27 Capítulo

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Na vida você tem escolhas, muitas que você faz são erradas. Mas você vai dizer que são certas porque é boa para você. Assim como um vicio por droga, você sabe que aquilo não é legal pra sua saúde, mas seu vicio por aquilo o faz ir contra todos os seus princípios.

Dizer que eu disse "Tudo bem, eu aceito você aqui depois de ter dito tudo aquilo pra mim" seria mentira. Porque no fundo fiquei magoada, mas olhando seus olhos no meu quarto. Tão sinceros e lindos, eu não consegui dizer nada. Nada por bastante tempo.

- Já entendi - Estêvão diz - Eu não tinha que ter dito nada, você já estava mal resolvida com Scott e da pra ver que você sente algo por ele.

Scott? Será que eu sinto mesmo amor por ele? Eu sei que se estivesse com Scott sério seria capaz que estivessemos casados daqui a alguns anos, ter filhos e uma vida instável. Mas com Estêvão? Eu não sei.

- O que sinto por Scott é comodismo - digo olhando pra Estêvão - sei que se voltar com ele, nunca mais ele me fará mal, sei que assim como ele me prometeu, ele me daria quantos filhos quisesse, me daria uma casa e uma familia.

- E onde você quer chegar com isso?

- Que você eu não sei o que esperar, você é como o tempo, nunca sabe o que te espera.

- E isso é horrível?

- Talvez - digo, saindo da minha cama e indo pra porta do meu quarto, encosto ela e ligo as luzes e me viro para ele, seus olhos estão tristes, chateados. Chego mais perto dele e passo a mão pelo seu rosto, arrumo seu cabelo, ele fecha os olhos com a mão na minha cintura me abraçando - Sei que você precisa de carinho também.

- Quando fiquei bêbado eu lembro de tudo, quando você cuidou de mim. Até aquele momento eu não sabia o que sentia por você, mas depois que vi você cuidando de mim como se eu fosse uma criança, eu senti que já estava apaixonado - seus olhos se enchem de água - não quero que fique comigo forçada, quero que você sinta algo por mim também.

- Ei - digo enxugando seus olhos - Homens não choram lembra?

- Esqueceu que sou como o tempo? Estou com o tempo fechado hoje, está chuvoso.

- Mas você não precisa ficar assim - digo sorrindo com o que ele disse, levanto seu rosto pra luz e consigo ver meio inchado sua boca e um pouco abaixo, passo os dedos por lá de leve - Desculpa por isso.

- Eu precisava, estava sendo um idiota.

- Você não precisa apanhar quando for idiota - digo sentindo uma dor no coração.

- Preciso sim - ele diz olhando pra mim.

Pego sua cabeça e coloco na minha barriga, e deixo ele assim, fazendo carinho nos seus cabelos. Por um longo momento, quando olho pra baixo vejo que ele esta quase dormindo, o que me faz sorri. Ele é tão lindo, muito mais quando demonstra seus sentimentos. Levanto seu rosto pra mim. E ele pisca um pouco por causa da luz. Me afasto para apagar a luz e quando volto ele abraça minha cintura novamente. Como se não quisesse que eu o abandonasse, sentir essa fragilidade dele me fez sentir mal, por ter achado que ele era horrível, quando no fundo é como uma criança.

- Ei - Levanto o rosto dele - quer dormi comigo hoje?

- Você me mandou embora lembra?

- Quer?

Ele não responde, mas já sei a resposta, deito ele na minha cama, cubro ele com minha coberta.

- Vou cuidar de você - digo pra ele - já volto ta?

- Vai onde?

- Pegar uma coisa para seu machucado.

- Não precisa.

Sem ControleOnde histórias criam vida. Descubra agora