O casamento de Anya e Jacob era o pretexto perfeito para atacar, e eu esperaria satisfeito a investida do inimigo. Na manhã seguinte, acabei encontrando com Amelie na sala, e trocamos algumas poucas e inoportunas palavras, sabia que com o crescimento em pouco tempo, ela amadureceria e se tornaria uma dor de cabeça ainda maior, talvez tivesse que afastá-la do meu caminho por enquanto. Passei o dia perdendo meu tempo, tentando ensinar algo de útil para a outra metade de minha alma, que parecia estupida demais e não aprendia porra nenhuma. Me livraria dela também, a colocaria em uma ilusão e a prenderia num Banker, e o problema estaria resolvido.
A primeira fase do plano estava concluída: já tinha separado a todos, assim dificultaria o ataque de todos ao mesmo tempo; agora vinha a parte mais complicada, bloquear as passagens de tempo por toda a cidade, em qualquer direção que os deixassem em perigo, e por isso mesmo eu estava no corredor do tempo, trancando todas as portas. Não queria nenhuma interferência, deixaria apenas as portas certas abertas, eu a traria para dentro da minha armadilha e a mataria.
Anelise.
E pensar que o sangue do meu sangue é o responsável por isso, mas Daisuke foi tolo em não se garantir da morte dela, afinal ele apenas a viu morta e a deixou apodrecer, partindo em seguida, sequer esquartejou-a ou queimou seus restos, unicamente por precaução. Ele foi prepotente e descuidado, e agora nós estávamos pagando por seus erros
Com todos fora da mansão e a salvo tratei de preparar a armadilha, eu sabia que ela não viria só, não depois da ameaça que lhe fiz na noite anterior, chegava a tremer em excitação pela batalha, pensei que sem sentimentos, não fosse capaz de sentir nada; mas eu sentia: sede de sangue, e o desejo ardente de causar dor e sofrimento. Excitava-me ao extremo esses instintos predatórios e em breve eu estaria me banhando em sangue e morte.
Depois de fechar todas as brechas e atalhos no tempo, deixei apenas as que levavam direto para a mansão, pois iria travar ali uma batalha épica. Com todos fora, aguardei Anelise, e senti as pequenas ondulações no tempo quando ela chegou, achando que eu não a aguardava.
_ora, ora... Pensou que eu não cumpriria minha palavra? – perguntei seco e ganhei sua atenção imediata – eu disse que esperaria você!
_você é muito abusado para uma criança! – falou prepotente e eu dei de ombros.
_é a genética... – rebati.
_eu vi o que você fez... Mas nada vai adiantar! – declarou triunfante – depois de matar você, seu bastardo arrogante, vou atrás do resto dessa família imunda!
_eu gosto do seu plano! – comentei – de verdade, iria me poupar muito trabalho, você sabe... Eles são como filhos, e como pai, tenho que cuidar de cada um deles! E isso dá muito trabalho, e eu sou a favor que todos morram... – ela arregalou os olhos parecendo surpresa – só tem um pequenino problema...
_e qual seria? – perguntou curiosa.
_eu sou um pai extremamente competente! – falei dando de ombros – e aqueles idiotas vão permanecer vivos, até que eu morra!
_posso providenciar isso para você! – falou desembainhando sua espada.
_você pode tentar! – ela sorriu e sussurrou algo perto da lamina da espada.
_vou acabar com essa sua arrogância seu bastardo de merda! – rosnou antes de avançar.
Fiquei parado no lugar, enquanto ela manejava a espada para me cortar ao meu, e nem senti quando a lamina passou por mim, cortando-me em dois. Ela parou a alguns passos de mim e sorriu vitoriosa.
_diga que não era só isso? – perguntei tirando a parte de cima da minha camisa, pois a outra metade caiu no chão cortada.
_mas o que? – balbuciou catatônica.
_que decepcionante... – resmunguei e andei até ela, que novamente tentou cortar-me com a lamina, que simplesmente cortou meu braço, mas não fez efeito algum. A segurei pelo pescoço esganando-a – esperava mais de você!
_seu maldito... – resmungou debatendo-se, e começou a perfurar-me com a espada, mas não surtia efeito algum – QUE DEMÔNIO VOCÊ É? – gritou desesperada.
_qual é o gosto do seu sangue, Anelise? – indaguei salivando em expectativa – é tão bom quanto aparenta...
_VOCÊ NÃO OUSARIA... – trazendo-a para mim como uma boneca, virei-a de costas e enfiei minhas presas em seu pescoço com vontade – AHH! MALDITO!! – gritou e no desespero, tentou nos matar enfiando a espada em si, para chegar até mim, mas não deu certo – O QUE VOCÊ FEZ? – lambi seu pescoço apreciando aquele sangue maravilhoso.
_você é realmente deliciosa... – murmurei jogando-a no chão como uma boneca.
Ela rapidamente desenhou algo no chão e colocou a mão em cima, reconheci o conjuro, quando uma onda de fogo nos assolou, mas não nos afetou em nada, e quando ela percebeu isso, arregalou os olhos.
_quando seus amiguinhos vão atacar? – perguntei suspirando – porque se isso é tudo que você pode me oferecer, preciso arrumar uma distração melhor!
_que tipo de monstro você é? – indagou levantando-se.
_achei que com os milhares e milhares de anos de experiência, você teria alguns xingamentos melhores do que “maldito”, “bastardo”, “verme”, “arrogante”, “monstro” ... – resmunguei entediado – e até agora, você só estragou minha camisa, não reclamando, mas ela era bastante confortável!
_filho da puta... – bradou avançando, mas a contive com um tapa no rosto, e tomei a espada de sua mão.
_então foi com essa faquinha que você atacou Daisuke... – ponderei analisando a espada – é um bom espetinho! Vamos ver se corta... – sorri maldoso, mirando suas roupas, e a talhei, com alguns movimentos, deixando-a quase totalmente despida – olha, ela corta mesmo! – debochei – vou ficar com ela para mim! – cravei a espada no chão e a observei, meio pálida, com o sangue escorrendo por seu pescoço – você pode tentar mais alguma coisa, eu deixo...
_ainda não acabou seu merdinha... – balbuciou furiosa – enquanto estamos aqui, o resto de vocês estão sob ataque nesse exato momento! Eu posso até morrer, mas você não saberá a ordem em que os outros morrerão e não poderá fazer porra nenhuma! – bradou sorrindo.
_já que é assim... Vão morrer mesmo... Significando uma suposta derrota... Vou aproveitar o que está em minhas mãos! – falei e a fitei, vendo-a confusa – você sabia que na antiguidade, existia um ritual, muito interessante... – estralei os dedos das mãos.
_o que você vai fazer... – murmurou tentando se afastar de mim.
_tinha algo a ver com tirar a pele da pessoa para a purificação... – ela entendeu meu pensamento e eu sorri, vendo-a correr – oh querida, não torne isso mais excitante para mim, você pode se arrepender depois! – comecei a andar tranquilamente atrás dela. – eu gostaria de tentar fazer esse ritual, apenas por puro prazer do conhecimento, você me entende, não é?
Deixei que ela corresse pela propriedade, conseguindo até entrar no corredor do tempo, mas não havia saída ali, havia caído em uma armadilha perfeita. Olhou-me assustada, quando entrei no ambiente e fechei a porta atrás de mim.
_seja boazinha, e eu não vou te arrebentar inteira! – sorri maldoso me aproximando dela, que ia recuando para o canto daquela sala vazia.
_não... – choramingou percebendo seu fim – NÃO! – gritou tentando correr e passar por mim, mas a segurei firmemente, enquanto ela se debatia – NÃO! NÃO! NÃO! – começou a berrar desesperada.
_você fala demais, porra! – resmunguei pegando a cabeça dela pelos cabelos e socando sua cabeça na parede – Calada! – bati novamente – calada! – e bati de novo, deixando uma marca de sangue na parede, e ela finalmente se calou – boa menina! – joguei-a no chão quatro.
Suspirei tirando o cinto de minha calça, passei a extensão do mesmo pela fivela, fazendo uma amarra, e a coloquei nas mãos daquela cadela, prendendo-a para trás, nas costas. Tateei os bolsos de minha calça até encontrar um pequeno canivete.
_isso vai ajudar! – falei para mim mesmo – fique parada sim, não quero furar você! – agachei-me ao seu lado.
Passei a lamina com cuidado em sua perna exposta, fazendo um retângulo da vertical, enquanto ela me observava atordoada com os olhos arregalados, sorri para ela, quando coloquei as unhas na ferida e puxei delicadamente sua pele, ouvindo-a urrar de dor.
_AHHHHH!!! – debateu-se, mas lhe acertei um soco no pé da orelha, deixando-a ainda mais atortoda.
_veja, funciona! – declarei triunfante – acho que já peguei a manha... – ela choramingou – seja boazinha, sim, pois no momento em que eu tirar toda sua pele, eu mato você! – ela arregalou os olhos em desespero – mas se você não se comportar, tirar sua pele vai ser apenas a primeira das muitas coisas que vou fazer com você!
Levantei o pedaço de pele na altura dos meus olhos, e logo me desinteressei pelo mesmo, jogando-o no chão. Olhei para ela sorrindo, ouvindo-a balbuciar implorando para que eu não fizesse mais nada.
_você deveria ter pensado nisso antes... – suspirei – vamos la! Ainda temos muita pele pra tirar, antes de alcançar sua purificação! – agilmente cortei mais uma extensão de sua pele, dessa vez maior, e a puxei lentamente, enquanto Anelise debatia-se e gritava – estou ficando bom nisso, nenhuma artéria cortada!Observei curioso o novo pedaço de pele em minhas mãos, mas logo o joguei no chão entediado com o mesmo. Ainda tinha muita pele ali, e eu iria me divertir por um tempinho.
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A Cabeça do Dragão - Série IMORTAIS - Livro 5 (final)
FantasyImortais destinados a grandes feitos irreconhecidos à margem da sociedade! Divididos numa linha ténue entre o mundo humano e o sobrenatural. Ra's Desde pequeno fora sempre muito entendido, obedecia meus pais sem questionar e nutria uma profunda admi...