Elizabeth
Eu estava metida em um problema do qual não conseguia sair.
Permaneci no mesmo lugar, sem me mexer, observando tudo com desconfiança.
Conforme os minutos se passavam, eu me convencia cada vez mais de que tudo era real.
Mas como era possível algo assim?
Observei os quadros com pinturas estranhas nas paredes. Eles pareciam curiosamente reais. Muito mais reais do que a mais elaborada pintura que cheguei a ver na feira ao ar livre de Londres.
Fugir. Essa seria minha meta após conseguir escapar dos olhares desses três estranhos.
Julian, que tive quase certeza de que era o dono desse quarto, estava cochichando alguma coisa com Steve. Enquanto isso, a moça me observava algumas vezes.
Talvez eu estivesse sendo grosseira por não agradecer pela ajuda que eles haviam me prestado quando perdi a consciência. No entanto, ao mesmo tempo, eu os via como verdadeiras ameaças.
De um instante para outro, lembrei-me de Louis, então imaginei onde ele estaria nesse momento. Eu esperava que estivesse bem.
Respirei fundo, pensando na impossibilidade de eu estar no século 21. Mesmo assim, eu já havia ouvido boatos sobre viagens no tempo e nunca julguei que pudesse ser algo autêntico. Louis também costumava alardear isso pelos quatro cantos, mas nunca dei importância a uma fábula tão boba como essa quando estava preocupada com o que iríamos comer.
Balancei a cabeça, como para afastar os pensamentos confusos, então observei com cautela a esfera brilhante pendurada no teto. Era feita de vidro, tenho certeza, mas a origem da luz em seu interior era desconhecida para mim.
Não negarei que tudo isso estava me desconcertando.
Estremeci quando uma mulher de cabelos escuros e semblante sério entrou no quarto. Ela abraçou Steve, então se afastou, parecendo se dar conta da minha presença.
Antes de estar sob o peso do seu olhar intimidador, estranhei seus trajes, semelhantes aos da mãe de Julian. Essa também usava calças e eu me perguntei como isso era possível em uma sociedade tão restrita com as mulheres como Londres. Talvez eu estivesse mesmo no futuro.
Ela ergueu a sobrancelha escura na minha direção e me avaliou com atenção.
— Quem é essa, Kate? — encarou a outra moça.
— É a mocinha que eu te falei no telefone, Susan. — Kate sorriu.
— Ah... sim. — a máscara de desconfiança da outra se desmanchou em um sorriso de compreensão. — Ela está precisando de um banho. — aproximou-se, enrugando o nariz em minha direção. Irritei-me com sua arrogância, apesar de saber que necessitava mesmo de um banho. Não recordava o que era água e sabão há meses. — Precisamos dar um jeito nessa menina.
— Mas antes ela precisa se alimentar. — Kate disse, então meu estômago emitiu um barulho vergonhoso, fazendo Julian e Steve caírem na risada.
Meu rosto esquentou.
— Edith! — Kate chamou, então a mesma senhora de antes apareceu. Ela assentia conforme Kate despejava uma enxurrada de ordens. Depois ela pediu licença, deixando o quarto. Não demorou muito a retornar com mais algumas pessoas seguindo-a.
Elas depositaram diversas bandejas à minha frente; na cama. Estavam repletas de mantimentos de todos os tipos – muitos me eram estranhos.
Sobressaltei-me porque nunca tive o privilégio de ser servida por alguém e muito menos ser tratada com tanta gentileza. No mínimo, o que recebi durante toda a vida foram patadas e palavras grosseiras.
Louis ficaria maravilhado se pudesse ter a mesma chance.
— Sinta-se à vontade para comer o que quiser. — Kate sorriu ao ver o brilho em meus olhos, então não pensei duas vezes antes de assaltar os alimentos nas bandejas.
***
Em breve tem MAIS
Beijos, Lucy Saycer
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Precioso Destino
FantasyO ano é 1773. Elizabeth Thompson conhece as ruas de Londres como a palma de sua mão e sabe que roubar é o único jeito de sobreviver. Após uma perseguição pós roubo, ela acaba encontrando um obstáculo estranho: um muro de quase quatro metros, obstru...