Sem Controle

28 Capítulo

Mas não adianta pegar todas as mágoas e jogar debaixo do tapete e voltar a viver como se nada tivesse acontecido. Uma hora ou outra todo essa coas virá a tona. É como você estivesse colocando o lixo na porta de casa na expectativa que o caminhão venha buscar e ele não vir.

- Raphael Henrique

Acordei muito bem, me sentindo quente por ele estar abraçado a mim como se fosse seu urso de pelúcia predileto. Escuto a respiração de Estêvão no meu ouvido, quando olho pra baixo tento com calma tirar sua mão pra eu poder sair. Demora uns minutos, até conseguir levantar sem acorda-lo. Olho o relógio e vejo que são dez horas da manhã. Ele ta lindo, seu cabelo bagunçado, seu rosto tranquilo, como se estivesse sonhando com algo bom. E eu não queria tirar esse momento.

Abro a porta do quarto bem calmamente e fecho, desço as escadas e vou até a cozinha fazer panquecas e um suco. Quando acabo levo pro quarto. Ele continua dormindo, mas depois de alguns minutos, enquanto tomo banho e volto já vestida, ele começa a abraçar a cama vazia com os olhos fechados. Parece irritado, então sento na cama e quando ele coloca a mão na minha perna ele sorri, ainda com os olhos fechados. Seus olhos abrem lentamente, a coisa mais linda e fofa, ele fica piscando por um tempo, seus olhos verdes brilhantes, depois que se acostuma com a luz ele sorri pra mim.

- Bom dia - digo sorrindo

- Ainda ta de manhã? - ele diz se esticando, depois pega o coberto e se cobre mais - Vamos voltar a dormi? Ontem dormimos no minimo umas cinco horas da manhã.

- Não consigo mais - digo sorrindo novamente com sua preguiça - trouxe seu café, quer dizer. O nosso, não sou tão boa fazendo panqueca como você, mas sei me virar.

- Hmm - ele diz sorrindo - Bem que estava sentindo um cheiro delicioso de panqueca. Achei que era meu sonho.

- Não - digo me levantando e pegando as coisas que deixei na mesinha, dou na mão dele, que senta na cama, pego a minha e sento de frente pra ele, ele começa a comer fazendo uma cara engraçada - Ta ruim assim?

- Hmm - ele fica sem dizer nada por um tempo - Ta melhor que o meu, agora fiquei bolado.

- A fala sério.

- Sério - ele diz, dando um sorriso torto - vejo que já tomou banho, que pena.

- Haha - digo revirando os olhos - Não ia tomar banho comigo mesmo?

- por que não? - faz cara de triste.

- Porque não - digo sorrindo - sem cara de cachorro abandonado.

- Poxa - ele da um sorriso lindo.

Depois do café, dei uns mil beijos em Estêvão até ele resolver levantar, enquanto ele foi no seu quarto, eu fui para a cozinha levar as coisas. Depois fiquei sentada no sofá, quando Estêvão veio com uma cara de quem não estava gostando de alguma coisa.

- O que houve ?

- Duas notícias - ele se senta no sofá de frente ao meu, assim como ontem, seus cabelos estão molhados, ele ta com uma calça jeans e uma blusa pólo. Um gato e meu, penso - Uma ruim e outra boa. Qual você prefere?

- A boa - digo ainda impressionada com sua beleza.

- William conseguiu fotos de Marlon traindo Elizabeth com a Samanta.

- Que maravilha - digo sorrindo - agora qual é a má notícia?

- Pagarão a fiança do seu pai na cadeira - diz lentamente - Um tal de Dominick.

- Oi? - digo rindo por um longo tempo - impossível.

- Acabou de sair da cadeia. Faz uns vinte minutos. Você conhece esse Dominick?

- Se for o Dominick que to pensando, sim.. Não sei se tem outra pessoa que ele conheça com esse nome.

- Tenho foto dele no notebook, William me mandou. Ele é moreno, alto, tem uma tattoo no braço direito todo... - depois que ele diz isso, as próximas coisas que escuto é minha mente entrando em curti circuito.

- A não acredito - digo abaixando a cabeça.

- Que foi? Quem é esse cara.

- Foi um cara de uma fase ruim da minha vida. Só não sei porque ele resolveu ajudar meu pai.

- Como assim fase ruim? - Estêvão me observa do outro sofá - William deu uma pesquisada na vida dele e viu que ele é sócio de uma casa de...

- BDSM - digo completando o que ele iria dizer.

- Então é ele mesmo que você acha que é. Vocês se conhecem como?

- Já tive um "caso" com ele - reforço as aspas

- Você era a submissa dele? - Ele parece surpreso.

- Não literalmente.. É uma longa história - digo respirando fundo - E parece que meu passado todo quer vir a tona. Conspiração.

- O que você vai fazer?

- Entrar em contato com ele e descobrir o porque de tudo isso. E também quero saber como meu conseguiu sair com fiança.

- Depois posso ver isso. Como vai entrar em contato com ele?

- Vou em magie outra vez - digo olhando pra mesinha no meio da sala.

- Não. Você não vai. - diz firme

- Eu preciso ir - digo levantando os olhos pra ele - aproveitar esse final de semana. Vou hoje mesmo e tento voltar antes de domingo.

- A ultima vez que você fez isso, você voltou quase morta - Ele diz se levantando. Me levanto também e vou andando até o quarto, com ele atrás.

- Mas não é só por mim que to fazendo isso, é por minha mãe e por meu filho - falo quando já estou na porta do quarto, entro e ele segura meu pulso me virando.

- O problema é o filho? - diz olhando bem fundo dos meus olhos como se assim pudesse ler minha alma - Porque você pode ter outro, mas se você morrer não.

- Por que você acha que vou morrer? - digo estreitando os olhos - Ei, confia em mim.

- Vou com você.

- Não - digo passando a mão pelo meu rosto - Vai ficar aqui, não quero que eles saibam que você existe, parece que quando descobrem das pessoas que eu amo, elas são eliminadas de mim rápido - penso me lembrando da minha melhor amiga.

- Deixa eu ir com você ? - ele diz com a voz desesperada, beijo seus lábios para acalmar ele, quando paro observo seus olhos - Você precisa ficar aqui, não só por você, é por mim.

- Eu fico longe, juro - ele diz balançando a perna - Espero você voltar pra mim. Dorme comigo, eu fico quieto, por favor.

Dou um sorriso pra ele, por ele querer tanto ficar comigo. Por seu carinho que nunca recebi com tanta intensidade como agora. Seus olhos diziam tudo, não precisava sair nada de seus lábios. Beijo ele novamente e quando me afasto, ele fica esperando minha resposta.

- Vai fazer suas malas - digo. Estêvão me abraça forte, beijando meu rosto todo - Vai Estêvão.

- Ta bom - ele diz, se vira, mas volta - ultimo beijo.

Me beija novamente e vai sai rápido do quarto, me pego rindo. Mas logo é ofuscado por conta do problema com Dominick.

Já não escutava falar dele a muito tempo, pelo que eu sabia, ele foi pra outra cidade longe de magie, morar por lá por causa da sua família. O que foi de grande alívio para esquece-lo de vez, mas o que o trouxe até aqui é o que me pego pensando.