Ionramháil

864 78 178
                                    

Avisos: Tortura física e psicológica, assédio e Tobirama, que acredito que já pode ser considerado como seu próprio aviso nessa história. 

'O passado faz a pessoa.'

Não sei se isso é verdade ou não, mas eu não deixaria mais ele me impedir de ser quem eu queria me tornar.

Naquele ponto as coisas estavam mudando rapidamente, e eu não tenho orgulho da pessoa que estava me tornando. Mas ainda assim, para protegê-los. Protegê-lo.

Eu faria tudo novamente.


NOLAND ESTAVA DESAPARECIDO O DIA INTEIRO.

Quando ficou notável que ele não estava apenas escondido tentando chamar atenção, as pessoas da vila começaram a reunir uma busca, comandada por seu pai. Nos últimos tempos poucas pessoas se atreviam a entrar na floresta, por isso não tiveram muitos voluntários.

E por isso Ewen ficava tão furioso por não o deixarem ir. Era seu irmão lá, perdido. As pessoas que iam para a floresta não voltavam. Todos sabiam disso. A Floresta era território deles, dos bruxos. E para piorar tudo durante todo dia as pessoas sussurravam com olhares de pena; Sobre Noland ter sido morto pelos bruxos, ou devorado por algum animal.

As pessoas nem mesmo estavam se importando com seu irmão, mas utilizando seu desaparecimento para incitar mais violência contra a vila pagã.

Ewen só queria seu irmão de volta. Ele era sua responsabilidade. Se ao menos tivesse dado mais atenção a ele durante o dia. E agora Noland devia estar sozinho e assustado, no meio da chuva que caia. Esperando por ele.

Porque Noland não estava morto. Ele não podia estar.

Tudo o isso não o deixara dormir. Apenas ficara sentado na mesa de madeira, a luz da lareia iluminando e dando formas escuras de sombras a parede. Sua mãe havia chorado até dormir, e tudo ao redor era silêncio, exceto pela chuva que caia lá fora.

E por isso ele ouviu com tanta clareza o barulho. Tum tum tum. Pegadas de um grande animal, talvez um urso, às vezes eles surgiam por perto da mata.

Nunca tão perto.

Ergueu-se devagar. Não podia acordar sua mãe, teria que protegê-la. Pegou a única arma que tinha em mãos, um pedaço de madeira no pé da porta, e acendeu uma tocha, se preparando para espantar o urso com o fogo.

Quando o barulho estava muito próximo, podia identificá-lo atrás da casa, que era afastada das outras, mais perto da floresta.

Abriu a porta devagar, vasculhando a escuridão.

E foi quando viu a besta.

Abriu a boca para gritar, mas estava paralisado de medo, suas pernas tremiam, a tocha caindo no chão e se apagando. Antes, teve um vislumbre, e a certeza que não era um urso, apesar de ser tão grande ou maior que um.

O pelo era dourado, e os olhos cinzentos e brilhantes, quase elétricos. De tal forma que mesmo agora na penumbra podia vê-los, como faróis, fixos em seu rosto.

Caiu de joelhos na lama, sua respiração rasa.

—Ewen?

A vozinha pareceu trazer ar de volta aos seus pulmões, a força opressora sumindo. Uma força se jogou em seu corpo e olhou para baixo e viu os olhos escuros e brilhantes de seu irmão.

Vivo, ensopado, mas intacto.

—Noland? — murmurou, ainda em choque, os braços rodeando o seu irmão, o abraçando com força.

SeachtOnde histórias criam vida. Descubra agora