Mais um dia estava começando e eu ainda dormia tranquilamente quando fui acordada por um radio tocando super alto uma musica de rock e eu me sentei na cama assustada pegando o celular logo em seguida. A musica era Fight do No Vacancy.
Assim que olhei a tela do aparelho, percebi que ele estava desligado e por isso o despertador não tinha tocado. Com certeza a bateria tinha terminado no meio da noite e sem bateria o celular não desperta.
Abri a gaveta do criado ao lado da cama onde peguei um relógio de pulso que tinha ali guardado e assim que vi a hora percebi que estava atrasada.
Aquela música tocando era o rádio que William tinha ligado no quarto aí lado. Se eu não me apressasse iria me atrasar para a faculdade.
- Que ótimo. Atrasada e sem bateria. - falei jogando o celular em cima da cama sem nenhuma animação e levantei correndo para o banheiro.
Escovei os dentes rapidinho e logo já estava com as portas do guarda-roupa aberto, jogando as roupas em cima da cama tentando achar uma roupa adequada para ir a faculdade.
Depois de escolher a roupa fui fazer minha maquiagem, mas quando fui tentar passar o delineador acabei borrando tudo e desisti da ideia.
- Vai sem delineador mesmo. Coloco um óculos escuro e esta tudo certo. - falei e passei um pouco de máscara de cílios para destacar um pouco mais os meus olhos verdes. Em seguida penteei rapidamente o cabelo.
Assim que terminei de me arrumar peguei minha bolsa da faculdade, coloquei o óculos escuro e desci as escadas super apressada, mas ao chegar na sala percebi que não tinha mais ninguém em casa.
Corri para fora de casa e cheguei do lado de fora a tempo de ver o ônibus da faculdade se afastando.
- Só pode ser brincadeira. - falei e sai correndo atrás do ônibus balançando os braços para ver se o motorista parava, mas isso não aconteceu. E percebi que talvez ter brigado com o motorista do ônibus no primeiro dia de aula talvez não tivesse sido uma boa ideia. - Droga. O que eu vou fazer?
Sem encontrar nenhuma outra solução liguei para um táxi, de um telefone público que por incrível que pareça ainda funcionava, e sentei em um banquinho em frente ao prédio enquanto esperava.
Assim que vi o táxi eu me levantei e logo entrei no carro, mas não sem antes bater a cabeça no teto do carro.
Me sentei no banco traseiro ainda massageando a cabeça enquanto falava para o motorista para onde eu queria ir. Não demorou muito para que chegassemos à faculdade.
- Quanto deu a corrida? - perguntei já abrindo a bolsa para pegar o dinheiro.
- São vinte reais. - falou o taxista e eu estava procurando a carteira dentro da bolsa, mas já estava começando a entrar em pânico ao perceber que minha carteira não estava na bolsa.
- Droga. - falei constatando que era mesmo verdade. Olhei para o motorista e sorri como quem tinha feito alguma coisa errada.
- Alguma dificuldade? - perguntou o motorista me encarando.
- Eu acho que esqueci a carteira em casa. - falei toda envergonhada e o motorista me olhou com cara feia.
- Esta de brincadeira? - perguntou ele.
- Não estou de brincadeira. É que aconteceu tanta coisa hoje e olha que o dia nem começou direito. - falei toda nervosa e sem parar nem para respirar. - Meu celular descarregou no meio da noite ai ele não despertou e eu perdi a hora e ai acordei com o rádio que meu irmão ligou e ai me arrumei correndo, borrei todo o delineador e é por isso que eu estou de óculos e ai perdi o ônibus e sai tão rápido que esqueci a carteira e...
- Ei se acalma ta. Respira- falou o taxista um pouco mais calmo e eu comecei a respirar um pouco. - Como eu faço agora? Preciso receber pela corrida se não meu chefe vai tirar o meu emprego.
- Posso ligar para o meu irmão e pedir para ele pagar. Ele estuda aqui e sempre trás dinheiro. - falei pensando rápido comecei a revirar a bolsa em busca do celular, mas logo percebi que ele ficou em casa, pois estava sem bateria. - Droga, meu celular também ficou em casa porque estava sem bateria. Você tem celular?
- Aqui. - falou o taxista me entregando o celular dele. Eu peguei o celular e disquei o número de William.
O telefone chamou algumas vezes e nada de ele atender. Liguei de novo finalmente ele atendeu.
- William. - falei. - Preciso de ajuda.
- Minha ajuda? Cadê você? - perguntou William e ele estava no corredor da faculdade, pois tinha pedido permissão para sair falando que era uma ligação importante.
- Eu estou aqui na frente da faculdade. Tive que vir de táxi porque eu perdi a hora e o ônibus me deixou. Só que eu esqueci a carteira em casa e não tenho como pagar a corrida. - falei. - Eu estou desesperada. Diz que você tem dinheiro ai e tem como pagar o táxi.
- Eu tenho o dinheiro, mas não tenho como ir ai fora. -falou William. - Não posso sair da sala.
- A é e você esta atendendo ao telefone como? - perguntei desconfiada. - Na sala de aula é que não é.
- Eu pedi para a professora me deixar atender falando que era uma ligação importante. Ela não vai me deixar sair de novo. - falou William.
- Will dá um jeito ai. Eu preciso da tua ajuda. Por favor. - falei.
- Beatriz eu não posso. Vou me encrencar. - falou William. - É só a segunda semana de aula, mas a professora deve ter lido meu histórico no colégio que não é dos melhores.
- William você sempre esta em encrenca e nem liga. Agora você para de frescura e vem logo aqui fora porque o moço esta com pressa e eu também. - falei me estressando e o taxista estava segurando o riso.
- Que droga Beatriz. Eu vou ver o que faço para te ajudar. - falou William e voltou para a sala, mas esqueceu de desligar o telefone. Coloquei no viva voz para que o taxista também pudesse ouvir a conversa.
- Resolveu o problema? - perguntou a professora. Ficamos ouvindo atentamente a conversa, torcendo para que Will conseguisse sair.
- Sim... Quero dizer não. Ou melhor, mais ou menos. Eu acho. - falou Will gaguejando e todos riram. - Na verdade eu preciso dar uma saidinha.
- Esta achando que isso aqui é o que William? - perguntou a professora. - Shopping? Que você entra e sai na hora que quiser?
- Professora eu entendo que isso aqui não é shopping...Até porque shopping é bem mais legal, mas é um caso de vida ou morte. - falou William.
- Sério? Do que se trata? - perguntou a professora em tom de deboche.
- Diarréia. - falou Will provavelmente falando a primeira coisa que veio a cabeça e a sala explodiu em gargalhadas. Ele começou a fazer uns barulhos estranhos e imaginei que ele estivesse se contorcendo para dar credibilidade a sua mentirinha.
O taxista e eu começamos a rir imaginando a cena.
- Vai logo William. Esta tumultuando a minha aula. - falou a professora e escutamos Will correndo da sala.
- Deu certo. - comemorei.
- Vou receber e vou continuar tendo emprego. - comemorou o taxista.
Will logo chegou ao lado de fora da faculdade e pagou o motorista.
- Ai moço obrigado pela paciência. - falei. - E mais uma vez me desculpa.
- Tudo bem mocinha. Vejo que não esta tendo um bom dia. Boa sorte. - falou o taxista agora sendo simpático.
- Obrigada. - falei e o taxista deu partida no carro.
- Que mico hein. - falou Will começando a rir e eu dei um tapa no braço dele.
- Ai. - reclamou ele passando a mão no local do tapa. - Porque me bateu?
- Isso é culpa sua. - falei brava.
- Culpa minha? Você se atrasa, esquece a carteira em casa e a culpa é minha? - falou Will sem entender.
- Porque não pediu para o motorista me esperar? - perguntei.
- Eu tentei. Mas ele tem horário a cumprir. - falou Will. - E o fato de você ter brigado com ele no primeiro dia de aula não ajudou muito.
- Eu corri atrás do ônibus. - falei.
- Ele não deve ter visto. - falou Will.
- Ele viu sim. - falei e começamos a ir na direção da entrada da faculdade. - Ele deve ter me deixado para trás só porque chamei ele de feio.
- Provavelmente. - falou Will.
- Eu só disse a verdade. - falei.
- Você ainda esta bem na história. - falou Will. - Eu agora provavelmente vou ser conhecido como o cagão.
- Você esqueceu de desligar o celular e nós ouvimos tudo. - falei rindo.
- Nós quem? - perguntou Will arregalando os olhos.
- Nós... Eu e o taxista. - expliquei.
- Você deixou o celular no viva voz? - perguntou Will indignado.
- Queria que ele visse que eu estava falando a verdade. - falei justificando a minha atitude. - Mas porque você não falou a verdade Will?
- A professora não iria acreditar. - falou ele. - Quais são as chances de tanta coisa dar errada no mesmo dia?
- Quando se esta falando com o desastre em pessoa tudo é possível. - falei e acabamos rindo da situação.
- Não da para falar que não somos irmãos. - falou Will rindo.
- Eu tenho que ir ao banheiro para ver se esta tudo ok com a minha cara. - falei. - Já que só vão me deixar entrar na segunda aula mesmo.
- Vai la. - falou Will e eu fui até o banheiro enquanto ele voltou para a sala. Assim que entrei no banheiro, fiquei em frente ao espelho e tirei o óculos para dar mais uma conferida na minha maquiagem. Não estava muito contente com a maquiagem feita as pressas. Não tinha dado nem tempo de passar corretivo.
- Eu devia ter feito a maquiagem bem feita. Perdi o ônibus e só vou entrar na segunda aula mesmo. - falei desanimada e recoloquei o óculos.
Sai do banheiro meio distraída e acabei esbarrando em alguém.
- Você não olha por onde anda não? - perguntei.
- Desculpa. - falou o rapaz e nós nos olhamos. Só podia ser ele.
- A é você. - falei ao ver que tinha esbarrado em Gustavo. - Só podia ser você mesmo.
- Caso não tenha notado eu não era o único distraído. - falou Gustavo. - Se você estivesse olhando por onde anda não teria esbarrado em mim.
- Eu estava saindo do banheiro e todos estavam na sala. - falei. - Ou quase todos. Não tinha como eu saber que ia ter um caipira aqui fora.
-Porque não foi para a aula? - perguntou Gustavo.
- Eu perdi a hora e aconteceu mais um monte de coisas. - falei. - Ai eu me atrasei para a primeira aula.
- Entendi. - falou Gustavo e ouvimos o sinal do fim da primeira aula tocando.
- Olha o sinal ai. Melhor eu ir porque não quero perder mais uma aula. - falei e sai andando antes que Gustavo pudesse falar mais alguma coisa.
Cheguei na sala de aula toda apressada, sentei em meu lugar e já comecei a tirar todo o material da bolsa, mas quando olhei para a lousa tive uma grande surpresa. Tinha uma célula desenhada no quadro ao invés de desenhos de roupas.
- Isso não esta acontecendo. - falei e resolvi dar uma olhada para os lados só para comprovar se era verdade o que eu estava pensando.
Assim que olhei para os lados, percebi que não conhecia ninguém ali e com certeza eu tinha entrado na sala errada e por isso não estava reconhecendo a matéria. E a essa altura todos já estava olhando para a minha cara confusos e se perguntando quem é a novata.
- Acho que entrei na sala errada. - falei dando um tchauzinho constrangido para os alunos e em seguida guardei meus materiais na bolsa o mais rápido que consegui. Em seguida sai correndo da sala.
Assim que cheguei à outra sala eu olhei bem para ter certeza de que era a sala certa antes de entrar e quando entrei finalmente vi os rostos conhecidos de meus amigos. Fui para o meu lugar e me sentei bem na hora em que a professora entrou na sala.
- O que aconteceu com você? - perguntou Laura que sentava bem ao meu lado. - O Will contou que você perdeu a hora e veio de táxi. Mas você demorou para entrar depois do sinal.
- Hoje não é meu dia. Eu entrei na sala errada. - falei.
- Fala sério. Que mico. - falou Laura e começou a rir.
- Isso da risada do meu azar. - falei, mas acabou rindo também. - Que mico todo mundo ficou olhando.
- Ninguém merece. - falou Laura ainda rindo. Depois de todos esses incidentes, a aula de maquetes se passou sem novidades e todos nós encontramos na saída da faculdade.
- Eu ouvi você contando o que aconteceu. - falou Bruna. - Parece que seu dia não esta muito bom hoje.
- Acho que levantei com o pé esquerdo. Hoje é meu dia de azar. - falei. - Como se não bastasse tudo o que aconteceu ainda entrei na sala errada antes de ir para a nossa sala.
- Fala sério. Você não fez isso. - falou Bruna começando a rir. - Que mico.
- Pois é. Ninguém merece. - falei desanimada.
- Mas eu sei de algo que vai te animar. - falou Bruna com animação. - Hoje tem a festa junina da faculdade.
- Acho que é até perigoso ficar perto de mim hoje. - falei e elas riram.
- Eu não tenho medo. - falou Laura e sorriu. - Nos encontramos as oito?
- As oito é um bom horário. - falei pensando um pouco. - Eu já vou ter saído do escritório e ai podemos ir tranquilamente.
- Então esta combinado. - falou Bruna e bateu palminhas.
- Que história é essa de escritório? - perguntou Gustavo. - Não sabia que tinha conseguido outro emprego.
- Na verdade eu começo hoje. - falei toda animada. - Já fiz até um relatório que o chefe me enviou o pedido por e-mail ontem a noite.
- Você não mentiu no currículo de novo né? - perguntou Gustavo.
- Eu aprendi a lição. - falei dando um tapinha de leve no braço dele e nós rimos. - Vamos ver como vai ser o meu novo trabalho.
- Vai dar tudo certo. - falou Gustavo me apoiando.
- Eu espero que sim porque se não vou vender minha arte na praia. - falei.
- Você não sabe fazer arte nenhuma. - falou Will. - A não ser que você ensine a arte de ser um desastre.
- Muito engraçado. - falei.
O ônibus escolar logo chegou e nos despedimos antes de entrarmos nele.
Olhei para o motorista com cara feia, mas ele fingiu que não viu.
- Pode parar de fingir que não me viu seu velho ranzinzo. - falei e o motorista me olhou.
- Esta falando comigo? - perguntou ele se fazendo de desentendido.
- Isso é um ônibus escolar então o único velho ranzinzo que tem aqui é você. - falei. - Eu posso saber porque você não me esperou? Eu estava correndo atrás do ônibus e você viu e mesmo assim não parou o ônibus.
- Eu não sou obrigado a te esperar e tenho horário para cumprir. - falou o motorista. - A mocinha aí vai ter que aprender a acordar na hora certa porque pelo visto você tem um sério problema com horários né?
- É só azar mesmo. - falei e em seguida fui sentar em meu lugar.
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Brincando de Cupido
Teen FictionO que você faria se levasse um pe na bunda bem no dia do seu pedido de casamento? O que você faria se pedisse alguém em casamento e essa pessoa dissesse não? Beatriz sempre foi uma moça rica e mimada, mas tudo começa a mudar quando ela leva um pé na...