C H A P T E R 9

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Lucille Peters estava concentrada em Dança Com Lobos. Os óculos de aros enormes descansavam sobre o nariz, e ela parecia devorar cada página, ignorando as pancadas de chuvas do lado de fora.

Estremeceu quando um trovão fez estardalhaço ali perto e observou pelo canto de olho Jack Peters seguindo em direção à entrada do bar, provavelmente com a intenção de fechá-lo, pois passava da meia noite e os clientes já haviam ido para casa.

A garota de cabelos castanhos sorriu em um trecho do livro, então escutou gritos angustiados.

Seu sorriso morreu.

Ficou de pé em um pulo, deixando o livro sobre o balcão. Dando a volta no mesmo, seguiu até o homem que parecia lutar com algo.

Lucille ficou em choque quando Jack segurou alguém contra o peito e lutou para trazê-lo para o interior do bar.

— Filha, tranque o bar.

Ela não hesitou em obedecê-lo, então os isolou ali dentro.

Decidiu observar quem seu pai ajudara, ampliando os olhos ao ver o pai tentando sustentar um garoto.

Devia ter sua idade, apesar da sujeira e cabelo acima dos ombros deixarem-no com aparência de mais velho.

— Ele está com febre. Não passa de um garoto. — disse seu pai.

Jack era uma boa pessoa; não negaria ajuda a um pobre coitado que decidiu pedir clemência em seu bar. Decidiu ajudá-lo assim que notou que o garoto parecia inofensivo.

— Onde o encontrou, papai?

— Estava caído aí na frente. Soltava gemidos de dor, provavelmente causados pela febre.

Lucille observou o pai tentar subir com o garoto pelas escadas, então decidiu ajudá-lo na tarefa.

Logo depois o garoto estava deitado sobre a cama do velho quarto de hóspedes e continuava inconsciente. Não apresentava machucados, mas a febre continuava forte.

Quando Jack deixou o quarto para buscar remédios, Lucille permaneceu ao lado da cama, concentrada em observar o rapaz de aspecto maltrapilho. O cabelo precisava de um corte urgente e a magreza do garoto dava indícios de que não comia a um bom tempo.

Ela sentiu pesar, e, involuntariamente, afastou alguns fios do cabelo escuro que cobriam os olhos dele.

Nesse momento, ele soltou um gemido de aflição e Lucille afastou a mão como se tivesse levado um choque.

Os trovões eram assustadores e intensos assim como o barulho das gotas de chuva contra o teto.

— Ei, acorda. – ela tocou os ombros do rapaz, tentando fazê-lo reagir.

Sabia que era uma atitude idiota, considerando que ele parecia longe de estar consciente. Talvez estivesse delirando pela febre.

— Eli... — ele balbuciou, suando profundamente, ainda de olhos fechados.

Lucille franziu o cenho.

— O quê?

— Eli... — ele parecia estar mergulhado em algum sonho bem ruim e cerrava os olhos.

— O que você está tentando dizer? — questionou suavemente.

Então o garoto deixou escapar uma palavra que não faria sentido algum para ela:

— Elizabeth!

Precioso DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora