C H A P T E R 20

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Elizabeth

Deitada na cama, eu revivia aquela noite inesquecível em minha cabeça. Julian foi uma ótima companhia e me tratou bem em todos os momentos, bem diferente do rapaz irascível que encontrei assim que despertei da inconsciência.

Eu nunca havia beijado alguém antes e é claro que isso foi embaraçoso, mas eu não podia negar que foi... bom.

Sorri com a lembrança e depois me peguei com o rosto quente pelo embaraço. Louis com certeza riria de mim se soubesse em quê eu estava pensando.

Quando me dei conta, minhas pálpebras começaram a pesar e finalmente mergulhei em um sono profundo.


***


Londres, 1765

Uma garotinha chorava.

Seus soluços eram altos e eu estava intrigada. Tão intrigada que não me controlei.

Percebendo que Louis estava mergulhada em um sono pesado, saí sorrateiramente do galpão e me aproximei da pequena criança de pele negra. Parecia ter seis anos e estava próxima a um grande latão de lixo.

O clima se tornou extremamente gélido e a neve caia sobre meu cabelo sem trégua.

A menina ouviu meus passos e se virou.

Parou de chorar imediatamente.

Estava suja e suas roupas mal a cobriam. Achei que talvez estivesse com frio.

Eu me agachei perto dela.

Olá. O que aconteceu? Por que está aqui fora? falei, estremecendo pelo frio. Eu não era muito mais velha que ela. Havia acabado de completar nove anos.

Ela ficou meio desconfiada, então decidiu falar algo.

Eu me perdi dos meus pais. Não tenho para onde ir.

Analisando-a melhor, finalmente compreendi. Ela provavelmente havia sido abandonada pelos pais. Mais uma criança sozinha no mundo. Senti-me mal por ela, apesar de também ter sido abandonada.

Mesmo assim sorri.

Quer conhecer um lugar? Não tem muita coisa, mas há cobertores quentinhos e um colchão. murmurei.

A menina afastou as lágrimas do rosto com a mão, fungando levemente.

Está falando sério?

Claro que sim. Eu tenho certeza que você vai gostar de lá. murmurei, estremecendo pelo frio. Meus lábios estavam secos pela queda de temperatura e precisava voltar para o galpão, se não morreria aqui fora e Louis ficaria preocupado. Fica bem ali. apontei o lugar a poucos metros.

Tem cobertores? questionou com a voz infantil.

Claro que tem.

Rasgados, velhos e em péssimas condições, mas pelo menos ainda podiam ser chamados de cobertores.

Comida também? um pequeno sorriso despontou de seus lábios.

Eu me senti extremamente mal com suas palavras porque há dois dias eu não havia colocado nada na boca, mas precisava mentir para tirá-la daquela tempestade de neve.

Precioso DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora