18 Capítulo

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Com o tempo você percebe coisas em pessoas que você nunca imaginou existir. Coisas muitas vezes ruins e às vezes boas.

    O mês passou correndo, dei um tempo da familia Realize, a falsidade me cansa. O único que conversei e sai as vezes foi Gideon, que me levou em restaurantes e eventos. Dediquei mais meu tempo sozinha  dando voltas pela cidade e conseguir comprar a casa perto dos Realize. Como dinheiro não é problema, consegui compra-la. Uma manhã acordei com vontade de ir ver a casa, resolvi pegar meu antigo carro e fui dirigindo até lá, quando parei de frente a grande casa vi que é bastante aconchegante. Tem um belo quintal, a entrada bem sofisticada, com duas estátuas de cristais de leões que creio eu que foi minha decoradora que mandou colocar. Saio do carro e entro na casa, logo na entrada tem uma sala espaçosa, com móveis brancos, uma TV quase tomando uma parede toda, fina com tapete e cortinas brancas com detalhes pretos. Virando para a direita tem um corredor que leva para a cozinha, bem equipada com eletro domésticos cinzas. A direita assim que entra na sala tem outro corredor que leva a sala de jantar que se virar para a direita leva para uma escada, onde existem quartos e banheiro. Voltando pra sala, se seguir a diante, você encontra mais um corredor que leva para a varanda, onde tem um jardim bem grande e florido, com uma enorme piscina com vista para a cidade. Bem do alto. É o tipo de casa que procurava. Saio da casa e volto para meu carro, dirigindo para meu apartamento.

As coisas tem andando muito chatas entre mim e Estêvão. Brigamos mais do que conversamos, eu não tenho paciência com ele e ele não tem comigo. Liguei para William para dizer que queria começar a lutar novamente e fazer as aulas que fazia quando era Sofia - pole dance, Krav manga e musculação - ele disse que luta eu poderia treinar com Estêvão, tentei convence-lo me deixar fazer com outra pessoa, mas ele disse:  "Já que gostam tanto de brigar é o momento de arrebentar um ao outro para relaxar. "

     Quando chego no apartamento vejo que ele não tá, o que é um alívio. Deito-me na cama e fico vendo TV até não querer mais. Depois de um tempo Levanto e vou fazer um doce, saudades de comer o meu pavê. Depois que termino coloco na geladeira e volto para a sala, demora uns vinte minutos e Estêvão chega, quando coloco meus olhos nele, vejo que já bebeu todas. Seus olhos verdes estão turvos e meio que lacrimejando, como se quisesse chorar, seus cabelos estão bem bagunçados, ele está vestindo uma calça social com sapato social e uma blusa branca também social. Está meio aberta o que deixa muito bonito. Ele entra e não diz nada, indo direto para o quarto, vou até a geladeira ver como está o pavê. Vejo que está bem gelado, então coloco pra mim um pedaço e pego uma colher, quando escuto um barulho vindo do quarto de Estêvão. Deixo o prato na mesa e tento abrir a porta do quarto dele.

- o que aconteceu? - pergunto pra ele, pela porta, não escuto resposta, então vou até meu quarto procurar a chave reserva que tenho dos quartos, acho a dele e abro. Assim que entro não vejo nada bagunçado. Então escuto o barulho do chuveiro, fico um tempo pensando se entro - Estêvão?

  Ele não responde, então entro, assim que que passo pela porta vejo Estêvão desmaiado no boxe, com a água batendo no seu rosto, vou correndo até ele.

- Ei? Estêvão? - Bato no rosto dele, mas ele não responde.

- Por favor seu idiota, babaca, abre os olhos - Bato mais forte dessa vez então seus olhos abrem ligeiramente, ele da um sorriso torto então fecha novamente. Desligo o chuveiro e bato no rosto dele de novo.

- Acorda  seu idiota - seus olhos abrem, então tento levantar ele.

- Me solta - Estêvão grita.

- Da para você levantar dessa merda? Seu idiota.

- Eu consigo sozinho OK?

- To vendo. Quase não consegue formula o que diz e ainda ia tomar banho com roupa? que ótimo.

- Talvez eu precise só de uma ajudinha - ele diz por fim.

Acabo rindo um pouco, mas ajudo ele. Quando ele está de pé puxo ele para o quarto, tiro sua blusa ensopada e enxugo ele e seus cabelos, ele fica olhando pra mim, às vezes consciente e outras vezes como se estivesse prestes a apagar. Ajudo ele a tirar o sapato e as meias.

- Estêvão - Bato no rosto dele - olha, preciso que você tire sua calça, você consegue? Vou sair para você fazer isso. E pegar alguma coisa para você comer.

- Consiiiiiiii-go - diz depois de alguns segundos - vou tentar.

- Segura na parede um pouco, vou pegar um moletom pra você.

Ele apoia na parede e meio que abraça ela, o que me faz rir bastante, pego o moletom e quando me viro ele está quase caindo no chão abraçando a parede.

- Ei ei - digo alto - pode acorda.

- ta - ele diz

- Você parece uma criança quando ta bêbado.

- É? - ele diz rindo sem parar.

- E rir que nem um idiota por qualquer coisa.

- Ta, parei - ele para de rir e fica sério, soltando da parede - Vou tirar a calça, você vai querer ver o show ou vai sair para pegar algo para eu comer?

- Você continua insuportável - digo fazendo cara feia e saindo do quarto.

Na geladeira não tem nada pronto, então faço uma comida rápida e coloco pra ele com suco. Quando entro no quarto ele já ta vestido e deitado dormindo, com a roupa molhada jogada no chão, coloco o prato no criado mudo junto com o suco e pego suas roupas e coloco no cesto. Depois sento do seu lado da cama de casal.

- Acorda - Digo colocando a mão no rosto dele e virando para mim, ele abre os olhos um pouco e fica piscando direto como se tivesse ligado a luz na cara dele - levanta.

- Ta - ele diz tentando sentar.

- Consegue comer sozinho?

- Não - diz olhando pra mim

- Ta me devendo uma gatinho.

- Me lembra amanhã - diz dando um meio sorriso.

- Sem duvida vou lembrar.

Dei comida na boca dele como se fosse uma criança, ele comia de vagar as vezes fechava os olhos como se fosse apagar e então abria novamente e me olhava com aqueles olhos lindos. Dei suco para ele, e ele ficou pedindo obrigada em dois em dois minutos. Senti um aperto no coração, pois o modo que ele dizia era como se nunca ninguém tivesse feito isso por ele. Quando acabei coloquei o prato no criado mudo e ajudei ele a deitar a cabeça no travesseiro, arrumei seu cabelo e deixei que ele dormisse.

- Sabe Sofia - ele diz meio embolado - desculpe por ser tão idiota.

- Isso é o efeito do álcool, amanhã você não vai lembrar dessas suas palavras.

- Ótimo - ele diz e acabo rindo e ele também. E tão rápido como nossas risadas ele acaba fechando os olhos e apagando.

   Levo o prato para a cozinha e pego o doce na geladeira e fico vendo TV por um tempo comendo. Até sentir sono. Vou deitar na cama, então lembro que amanhã ele vai ta com ressaca. Então levanto novamente e faço uma receita cadeira e já vi minha mãe fazer muitas vezes para meu pai, coloquei no criado mudo de Estêvão com um bilhete escrito:
" Espero que não esteja tão insuportável quando acorda, então resolvi deixar isso para você, uma receita de família para curar a ressaca. Relaxa, não é veneno, eu te acho um irritante mas ainda não penso em te matar. Bom dia ou boa tarde. "
    Vou para minha cama e me deito, pensando que talvez Estêvão não seja tão odioso assim. Afinal ele parece ter muita coisa escondida por trás desse lado insuportável. O que me faz lembrar de Christopher, que me encheu o saco por bastante tempo. Mas que até que era uma ótima pessoa.

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