Capítulo 9

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ARIEL

Estava muito envergonhado pelo comentário que sua sobrinha havia acabado de fazer dizendo que eu parecia o ursinho dela, e ainda perguntou a ele se eu era fofo. E ele concordou! Calma, eu estou um pouco sem chão agora! Eu queria acreditar que ele me achava mesmo fofo, mas minha cabeça dizia para mim que ele só falou aquilo, para agradar a sobrinha, que é uma criança. E eu infelizmente, estou concordando com isso. Não posso pensar que ele disse isso porque quis, pois não foi. Repito para mim essas palavras, mas elas não parecem surtir efeito em meu coração, que agora estava batendo tão rápido que eu estava com medo de um infarto.

Saí dos meus pensamentos, com Melissa me chamando e dizendo para que descesse até o setor que ficava o almoxarifado para que pegasse duas resmas de papel para ela, o que fiz prontamente, pois como o meu chefe havia acabado de sair com a família, ele, provavelmente, não voltaria mais hoje e eu só precisaria ficar para atender algum telefonema, e caso fosse algo extremamente urgente, passasse a ligação para o mesmo.

Quando cheguei ao andar que mel avisa me solicitado, fui e peguei as folhas, porém, quando estava saindo, escuto duas pessoas falando mal de mim, como não tenho sangue de barata, virei para trás e fui caminhando sem fazer barulho até onde as mesmas se encontravam, como não perceberam que eu estava ali, continuaram.

- Menina, eu não acredito que o chefe demitiu a Laura por esse viado balofo, a gente tem que fazer alguma coisa para que ele saia.

- Têm razão, amiga. Vamos armar uma bem foda para que ele se lasque de uma vez e não tenha possibilidade de voltar.

- E a gente mata dois coelhos em uma cajadada, ele é demitido e com certeza alguma de nós duas será escolhida a nova secretária do senhor Roberto. - Fala e em seguida suspira! -

- Verdade, hein, gente? - Sorrio venenoso quando vejo as mesmas se virarem e encontrarem com meu rosto. Não sabia que era tão feio assim! - Mas é uma pena que vocês não estejam lidando com uma dessas pessoas que vocês estão acostumadas, que são dóceis, calmas e aceitam todas as porradas que vocês querem dar, caladas. Eu não sou assim! - Quando vejo que uma ia começar a falar, interrompo-a dizendo para que ela fique calada. - Como acabei de ouvir o que vocês estão tramando, já tenho noção de quem eu posso ou não confiar, e vocês duas são exemplos da segunda opção. Não pensem que irão pisar em mim, porque eu não serei pisado e também não achem que podem me derrubar, lembrem-se garotas, cobras rastejam e picam, e vocês não irão querer me ver com raiva, ou será que vão? - Não deixo as mesmas responderem, apenas termino dizendo: - Cuidado onde pisam, garotas... Só um aviso de amigo!

Quando saio de lá, ainda escuto um burburinho baixo de algumas pessoas comentando sobre como eu as coloquei nos seus devidos lugares, e eu vou ser bastante sincero. Comigo, gente assim não tem vez nenhuma, e muito menos local de fala. Se estão na empresa, trabalhem, sigam as regras impostas por ela e, nunca, pensem que estão em casa, pois não estão, e quaisquer deslizes, não são perdoados.

Depois que pegou o elevador, clico no botão até o andar desejado, e espero que ele faça seu serviço. As portas se abrem e eu começo a escutar uma gritaria vindo desse andar, porém, não consigo decifrar as vozes, pois estão bastante abafadas. Continuo seguindo em direção a minha mesa e quando estou bem perto, consigo decifrar as vozes de Laura, Melissa e um homem que eu nunca escutei a voz.

Melissa- Senhor, você tem que se acalmar, pois ninguém aqui teve culpa de nada.

- Eu não quero saber. Eu exijo falar com o Roberto agora mesmo, e não sairei até falar com ele.

- Mel, eu trouxe as folhas que você pediu, toma! - Falo entregando as folhas para a mesma, que me olha agradecida, eu só aceno positivamente com a cabeça e vou para minha mesa. Sento e logo em seguida, sinto duas mãos batendo perto de onde o computador ficava. Olho para cima e encaro o olhar de Laura. - Em que posso ajudá-la, Laura?

Laura- Para você é dona Laura, não te dei nenhuma intimidade desse tipo, para você falar comigo assim.

Olho para ela com minha cara de deboche nível máximo. Cruzo os braços, e fico a encarando, esperando que a mesma falasse o que queria, mas ela só ficou com mais raiva e foi até onde o senhor ainda conversava -gritava- com a coitada da Mel. Ela falou algo para ele, que o fez virar, e também, me encarar com ódio, mas como eu não devo nada a essas pessoas, apenas fiquei esperando ele vir.

Quando o mesmo chegou até minha mesa, me perguntou:

- Então você que é o culpado por minha filha ter sido demitida da empresa? - Apenas fiquei calado. - Me responde, garoto!

- Eu não fui responsável por nada, ela que não tem ética necessária para se trabalhar com outras pessoas. Inclusive, se achando bem melhor do que os outros, mesmo sendo burra igual a uma porta, já que nem um relatório semanal essa anta sabe fazer. - Falo e reviro os olhos ao vê-lo ficando cada vez mais vermelho por ter pegado em seu ponto fraco. - Vai me dizer que ela nunca te contou que o relatório semanal dela quem fazia era os outros, isso porque, segundo ela, se eles não fizessem, seriam demitidos pois ela casaria com o dono da empresa e não deixaria nenhum deles aqui dentro. Demitia pessoas sem o chefe saber, mesmo sabendo que todas as demissões têm que passar por ele, e tudo por causa de sexualidade. Ela não tem moral, pois a todo momento vivia me desrespeitando dentro da empresa e antes que pergunte, não, eu não gosto dela e não tenho a mínima vontade de conhecê-la para mudar minha percepção sobre ela. Agora, me diga o que quer, ou vá embora porque está atrapalhando nós, que diferente de vocês dois, respeitamos nosso ambiente de trabalho.

- Chama seu chefe, eu preciso falar com ele. Agora!

Não tinha o que fazer, se ele é o pai dela, é um dos investidores da empresa, então deve ser um assunto sério. Pego o telefone e disco o número dele, que no segundo toque atende.

Roberto- Algum problema?

- Laura e o pai estão aqui e ele está muito chateado, querendo falar a todo custo com você, e também disse que não sairia daqui até que você o atendesse, e tenho quase certeza de que é sobre a demissão dela.

Roberto- Certo! Estou chegando aí, não ofereça nada a eles, sejam, você e Melissa, o mais rude que puderem.

- Sim, senhor! - Quando desliguei, disse a eles: - Ele já está chegando, sintam-se a vontade de sentar no chão, como os cachorros que são!    

Azar de te amar (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora