C H A P T E R 3

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E l i z a b e t h

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E l i z a b e t h

Dor lancinante.

Minha cabeça estava prestes a explodir.

Tentei despertar, mas algo mais forte me impedia de fazer isso.

Estranho!

Apesar da letargia por todo o meu corpo, fui perfeitamente capaz de perceber algumas coisas. Eu jazia deitada em algo extremamente macio. Isso acontecera antes, até porque eu dormia no solo úmido do galpão. As únicas ocasiões que usufruí de conforto sobrevieram antes que meus pais fossem expulsos de suas terras há treze anos, com os cercamentos.

Vozes.

Estremeci internamente, tentando reconhecê-las. Elas estavam por toda parte.

Será que os oficiais me apanharam novamente?

Eu esperava que não, uma vez que açoites seriam o mínimo que eu sofreria. Talvez meu corpo amanhecesse flutuando no rio Tâmisa.

— Julian a encontrou... sim, ela já estava desacordada. — alguém murmurou. — Acho que caiu com a pancada. Olha isso. — senti algo contra minha testa.

— Coitadinha. — disse uma voz muito aguda. — Acho que ela sofria nas ruas.

— O Dr. Jordan veio aqui e a examinou. — disse uma voz masculina levemente aveludada. — Quando a encontrei no beco, liguei para o Steve e ele me ajudou a trazê-la para cá. Se a senhora quiser, podemos devolvê-la para lá sem problemas. É só pedir e nós...

— Não! — ouvi um brado feminino.

— Tudo bem. Não está mais aqui quem falou. — notei uma pitada de diversão na voz.

— Nem pense em fazer isso! — a voz feminina replicou mais suavemente. — Vou cuidar dessa menina até que ela se recupere.

Fui tomada pela surpresa.

— O quê? — questionou a voz masculina, sobressaltada.

— Isso mesmo. Não sei explicar, mas já sinto certo afeto por ela.

— Você fumou, mamãe?

— Me respeite, Julian! Sou sua mãe. — rebateu, aborrecida.

— Foi mau. Não quis lhe faltar com respeito, mas sua atitude é meio estranha. Nem a conhecemos direito. Já pensou se ela tem alguma doença contagiosa?!

— Nem fale uma coisa dessas. Aliás, quem teve a ideia de trazê-la para cá foi você, então não venha me criticar.

— Tudo bem, desculpa.

— Ligue para sua mãe, Steve. Chame-a aqui, por favor.

Steve?

— Claro, Sr.ª Stanford. — pude ouvir outra voz masculina. Presumi que fosse do tal Steve.

Minha mente estava um tumulto depois da conversa desses três. Quer dizer, atinei que fossem três, considerando a diferença entre os tons de voz.

Outra vez me ocorreu tentar despertar, mas meu corpo simplesmente não quis obedecer.

Eu me esforcei um pouco mais, então consegui abrir os olhos.

Eu me arrependi no momento que uma luz intensa me cegou.

Pisquei algumas vezes, aliviada por ter despertado e angustiada com o que estava testemunhando.

Ah, meu Deus! Isso era muito pior que os monstros fardados!

Observei a luz presa em uma esfera de vidro, no teto; uma coisa monstruosa e escura pendurada na parede e outros artefatos peculiares e assustadores por toda parte.

Onde eu estava?

O que estava sucedendo?

Sentei-me no leito enorme, tentando acordar do pesadelo.

— Ela acordou! — ouvi a mesma voz feminina de antes.

Com os olhos amplos, encarei os três pares de olhos fixos em mim.

Soltei um suspiro de espanto.

E finalmente observei seus trajes estranhos.

A senhorita loira estava usando calças?!

Isso era proibido e tão indecente em Londres, apesar de eu já ter tentado usar e achar incrivelmente agradável.

Observei os dois garotos, percebendo que também trajavam vestimentas estranhas e... o que eram aquelas coisas em seus pés?!

Eu me empurrei para fora da cama, ignorando os três. Lancei um olhar para o cômodo espaçoso, com o coração aos pulos.

Isso era loucura!

Tive certeza de que devia julgar minha sanidade mental.

Lembrei-me do muro. Sim, aquele muro assustador. Depois o vendedor fugiu, e a dor em meu corpo tornou-se lancinante, até que perdi a consciência. Então, agora, eu me encontrava nesse lugar estranho.

Eu não me importei com os olhares abismados dos três indivíduos, enquanto percorria o aposento, bisbilhotando cada peça estranha.

Dei um salto quando o objeto do tamanho da minha mão emitiu um brilho peculiar e um barulho medonho em cima de uma mesa ao lado do leito.

Respirei fundo, tentando me acalmar, então percebi que minhas pernas tremiam involuntariamente e minhas mãos suavam de inquietação.

Senti minha cabeça girar.

Isso era inteiramente irreal. Esses artefatos, os trajes, esse lugar...

Assustada, fiz a primeira coisa que me ocorreu:

Enchi os pulmões de ar e gritei.



***


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