olhei de canto de olho para Ariane que queria fuzilar-me com os olhos.
_você é um idiota! – minha irmã falou, ainda magoada por teu ter espancado a ela e seu namoradinho besta da escola.
_e você é uma tola inconsequente! – rosnei – aquele merda estava passando a mão na sua bunda, apertando você, como se você fosse um pedaço de carne! Não tem respeito com seu próprio corpo, Ariane, você é uma vergonha para mim!
_Ra’s! – minha mãe interviu novamente – não diga isso a sua irmã!
_isso é culpa sua! – falei duro olhando para minha mãe – ela é assim porque você passa muito a mão na cabeça dela! Este mundo esta mergulhado na maldade, não há essa merda de inocência, pessoas são más, fazem o mal porque querem/gostam! Até parece que você não aprendeu com seus anos de tortura... – ela interrompeu-me com um tapa no rosto, fazendo-me olhar para o lado – isso não é nada! Nenhuma dor se compara a dor que esse mundo pode causar a pessoas estupidas e ingênuas que se deixam manipular por oportunistas, como minha tola irmã!
_agora já chega! – meu pai falou entrando no jato e sentando-se ao lado de minha mãe – peça desculpas a sua mãe!
_não vou me desculpar por falar a verdade! – respondi encarando-o sério – você sabe que eu tenho razão!
_de fato você tem razão, mas não pode falar assim com sua mãe! – falou – portanto, desculpe-se!
_me desculpe! – pedi e ela apenas sorriu.
_seu irmão esta certo, Ariane, você é muito nova para esse tipo de coisa! – meu tio Caleb falou – haverá um tempo em que você poderá namorar sem ter que ficar se escondendo, não é certo!
_Ra’s também faz coisas escondido! – minha irmã falou.
_e o que ele faz? – minha mãe perguntou.
_ele fica na biblioteca todas as noites lendo aqueles livros velhos de magia, as vezes sai com vovô Arthur sem falar nada! Liga para Jace para falar de magia, e fica desenhado aqueles círculos que os Collins usam na alquimia! – falou tudo rapidamente.
_conhecimento é poder, menina tola! – rebati dando de ombros.
_você sai com Arthur, Ra’s? – minha mãe perguntou.
_sim! – respondi simplesmente – há coisas nos corredores do tempo que eu peço que ele me mostre, e tenho aprendido a andar pelo tempo!
_você não pode fazer isso! – ela falou.
_você não pode me impedir de crescer, evoluir e adquirir poder! Eu sou o guardião da família, não protegerei ninguém se for fraco, se tiver uma mente fraca! Serei mais forte que Damon, mais forte que meu pai e meu avô! Você pode ate tentar me proteger do mundo, mas não de mim mesmo; não pode impedir a dor e o sofrimento que estou fadado a ter!
_você é apenas uma criança, meu filho... – tentou ponderar, mas a cortei.
_e a cada dia estou crescendo, o tempo esta passando e jamais irá parar de correr, por causa da sua super proteção! – rebati – não serei negligente, tolo e manipulável, não serei fraco e medíocre como minha irmã!
_eu não sou medíocre! – Ariane tentou me dar um tapa, porém a mantive sentada na poltrona – ei! Me solta!
_você sequer sabe o significado de medíocre! – resmunguei.
_meu filho... – meu pai suspirou – nada do que disse esta errado, de fato você esta fadado a dor e sofrimento, mas não apenas a isso! Hoje você ainda é novo, por mais que sobre conhecimento, ainda lhe falta tato, força física... possui poderes incríveis agora, e será muito mais, porém não deixe que isso o consuma, e o corrompa! Deve haver equilíbrio, por isso somos fortes, pois temos equilíbrio! Como o seu tempo esta passando, aproveite este único momento, pois por mais que possas voltar ao tempo, jamais poderá reviver na pele este dia!
_tudo bem! – respondi por fim, atendendo ao conselho de meu pai.
_sua irmã irá rever seus comportamentos! – Caleb falou lançando um olhar de advertência para a filha, que sentou-se emburrada – sei que só deseja o bem dela!
_mas ela não facilita... – resmunguei estressado.
_mas não deixe que isso estrague seu humor! – o olhei quase sorrindo, tio Caleb era uma piada – fazem apenas 5 anos desde que nasceram, assim como seus primos, você irá gostar de Enzo, o pobre coitado sofre por ser o único homem, numa casa com três mulheres!
_posso imaginar o tipo de sofrimento daquela pobre alma... – murmurei comigo mesmo.
Tinha vagas lembranças da mansão Valerian, de nossos parentes. O único com quem tinha mais afinidade eram com os irmãos Collins, os alquimistas, Arthur sempre pedia a ele para que me ensinassem a arte da transformação da matéria, e assim eles o fizeram, quem questionar nada. Gostava do jeito centrado de Jacob, porém o mais forte dos irmãos era Jhonatan, e a fonte de seu poder ainda me intrigava; pelo que entendo, ele era movido por fortes emoções, quanto maior sua emoção/força de vontade sua capacidade de manipulação aumenta espantosamente. Sem falar que para ser companheiro assumido do rei das fadas, era preciso ter cacife pra sustentar o posto, nada contra sua opção sexual, toda forma de amor é valida, até as mais sombrias.
Recentemente Arthur estava sumido, vinha me visitar poucas vezes, já Daisuke era uma visita secreta constante, sempre abria portas no tempo para que eu pudesse ir ao seu encontro. Creio que talvez esse seja o motivo para o sumiço de Arthur, infelizmente não entendo qual a relação entre eles, como pai e filho, mas isso não era de todo importante, e muito menos uma prioridade.
Olhei novamente para minha irmã, amaldiçoando-a mentalmente. Menina tola! Fazendo-me perder a cabeça por conta de suas atitudes ridículas e infantis, em parte a culpa é minha, sou incapaz de controlar minha raiva, assim como minhas palavras, por mais que tente, é mais forte que eu. O instinto que me domina, faz meu sangue ferver em minhas veias, sinto como se todo meu corpo estivesse tomado por uma energia que surgia inexplicavelmente, talvez fossem apenas níveis altos de adrenalina, entretanto eu sentia algo crescendo dentro de mim.
_Ra’s! – meu pai chamou-me, fazendo com que eu o olhasse – há algo errado? – perguntou fitando-me.
Só então reparei que estava tencionando cada musculo do meu corpo, e havia amassado o encosto para os braços da poltrona. Suspirei ainda mais irritado, ao sentir o sangue escorrer por meu nariz, limpei-o.
_desculpe! Não há nada de errado! – meu pai apenas assentiu, porem continuou a me observar com atenção.
Aquela viagem seria longa, e minha cabeça estava fervendo com tantas informações e especulações. Pouca idade não é sinônimo de falta de sabedoria ou de justificativa para ações impensadas. Apenas pessoas fracas pensam assim. Durante todo o resto da viagem, cruzei os braços e encostei a cabeça na poltrona, permitindo-me pensar com calma, respirando fundo, apreciando os breves momentos de silencio que teríamos, antes de descer em Londres e tudo virar um pandemônio.
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A Cabeça do Dragão - Série IMORTAIS - Livro 5 (final)
FantasíaImortais destinados a grandes feitos irreconhecidos à margem da sociedade! Divididos numa linha ténue entre o mundo humano e o sobrenatural. Ra's Desde pequeno fora sempre muito entendido, obedecia meus pais sem questionar e nutria uma profunda admi...