Ninguém nos prometeu um amanhã

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Notas iniciais

Se passa entre o capítulo Miódog e Davlin, ou seja, os dias antes do desastre todo acontecer. Escrevi esse extra para Luray, que disse que a música Like I'm Gonna Lose You era o tema de Sasuke e Naruto em Seacht. E é mesmo.

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Os momentos na torre eram o refúgio dos dois.

Parecia que ali nada podia os alcançar, que nada mais existia. Nem o jogo, nem as ameaças ou todas as chances de tudo dar tão errado. Sem maldição, só Naruto e Sasuke.

E isso era suficiente.

Foi na torre que Sasuke contou sobre o templo que foi com a família quando criança e que sempre o fascinou, sobre as viagens com o pai e o irmão, e em como ele achava que nunca realmente poderia ser como eles. Ele não queria realmente, por mais que tenha tentado ser.

—E o que você quer ser, Sasuke?

A pergunta não foi feita com julgamento, apenas real curiosidade. Permitiu que ele passasse os dedos em seu cabelo, deitado com a cabeça no colo dele enquanto falavam quietamente.

—Eu...não sei, realmente.

Era a primeira vez que admitia isso. Todos os Uchihas sabiam o que queriam, e conseguiam o que queriam. Sempre havia sido assim.

—Devo parecer ridículo. — falou em um tom autodepreciativo e sentiu um puxão leve em seu cabelo com isso. Olhou Naruto que o fitava com 'aquela expressão'. A expressão que lembrava sua mãe quando não estava nada impressionada com ele.

—Adolescentes não sabendo o que querem são bem comuns, se não sabe. Apesar da maioria fingir que sabe o que quer da vida.

Ele tinha um ponto. Não sabia como estava olhando Naruto, mas ele fez um pequeno bico.

—Não me olhe impressionado assim quando falo algo inteligente, como se fosse raro.

—Bem...ai! Isso doeu.

—Bom. E está tudo bem em não saber o que quer da vida, Sasuke. Vai ter tempo de descobrir.

Ele esperava que realmente tivesse, mas falar isso seria mórbido.

—Você sabe. — Acusou, voltando a se acomodar nele agora que não tinha mais risco de perder cabelo. — Parece que sempre sabe.

Ele fez um som baixo de concordância, os olhos fitando a janela.

—Pareço mesmo? — O sorriso dele era pequeno, pensativo. — Quando eu era bem pequeno, eu queria ser médico como minha mãe. Daidí ficou de coração partido quando eu disse isso.

Sasuke riu baixo, ouvindo atento enquanto sentia as mãos dele em seu cabelo.

—Mas não quer ser mais?

—Não. Eu não tenho a cabeça necessária. — Ele hesitou por alguns segundos, e então suspirou. — E eu passei a odiar hospitais.

Na sua mente vieram cenas de um quarto de hospital, um homem loiro chorando do lado de uma cama. Uma mão pequena com uma agulha na veia, erguida, tentando alcançar algo. E 'daidí, não chore daidí, nãochorenãochore'.

A cena foi cortada de forma abrupta e piscou, confuso.

—Desculpe. — Naruto murmurou, e sabia que era uma lembrança dele. Não comentou sobre isso. — Enfim, eu decidi ser como Seanathair. Daidí até hoje pensa que foi por causa dele. O deixei pensar isso e ser feliz.

A tentativa de humor era um pouco forçada, mas deixou passar. Ergueu a mão e tocou no rosto dele, o fazendo o fitar. O puxou para mais perto e ele veio, curioso.

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