Quando eu tinha cinco anos, tio Naa se distraiu alguns instantes e eu caí no riacho atrás da cabana. Foi assustador, não havia chão abaixo dos meus pés, eu não conseguia manter minha cabeça acima da água. O medo era tão excruciante que nem mesmo conseguia gritar por ajuda. Meus olhos bem abertos fitavam a água se tornando vermelha ao meu redor, suja de sangue.
Eu conseguia ouvir gritos de algum lugar: —Steve! Steve!
E então a voz de Aeron estava lá. A voz dele calma em minha mente, dizendo o que fazer. Meus pés se moveram em impulso, minhas mãos fora do meu controle deram as braçadas para cima e em direção a terra, a água se movendo ao meu redor, me impulsionando para fora. Eu lembro de ficar sentado no leito do riacho. Havia corvos na outra margem, voando das árvores, me fitando com seus olhos escuras enquanto eu tremia ainda em choque na lama.
Tio Naa chegou e me pegou nos braços; foi quando eu finalmente comecei a chorar. A água do riacho, a terra ao redor, estava tudo vermelho de sangue, mas quando gritei isso ao meu tio ele não via nada. Ele não via o homem de pé no leito, do outro lado. Cabelos loiros revoltos, rosto sardento. Seu peito sangrava, sujando toda a água, e a sua imagem parecia distorcida, como uma cena da televisão cheia de estática da casa do vovô.
Os corvos dançavam ao seu redor, e ele me fitava. 'Não é sua hora ainda.' Uma voz como um sussurro me seguiu até a cabana.
Apenas 14 anos depois essa frase fez algum sentido para mim.
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SASUKE AJUSTOU NARUTO EM SEUS BRAÇOS, trincando os dentes quando sentiu a dor aguda das queimaduras e outros ferimentos, mas não podia parar. O corpo rente ao seu estava quente. Quente demais, e ele murmurava coisas baixas e sem sentido em seu ouvido.
Um som alto o fez ficar alerta. Um grasnar. Olhou para cima e se assustou ao ver a quantidade de formas escuras, corvos nas árvores no caminho. Seus olhos negros o seguiam fixamente, saltando nas árvores.
Lembrava de ter lido em algum lugar que corvos reconheciam os rostos humanos, e isso no momento o fez se arrepiar completamente.
—Morrigan. — A voz de Naruto foi baixa em seu ouvido, e por um segundo achou que ele havia acordado, mas ele continuava de olhos fechados, expressão de dor em seu rosto.
Resolveu ignorar os animais, apenas esperando que não entregassem sua localização naquele momento, seria a pior hora.
Mais tarde tentaria lembrar se havia visto nos dias anteriores corvos na ilha.
(Ele não havia visto nenhum.)
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Era um quarto iluminado suavemente, a luz do sol penetrando através de uma janela alta de vidro. Havia caixas por todo lado, lençóis brancos cobriam móveis velhos, e tudo cheirava a poeira e a coisas antigas.
Estava sentado no chão, de pernas cruzadas na única zona da madeira que não parecia poeirenta. Devia ter dois anos, e os grandes olhos de um azul brilhante fitavam com uma atenção estranha a uma criança tão nova um espelho grande, de corpo todo, cheio de detalhes dourados, já enferrujando pela umidade.
Era algo antigo, havia sido de sua bisavó. Atravessara mares, vindo de terras estrangeiras, mas ele não sabia disso. Tudo que seus olhos viam era o outro menino. Eram parecidos, de algum modo. Os cabelos tinham aquela cor de sol que sua mãe falava tanto, e os olhos tinham um tom parecido, embora mais cinzento. O rosto era mais velho também. Não tão velho como seu Daidi, ou o Seanathair, mas mais velho do que ele.
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Seacht
FanfictionQuatro almas presas em um ciclo vicioso que começou na Irlanda centenas de anos atrás. Aquela era a sétima chance. A sétima e última chance. [Escrita em parceria com escritora Bya]