19 Capítulo

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Apesar da pouca idade, já conhecia os danos da solidão era capaz de causar nas pessoas, principalmente quando ficavam mais velhas. Encontrara pessoas que perderão todo o brilho de viver porque não conseguiam mais lutar contra a solidão, e acabaram ficando viciados nela. Eram em sua maioria, pessoas que achavam o mundo um lugar sem dignidade e sem glória, que gastavam suas tardes e noites falando sem parar dos erros que os outros haviam cometido. Eram pessoas que a solidão converteu em juízes do mundo, cujas as sentenças se espalhavam aos quatro ventos, para quem quisesse ouvir.

- Paulo Coelho

Acordei com um leve barulho na cozinha, mas nada muito estridente. Antes de me preparar para encontrar Estêvão com ressaca por não ter bebido o que deixei ao lado de sua cama, vou logo tomando um banho de banheira, e deixo o corpo e a mente ficarem bem relaxados para o que vem pela frente. Quando acabo, coloco uma calça saruel com uma blusa de manga amarela porque hoje o rio de janeiro está bastante frio. Saio do quarto e fecho a porta de leve para que se caso ele esteja com ressaca não fique tão irritado com o barulho. Quando passo pelo seu quarto e sigo para a sala, vejo que ele não ta lá, então vou para a cozinha e vejo ele fazendo alguma coisa que ta cheirando muito bem.

- ei? - Falo

- Oi - Estêvão me olha, e pela sua expressão parece está bem.

- Então você tomou o veneno - Digo zombando dele.

- Sim - ele ri - até agora não morri, mas a dor de cabeça se foi.

- Que bom - digo, e ele me olha por um minuto depois volta fazer o que está fazendo - O que ta fazendo ai? To com fome.

- To fazendo umas paquecas, não sei se você gosta.

- Gosto

- Ótimo - Estêvão diz de um jeito como se mesmo que eu não gostasse ele não estivesse nem ai, dou uma risada e saio da cozinha. Ligo a TV e fico vendo desenho. Quando ele acaba o que ta fazendo pega um prato e coloca no meu colo com um copo de suco.

- Dei muito trabalho ontem? - Estêvão pergunta.

- Se deu, tive que te dar banho - Falo, testando ele. Ele olha pra mim e arregala os olhos.

- Ta brincando né?

- Não, depois tive que enxugar você, por uma roupa e ainda dei comida na boquinha ouvindo você falar e me obedecer obedientemente, pediu para te lembrar disso ontem. Ta me devendo uma.

- Lembro de algumas coisas, mas não que me deu banho.

- Talvez essa parte seja uma meia mentira - Digo com cara de paisagem e ele ri.

- Idiota - ele diz olhando pra mim e nós começamos a comer.

- Eu te dou comida na boca e você ainda me chama de idiota? Deixo um remédio para sua enxaqueca e você ainda me trata assim? Você bêbado é bem mais educado - Digo fingindo esta magoada.

- hm, obrigado - Estêvão diz meio baixo.

- Oi? Não ouvi - Digo como se não estivesse ouvido mesmo

- Obrigado - Ele diz mais alto olhando pra mim.

- Posso gravar isso? Dois minutos, pegar meu celular - Tento levantar para pegar e ele me puxa de volta.

- Não força.

- Ta bom - Digo olhando pra ele e acabamos rindo.

- Agora come o que fiz.

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