Julian
Londres era um bom lugar para se comemorar o natal. Havia luzes e árvores exageradamente enfeitadas por todos os lados. A neve também criava o ambiente mágico para a data comemorativa e, mesmo que já estivéssemos na véspera, as ruas continuavam cheias de pessoas prontas para comprarem seus presentes. Parecia o cenário perfeito para o conto de natal de Dickens.
O natal também era a época da maior reunião familiar dos Stanford depois que minha mãe se divorciou. Todos se aglutinavam em conversas sem fim e piadinhas sem graça na sala de estar. Meus primos idiotas descreviam as viagens pelo exterior e meus tios enchiam meus tímpanos com conversas banais. Pelo menos não falavam de trabalho e era impressionante a forma como minha mãe fingia suportá-los. Eu nem me dava ao trabalho. Ela só os convidava porque era uma boa pessoa; diferente deles. Minha mãe também teve um trabalhão no dia anterior para explicar sobre Elizabeth.
— Estou impressionado com o crescimento intelectual de Julian. Ele não passava de um moleque paspalhão quando foi nos visitar. — tio Victor tentou soar brincalhão.
Velho idiota!
Fui capaz de ouvir risadas e tive que controlar a raiva pelo comentário inconveniente.
Percebi quando minha mãe lançou um olhar assassino para o próprio irmão.
— Tenho que concordar com isso. — Ackroyd, meu primo idiota de dezoito anos e filho de Victor, entrou na brincadeira sem graça.
Revirei os olhos.
Era impressionante o quanto um cara conseguia ser mais ridículo do que o próprio nome.
— Também fiquei impressionada com a mudança física de Ackroyd. — disse mamãe, chamando a atenção deles. — Lembro-me que ele tinha dentes tão grandes que mal podiam caber na boca.
Cuspi minha bebida.
Ouvi as risadas dos demais parentes e foi impossível reprimir a minha. O mais irônico foi o fato de que até mesmo a esposa de Victor entrou na onda de risada. Meu tio e primo disfarçaram o aborrecimento com sorrisos forçados.
Minha mãe era incrível.
Depois do episódio hilário, tia Eilis decidiu mudar de assunto finalmente.
Lancei um olhar para um ponto distante da sala, encontrando Elizabeth sentada no outro sofá. Ela estava enfiada em um longo vestido branco e parecia distraída com um tablet. Quando pareceu perceber minha atenção, ergueu o rosto, sorrindo logo em seguida. Sorri de volta sem poder evitar.
Fiz um maneio com a cabeça, indicando a porta lateral da mansão antes de ficar de pé. Liza entendeu o recado e deixou o objeto em cima da mesinha ao lado antes de seguir em minha direção.
Do lado de fora, soltei um grande suspiro de contentamento. Elizabeth parou ao meu lado, observando o grande jardim coberto pela neve. Ela não parava de cair, mas estávamos protegidos pela inclinação no teto.
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Precioso Destino
FantasyO ano é 1773. Elizabeth Thompson conhece as ruas de Londres como a palma de sua mão e sabe que roubar é o único jeito de sobreviver. Após uma perseguição pós roubo, ela acaba encontrando um obstáculo estranho: um muro de quase quatro metros, obstru...