Elizabeth
Eu estava preocupada com o desaparecimento de Julian, mas acreditava que ele estivesse bem; talvez preocupado comigo. Depois que terminasse de escutar Melinda, eu o procuraria com certeza. Agora eu estava deveras curiosa e precisava sanar todas as dúvidas possíveis.
— Por que viemos para cá? — percebi que estávamos um pouco distantes do show; à beira do mar; praticamente escondidas pelas pedras enormes. Eu acabei sentando em uma. O cabelo de Melinda voou contra seu rosto e ela sorriu antes de voltar seus olhos para mim. Involuntariamente estremeci consciente de que Melinda parecia enxergar algo muito mais profundo. — O que sabe sobre Louis? Como o conhece e...?
— Tantas perguntas... — interrompeu-me, revirando os olhos. — Posso responder todas elas, mas antes preciso começar do zero.
Franzi o cenho.
— Como assim?
— Você já se perguntou por que está no século errado?
Sua pergunta me atingiu em cheio e eu ampliei os olhos.
— Como...?
— Como eu sei? — sentou-se ao meu lado, mas seus olhos se perderam na imensidão do mar. — E se de alguma forma eu fosse a responsável?
Senti um calafrio.
De toda forma, eu não conseguia duvidar dela, afinal já era algo extraordinário minha provável viagem no tempo e o fato de Melinda saber disso. Eu não poderia mesmo duvidar de mais nada.
— Do que você está falando?
Eu queria saber de tudo, principalmente sobre a relação de Melinda com a minha história. Senti minha cabeça rodar com a confusão.
— Querida, Elizabeth. — balançou a cabeça. — Você não lembra mesmo, né?
Antes que eu pudesse rebater, ela levou sua mão até a minha e a apertou gentilmente. Para meu profundo espanto, fui bombardeada por uma série de lembranças.
1765.
A garotinha na tempestade de neve...
O olhar triste e faminto, que parecia pedir atenção.
Cobertor...
Galpão...
Voltei à realidade quando Melinda afastou a mão.
Com uma careta de horror, encarei a garota que naquele exato momento tinha um sorriso no rosto.
— O que você...?
— Digamos que tenho alguns truques.
— Você entrou na minha mente?! — eu estava chocada. — Me fez ter lembranças e...
— Sim, eu fiz tudo isso e posso fazer muito mais. — seu sussurro se misturou com a brisa noturna.
Levei as mãos até meu peito, tentando acalmar as batidas do coração e não consegui disfarçar a expressão de espanto.
— Meu Deus! Você é ela, não é? Aquela garotinha que ajudei e levei para o galpão? A mesma que desapareceu na manhã seguinte.
Melinda assentiu, deixando-me assustada.
— Mas como pode? Também viajou no tempo?
Como era possível algo assim? Melinda era uma... bruxa?!
— Digamos que minha história é um pouco mais complexa do que a sua e você precisa me ouvir desde o início para compreender. Pronta?
Sem palavras, eu apenas assenti.
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Precioso Destino
FantasyO ano é 1773. Elizabeth Thompson conhece as ruas de Londres como a palma de sua mão e sabe que roubar é o único jeito de sobreviver. Após uma perseguição pós roubo, ela acaba encontrando um obstáculo estranho: um muro de quase quatro metros, obstru...