C H A P T E R 1

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Londres, Inglaterra, 2019.

Londres, Inglaterra, 2019

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J u l i a n

Estudar na escola mais cara de Londres significava marcar território caso quisesse sobreviver. Eu fazia isso muito bem, confesso. Essa era a vantagem de ser rico; você não precisava dizer uma palavra para ser respeitado.

Eu me esgueirei pelo corredor da escola ao lado do meu melhor amigo. Steve Montgomery era um cara legal, quase um irmão, mas não parou de citar Savannah Beckett nos últimos trinta minutos.

— Ela é muito gostosa! — disse animado. Ele tinha um lance com a garota do segundo ano e não se preocupava muito em esconder isso.

— Percebi. Você não parou de falar isso nos últimos minutos. — comentei.

Ele encolheu os ombros.

— Você é meu amigo. Está no pacote ter que aturar minhas merdas.

— Isso soou muito gay. — murmurei, fazendo-o rir.

— Acho que seu motorista se atrasou outra vez. — disse quando paramos do lado de fora do prédio.

Blake Rousseau era um lugar grande; uma escola de elite no centro de Londres, com muros enormes ao redor e uma arquitetura impressionante.

Encarei a grama em frente à escola cheia de alunos e não detectei qualquer sinal de Stuart.

Droga! Eu precisava ter meu próprio carro. Fui idiota o suficiente por ter destruído o meu em uma corrida ilegal.

— Eu vou a pé.

— Ãh? Ficou maluco? Sua casa é meio longe daqui.

— Nem tanto. Conheço um atalho.

— Por que não pega um táxi?

— Hm, não. Hoje estou a fim de fazer uma caminhada.

— Você é maluco. — ele negou com a cabeça. — Não vou poder te acompanhar. Tenho que encontrar Savannah.

— Vai lá. — bati em seu ombro antes de vê-lo se afastar até o outro lado da rua, onde uma garota de cabelos loiros o esperava. Ela o abraçou e eles se beijaram.

Cumprimentei alguns amigos e segui para casa, pensando no percurso que precisava fazer.

Cumprimentei alguns amigos e segui para casa, pensando no percurso que precisava fazer

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— Merda! — enfiei meu pé em uma poça d'água, observando o estrago no meu tênis.

Se arrependimento matasse...

Segui pela rua estranha e caída, ignorando os moradores curiosos. Lembrei-me de ter pegado esse atalho com alguns amigos, meses atrás, mas a rua não estava tão arruinada quanto agora.

Entrei em outra rua, fazendo uma careta de desgosto ao ver um rato enorme se esconder atrás de uma caixa de papelão. Observei os cortiços caindo aos pedaços e as roupas estendidas nas sacadas.

Lancei um olhar para a frente, vendo alguns caras esquisitos parados na esquina. Achei que estavam drogados. Eles observaram minha roupa antes de lançarem um olhar estranho para meu relógio de pulso avaliado em mais de trezentas libras.

Só então percebi o quanto fui idiota em ter ido por ali. Eu devia ter seguido o conselho de Steve sobre pegar algum táxi, mas tive que agir como um imbecil!

Passei pelos homens, sentindo cheiro de maconha e algo bem pior antes de me esgueirar para longe.

Ao ouvir os caras cochicharem e senti-los atrás de mim, não pensei duas vezes antes de correr.

Ao dobrar em uma rua qualquer, eu me abaixei atrás de uma lata de lixo enorme, vendo-os correr para outro lado.

Soltei a respiração, ficando de pé, então me virei.

E levei um baita susto.

— Que merda! — observei o corpo de uma pessoa estirado sobre caixas de papelão.

Que droga era aquela?

Preocupado, eu me aproximei, notando que o provável cadáver parecia saudável. Não estava cheirando tão mal como eu pensava, nem entrando em decomposição.

Isso me deixou intrigado pra caramba.

Os ratos passeavam perigosamente perto dele, mas por incrível que pareça não o tocavam.

Abafei o palavrão ao notar que o corpo na verdade era de uma garota.

Senti um calafrio muito estranho, mas não recuei. Eu deveria sair dali, mas não foi isso que fiz ao retirar as caixas de papelão de cima da garota.

Soltei um suspiro de alívio quando vi seu torso subir e descer com a respiração. Ela estava muito pálida, mas não morta como imaginei. Chequei os pulsos, comprovando minha teoria. Acho que só desmaiou.

Eu me perguntei o que ela estava fazendo ali.

Parecia ter a idade de Pietra, irmã do Steve. Não achei que tivesse mais de dezessete anos. As roupas estavam em péssimo estado e eram grandes demais para ela. Sei que Londres conseguia ser bem fria na maior parte do tempo, então isso devia explicar a quantidade de roupas. Os pés estavam muito sujos e feridos, e observei o rosto da garota. É obvio que ela não tomava um banho já fazia um tempo e os cabelos ruivos estavam tão ensebados que eu nem sei como reconheci a cor. Apesar da sujeira, notei as pequenas sardas sobre o nariz delicado e os cílios longos.

Senti uma pontada de pena e a cutuquei com a ponta do tênis, tentando fazê-la reagir.

Ela nem se mexeu.

Eu precisava falar com alguém sobre isso.

Puxei o celular do bolso, procurando um número na agenda telefônica.

— E aí. — Steve atendeu no segundo toque.

Eu conseguia ouvir a voz irritante de Savannah do outro lado.

— Você precisa vir aqui, cara! Descobri uma coisa muito estranha e preciso da sua ajuda. — murmurei ainda de olho na garota desmaiada.

— Onde você tá?

Dei uma olhada ao redor, então vi uma casa velha, aparentemente abandonada.

Como não a notei antes?

Sem pensar muito, observei a placa grudada na porta de madeira, estudando o endereço.

34, Crichton Melville.

Expus as coordenadas, e ele suspirou espantado.

— O que você tá fazendo nesse buraco?

— Longa história. — respirei fundo. — Tem como você vir aqui?

— Claro. — falou, desligando na minha cara.

Tornei a guardar o celular no bolso e me agachei perto da bela adormecida.

— Quem é você? — sussurrei mesmo sabendo que ela não iria responder, então dei um pulo quando sua mão caiu inerte ao lado do corpo. — Porra!

Quando meus batimentos cardíacos voltaram ao ritmo normal, percebi que seu movimento foi involuntário; mais uma prova de que estava viva.

Precioso DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora