Are you ready for it
1/4
-----------------------
ARIEL
Demitido, essa é a palavra que resume bem como eu estou nesse momento. Estava aqui na pensão, tentando imaginar qual será que foi o motivo da minha demissão. Será que foi por que eu respondi aquele grã-fino dentro do elevador? Ele ameaçou me demitir, então é quase certeza de que ele mandou a Laura me demitir.
Nossa, só de pensar nela me dá tanta vontade de voltar lá e socar a cara dela, mesmo que isso não seja certo. Mas foda-se o certo! Eu não fiz nada que quebrasse as regras da empresa, não desrespeitei ninguém e apenas disse para aquele homem maravilhosamente maravilhoso que eu estava fazendo meu trabalho, então não era para o mesmo me atrapalhar. Isso era errado? Não. Eu fui errado por fazer o meu trabalho e seria errado por não fazer, então qual era o sentido disso?
Agora não é hora de ficar remoendo isso, amanhã, logo quando o dia amanhecer, eu sairei a procura de emprego, e eu espero de verdade que eu encontre, mesmo tendo sido despedido da empresa, eles pagaram meu salário completo, o que daria para pagar minha faculdade, os livros que eu ainda estava devendo e sobraria uma graninha que vai dar para comprar uma roupa nova para mim. Mas neste momento eu irei guardá-lo, já que sem emprego e sem dinheiro, eu não posso me arriscar a ficar.
Levantei pegando minha toalha e meu sabonete, seguindo em direção ao banheiro. Entro, tiro minha roupa e começo meu banho noturno, pois odeio dormir sem tomar banho. Começo a cantarolar uma música qualquer, depois de terminar a música, desligo o chuveiro, me seco com a toalha e visto meu pijama, que tinha esquecido de mencionar, mas também havia levado, para que após terminar meu banho, eu me vestisse. Ele era lindo e cheio de bolinhas dos mais variados tamanhos.
Volto para meu quarto, enxugo meus cabelos com um secador que comprei para secar minha cabeça, penso eu, pois cabelos grandes eu não tenho. Deixo minha toalha em um varal daqueles para apartamentos e pego meu celular e o carregador, para em seguida, colocá-lo em uma tomada para carregar, amanhã será um dia que eu precisarei muito desse ingrato, e com ele descarregado será pior ainda, pois nem o usar eu poderei.
Deito em minha cama exausto, triste e pensando em alguma solução rápida para meu problema, já que empregos estão em falta, e pensando nisso, adormeci.
**********
Acordo de manhã revigorado, fazia muito tempo que eu não descansava deste jeito, porque sempre chegava morto em casa e no outro dia nem tinha amanhecido direito e eu já tinha que estar dentro de um ônibus. Levanto, pego uma calça jeans, uma camisa azul escura, uma cueca verde, meu tênis preto e sigo em direção ao banheiro. Lá faço todas minhas necessidades, tomo banho e em seguida volto para meu quarto já vestido. Tiro meu celular do carregador, logo o ligando. Estava passando perfume, quando dona Letícia, que é a dona da pensão, bate na porta e eu a mando entrar.
Ela é a mulher mais icônica do mundo todinho e eu posso dizer isso com todas as letras, porque pense em uma pessoa que me ajudou quando eu mal tinha as minhas roupas do corpo. Realmente é questão de sorte você encontrar pessoas boas no seu caminho, mas a sorte que eu dei com ela, eu dei de azar com a Laura. É até engraçado eu pensar desse jeito, né?
- Ariel, meu querido, tem um homem aí fora que está dizendo precisar falar com você. E ele disse que o assunto é muito importante e de seu maior interesse. – Ela estava recostada na porta com o seu usual uniforme, mesmo sendo dona da pensão ela prezava por um ambiente de trabalho organizado e com as hierarquias. – E eu já não disse pra arrumar esses sapatos direito, Ariel? Parece uma criança catarrenta que deixa os brinquedos espalhados no chão... – Ela briga já se abaixando para arrumar a minha bagunça. Ela é uma fera.
- Tudo bem, eu vou recebê-lo. – Falo e a vejo acenando em concordância. – Você sabe, dona lê, que eu não gosto de arrumar nada. Demora tanto.
- Claro que eu sei, Ariel, mas agora que eu já arrumei mais ou menos essa bagunça, eu vou dizer pra ele que você já vai descer. – Se retirou do quarto na mesma rapidez que entrou.
Quando a vejo sair, fico pensando em quem é a pessoa que está me esperando lá fora. Desde que vim morar aqui, apenas Alexsandro vem, e como ele não subiu logo, pois é conhecido de Dona Letícia, e ela muito menos mencionou que era ele, eu já tenho noção de que deve ser alguém desconhecido, pelo menos para a mesma.
Será que me acusaram de algo e eu vou ser preso? Puta que me pariu, era só o que faltava.
Coloquei o celular em meu bolso, dei uma ajeitadinha em meu cabelo, me olhei no espelho para ver como estava, e posso dizer que eu me pegaria sem pensar. Narcisista? Um pouco, mas de vez em quando, mesmo com as patadas que o mundo nos dá, mesmo com as pessoas dizendo que sou bonito, mas não tenho mais beleza porque não sou magro, temos que nos amar acima de tudo. Aprendi essa lição cedo? Não. Quando eu aprendi, eu comecei a me amar instantaneamente? Óbvio que não. Mas pelo menos depois dos tombos que você leva, sabe que você não tem que mudar para agradar outra pessoa.
Meu Deus, ultimamente eu estou muito pensadora contemporânea. Já posso até escrever uma biografia sobre minha vida.
Fui em direção à sala, onde estava o homem que me aguardava. Eu estava bastante curioso, nunca ninguém tinha vindo aqui, na pensão, me procurar. Tá... O Alex já veio, mas ele é diferente.
Chego à sala, não é muita surpresa ao ver, de novo, aquele homem do elevador. Ele estava sentado em uma pose altiva, reto, e com uma bolsa igual àquelas que os executivos carregam. Era intimidador, devo completar.
- Olá, Ariel. – Ele estende a mão e eu o cumprimento de volta. – Vejo que lembra de mim! Eu sou Roberto, o presidente da NDR.
- Por que eu não estou surpreso com isso? – Perguntei com deboche. – Mas enfim, sente-se, Roberto. Sendo sincero, eu não vejo motivos para essa visita, ainda mais tão cedo pela manhã, então você poderia me dizer o motivo dela?
- Para ser sincero com você, eu fiquei bastante chateado com sua pessoa, por ser muito insolente. Mas não fui eu quem mandou o demitir, inclusive, estava indo ao seu encontro para fazer uma proposta, quando por um de seus colegas, fui avisado de que você havia sido demitido.
- Bom, eu até entendo que você possa ter me achado uma pessoa bem mal-educada, por estar fazendo o meu serviço, mas se eu não estivesse o fazendo, o que você iria achar? – Perguntei sério e ele não parecia saber como me responder, visto que estava quieto e quieto ficou. – Mas como você não sabia das demissões em massa? Você não é o presidente?
- Bom, digamos apenas que eu sou uma pessoa muito ocupada..., porém, eu vim fazer uma proposta de emprego para você. – Tirou de dentro de sua bolsa uma pasta de cor amarelada. – Aqui são os seus documentos que usou para entrar na empresa e eu já os analisei com cuidado, para saber de quase tudo sobre você. – Estava de cara com tamanha audácia de me dizer que me espionou. – Eu também contatei sua faculdade e pedi uma cópia de suas notas e antes que você diga algo, eu sei que eles não divulgariam, mas eu os informei que iria transferi-lo de cargo e para isso precisaria delas, além de eu ter um nome no mercado, o que deixa tudo mais fácil.
- Óbvio que deixa mais fácil, mas sobre o que é esse emprego?
- Meu assistente pessoal.
- E o que é que eu vou precisar saber realmente para esse cargo? Você sabe que têm milhares de pessoas mais competentes e que estudam exatamente para isso, não sabe, senhor?
- Você iria comigo em reuniões, revisaria alguns documentos, organizaria minha agenda pessoal e todo o resto. Bom, como precisarei de você todos os dias da semana, tirando 2 dias de folga por mês. E sim, eu sei disso.
- Bom, a proposta é bem tentadora, mas eu tenho duas perguntas: qual o salário? E a Laura? – Ele hesita antes de me responder, passa a mão algumas vezes na cabeça.
- Você terá que ter contato com ela, já que toda semana, cada chefe de setor nos manda um resumo semanal dos setores. – Não o respondo de imediato, claro, porque estava considerando tudo. – Já o salário é de 5 mil brutos, ainda sendo adicionados todos os méritos do mês, como plantões.
- Eu aceito. – Falo e o vejo sorrir.
--------------------
Gostaram?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Azar de te amar (Romance Gay)
Romansa[EM CORREÇÃO] Ariel é um menino sonhador, alegre, de boa índole, mas que foi expulso de casa aos 19 anos pela mãe pelo fato de ser homossexual, porém não se deixa abalar e sempre tenta ver o melhor de tudo. Começa a trabalhar na limpeza em um famoso...