C H A P T E R 15

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Julian

Quarta-feira

Eu estava ao lado de Steve e Erika quando senti um cheiro enjoativo de ervas. O odor não era de todo mau, mas estava bem forte, o que me deixou com vontade de vomitar no meio do corredor.

A responsável pelo cheiro, uma garota de cabelos chamativos e rosto comum, vestia um longo vestido negro, o que a deixava bem próxima de alguma vilã de contos de fada. Ela ignorava explicitamente a regra de uso obrigatório do uniforme.

— Quem é ela? — questionei, vendo-a se afastar.

Ela era o foco de diversos olhares no corredor da Blake Rousseau e eu fui capaz de ouvir o rastro de comentários que ela deixava.

— Melinda Parker, a novata estranha. — Steve me encarou. — Chegou há duas semanas. Não me pergunte mais nada sobre ela, porque a garota é um verdadeiro enigma.

— Posso contar algo para vocês? — Jane Garber se aproximou. Mesmo não tendo intimidade nenhuma com ela, assentimos. — Parece que Melinda é uma espécie de vidente. Descobriu o nome e a idade da minha amiga Cheryl sem nunca tê-la visto antes.

— Como assim? — questionei irônico. — Isso é fácil de descobrir. Todo mundo nessa escola fala de tudo. Ela pode ter ouvido por aí.

Jane revirou os olhos, afastando a franjinha loira da frente dos olhos.

— Não foi só isso. Estávamos na quadra de basquete quando Melinda se aproximou. Ela me ignorou por completo e sentou próxima a minha amiga antes de se apresentar. Ela disse que já sabia que ela se chamava Cheryl. Sabe o que é mais estranho?

— Hm? — murmurou Steve, curioso.

— Ela disse que minha amiga deveria ter cuidado com o irmão mais novo, Bram, de oito anos, porque ele adorava soltar fogos de artifício com os amigos quando seus pais e ela não estavam em casa e isso poderia causar um acidente terrível.

Franzi o cenho.

— Realmente é algo estranho. — Erika comentou. — Mas e se Melinda descobriu...?

— Ouvi boatos de que Melinda é da Noruega. Chegou há poucas semanas. Fora eu, ninguém mais sabe que Cheryl tem um irmão e muito menos o nome dele. Sou a única amiga dela e ela confessou que ninguém na escola tinha essa informação além de mim. Sobre os fogos, minha amiga não fazia ideia, mas ontem ela saiu da escola mais cedo e flagrou o irmão soltando fogos no quintal. Ele gastou todo o dinheiro de sua mesada com isso.

Erika franziu o cenho. — Tenho certeza que é vidente, então.

— Você acredita nisso? — eu a observei, divertido. — Isso é papo de maluco.

— Não é não. Minha avó disse que algumas pessoas têm dons incríveis.

Bufei sem acreditar.

Essa coisa de vidência era baboseira. Essa tal Melinda não devia passar de uma farsante.


***


Eu precisava terminar um trabalho escolar, então decidi jantar em meu quarto.

Depois que Edith sumiu com as louças, deixei o trabalho de lado e tomei a iniciativa de tomar uma ducha. Quase congelei no processo e regulei a temperatura do chuveiro.

Assim que vesti uma calça de moletom escura e camiseta azul marinho, continuei fazendo minha tarefa de Física.

Quando finalmente terminei, saí do quarto, seguindo pelo corredor extenso.

Precioso DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora