Maldições eram temas comuns nas histórias que meu avô contava. Como os filhos de Lir, transformados em Cisnes pela mão da própria madrasta. Ou como o rei Fergus tentou amaldiçoar o rei Cathal e acabou ele mesmo atingido. E, minha favorita, a maldição do poeta Carbury contra o cruel rei Breas.
Todas elas tinham algo em comum: A intenção de causar o dano. Vovô dizia que era o comum dizer na Irlanda, em se ter cuidado no que lhe é oferecido, porque o mal está na intenção e o veneno pode estar em um mero olhar de um coração rancoroso.
"O rancor, sionnach beag, é o combustível para se amaldiçoar vidas."
Mesmo naquela época, eu guardei essas palavras no meu coração, mas foi bem mais tarde que eu aprendi a verdade nelas da pior forma possível.
O rancor semeia o mal até no coração do mais nobre dos homens; pode os transformar em verdadeiros monstros.
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O BARULHO DA PORCELANA QUEBRADA ECOOU PELO QUARTO ASSIM QUE A PORTA SE FECHOU ÀS COSTAS DE MADARA, mas Obito queria mesmo que o vaso tivesse acertado o outro em cheio.
Eles o estavam descartando.
A cadeira voou para a parede, o vidro da mesa se partiu.
Haviam o trancado naquele quarto por dias, longe de tudo, e agora simplesmente o descartavam como se não fosse nada, como se não o tivessem quebrado anos atrás, o usado por tanto tempo.
Ele sabia que o fato de decidirem o tirar do país não significava nada além de uma falsa segurança, que na verdade ele seria morto no momento em que pisasse fora dali, e fariam tudo parecer um acidente. Lhe davam falsa segurança, mas ele sabia o que aconteceria.
Todos aqueles putos sabiam.
Respirou rapidamente na destruição do quarto, o cabelo caindo pelo rosto vermelho, os dentes trincados. Soltou o grito enfurecido antes de cair de joelho em meio ao vidro e madeira quebrada.
Naruto, eles o tirariam Naruto. Sabia que se saísse dali, não o veria mais. Nagato não poderia protegê-lo por muito tempo. Por mais que odiasse o homem, sabia que o único motivo de não terem levado para uma base ainda era a sua manipulação sútil, e o fato de Tobirama ser um sádico e convencer a todos que deveriam esperar e ver o que aconteceria. Como se ele fosse uma maldita cobaia, tudo se tratava disso, desde o começo.
Tudo sempre se tratou de Naruto e de como poderiam usá-lo. Como tinham o usado.
"Você tem que tirá-lo daqui. Ele é seu, não deles."
A voz fez com que erguesse a cabeça rapidamente, os olhos ferozes vagando pelo quarto enfurecidos, em busca do inimigo. Não havia ninguém.
"Olhe só para você, patético no que se tornou."
—Quem está ai! — gritou erguendo-se cambaleante, as palavras saindo em arfadas furiosas. Iria matar quem ousava zombar de sua angústia.
"Fraco. Você é fraco, um homenzinho de fato patético."
Seguiu a voz, agora com cautela, a mão em um caco de vidro, pronto para atacar.
"Aqui, siga-me, eu posso ajudar. Eu posso entregá-lo a você." Parou em frente ao espelho, a única coisa intacta na sua fúria. Era dali que vinha a voz. Da imagem refletida ali. A sua imagem.
"Não" pensou confuso, vendo sua própria boca se mexer. "A voz vem de mim. Como?"
—Ele é nosso e de mais ninguém. E eu sei como podemos tê-lo, para sempre dessa vez. Para isso você buscou e guardou as correntes não foi? Revirou o mundo em busca delas.
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Seacht
FanfictionQuatro almas presas em um ciclo vicioso que começou na Irlanda centenas de anos atrás. Aquela era a sétima chance. A sétima e última chance. [Escrita em parceria com escritora Bya]