Luíochán

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'Seu avô estaria decepcionado com você.'

Poucas coisas teriam me machucado mais. Eu vi nos olhos de daídi o arrependimento de imediato. Os gritos que havíamos trocado ainda ecoavam nas paredes da sala.

'Minato!' a voz da mam estava horrorizada na porta, onde segundos antes ela tentava acabar com a nossa discussão.

Daídi nunca havia levantado a mão para mim, mesmo nos últimos tempos. Mesmo ao encontrar a bebida no meu quarto, as expulsões e a ficha na polícia. Ele nunca havia precisado, seu olhar decepcionado sempre fora sua arma mais potente em mim.

Agora, eu preferia que ele tivesse me dado uma surra. Teria doido bem menos.

A verdade, afinal, sempre dói mais.

'Naruto...desculpe isso foi...'

'Tudo bem.' Eu mereci.

'Eu só...eu não sei mais quem você é, Naruto. Eu juro que eu não sei.'

Somos dois, daídi.

Eu também não sei mais quem eu sou.

ITACHI HAVIA DORMIDO APENAS DUAS HORAS DE SONO QUANDO OUVIU BATIDAS NA PORTA. Suspirou, estalando os ossos do pescoço e ombros, depois de longas horas na mesma posição lendo os arquivos. A única pessoa que o procurava àquela hora da madrugada era Sasuke, sendo que Kimimaro já havia o avisado na segunda fuga dele horas antes.

Seu irmão era um teimoso irremediável.

Quando abriu a porta, no entanto, não era seu irmão. Naruto se encontrava na sua porta, vestido apenas com uma calça leve apesar do frio e um capuz sob os cabelos loiros. Estava descalço. Bastou uma breve olhada em seu rosto quando ele o ergueu para saber que algo havia dado muito errado. Seus olhos estavam vermelhos, cansados. Seu lábio partido, e uma marca arroxeada em um dos lados de seu rosto, de um tapa. E havia sangue seco nas suas mãos, em um lenço com que ele as prendia. Seu rosto estava vermelho, o olhar distante, febril. Se encararam por alguns instantes, até que o garoto falou.

—Preciso de Kimimaro. O ferimento do Sasuke abriu e ele não está acordando.

Os olhos dele estavam apagados, nos seus, como se apenas estivesse no automático.

—Vocês brigaram?

O outro ficou tenso, e então deu de ombros.

—Onde ele está?

Perguntou terminando de abrir a porta, dando espaço para o outro entrar enquanto pegava o telefone na mesinha, já digitando a mensagem para o outro vencedor.

—No...meu quarto.

A voz de Naruto saiu trêmula, e Itachi ficou tenso, voltando a cabeça e olhando para o outro que se sentava no sofá, com uma expressão de dor no rosto enquanto colocava a mão nas costelas, antes de desviar os olhos para o chão.

Oh não.

Mandou a mensagem e jogou o celular de lado, aproximando-se de Naruto para ver uma de suas mãos. O outro a puxou quando a pegou, mas segurou firme, abrindo o lenço. Os pontos estavam todos arrebentados, com sangue seco impregnado. Ergueu a outra mão, colocando na testa do outro que estava muito quente. Alguma coisa havia dado errado, muito errado.

—Naruto...quem fez isso com você?

Os azuis se focaram nos seus finalmente, e havia uma tristeza tão absurda ali, mágoa, dor, que o fez tremer internamente. A voz do outro saiu em um sussurro.

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