Cuidado com as pessoas, elas não falam tudo o que pensam e nem sempre sentem tudo o que falam.
- William Shakespeare
Dei uma passada rápida no prédio da Anna, mas não a encontrei, então segui meu caminho. Paguei um taxi até Magie, o que custou os olhos da cara, mas como não é com o meu dinheiro que pago e sim da conta de Elena eu mal ligo.
Solto primeiro na minha antiga casa, onde morei até meus dezesseis anos até conseguir uma bolsa para uma escola boa e resolver abandonar tudo e sair dessa maldita casa. Quando entro me vem lembranças que não quero imaginar. Vou até o quarto da minha mãe e Billy, vejo que as coisas dele ainda estão ali. Pego uma mala e começo a por as coisas que minha mãe não abriria mão. Depois de fazer a limpa, fecho a porta e saio deixando a chave em baixo do tapete. Vou caminhando com minha mala e da minha mãe até a casa dos vizinhos. Toco a companhia e demoram um pouco até ser aberta por uma senhora.
- Olá Sofia, entre - diz com a voz familiar que conheço tão bem.
- Minha mãe está? - Pergunto sendo direta.
- Sim - da uma pausa - mas preciso que entre.
Sem precisar pensar o motivo pelo qual ela quer que eu entre, eu piso na sua sala. E vejo minha mãe deitada no sofá, com os olhos fechados. Seu rosto está com vários hematomas, seus braços e pescoço. Vou andando lentamente pensando que aquilo não é real. Fico de joelhos ao seu lado e sinto que ela sente um sobressalto quando encosto em seu corpo com minhas mãos geladas. Abre os olhos e me olha.
- Querida - diz já com os olhos cheios de água tentando levantar, puxo ela para fica na mesma posição e continuo de joelhos, deito minha cabeça na sua barriga e começo a chorar - Não quero que você chore.
- Desculpa mãe, não ter tirado você
- Eu não iria - ela diz sincera - e você sabe disso.
- Por que ?
- Quando você ama alguém como amo seu pai você faz coisas além do normal.
- Isso eu entendo - levanto meu rosto - mas por que você ainda continuou?
- Porque não tinha forças e quando ouvi você gritar foi como se tivesse despertado de um transe e vi a gravidade das coisas.
- Entendo - Viro meu rosto para trás para ver se tinha alguém, então vejo que estamos sozinha, vou até o seu ouvido e sussurro - Você confia em mim, eu sei. Então vai ter que confiar mais ainda agora mãe, vou te dar uma boa grana e quero que você recomece sua vida em qualquer lugar longe daqui.
- Mas aqui eu conheço tudo - responde baixo só para que eu possa escutar.
- Mas assim como aprendeu a conhecer tudo aqui, vai aprender lá. Você é bonita, merece alguém melhor e se não for isso que você quer, então você merece uma vida melhor.
- Para onde eu vou?
- Para onde você gostaria de ir? tem algum sonho de lugar que gostaria de morar?
- Sempre quis conhecer Cancun.
- Então vai ser pra lá que você vai.
- Mas minha querida, como?
- Você vai saber depois, pode ficar tranquila que não é dinheiro desonesto ta? É meu dinheiro.
- Eu confio em você de olhos fechados Sofia.
- E eu te amo demais por isso. Aqui estão suas coisas que sei que não ficaria sem. Peguei tudo que sei que é seu e que não deixaria pra trás. Vou fazer uma ligação para conseguir sua passagem pra hoje e uma casa lá.

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Sem Controle
Romance* NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 anos * *PLÁGIO É CRIME SEGUNDO LEI 9.610/98* * OBRA REGISTRADA EM CARTÓRIO * Já parou para pensar que às vezes você indo pra outro lugar pode mudar tudo em você e na sua vida? se sua vida é complicada, leia e v...