Eu nunca quis machucar ninguém, mas eu penso agora, se algum dia eu tive alguma escolha sobre isso. Se qualquer um de nós teve. O que poderíamos ter feito diferente?
Obito nasceu na família errada. Um pai que o criou desde cedo para ser apenas uma arma. Quando Madara o encontrou ele nem mesmo sabia o próprio nome, e com 12 anos, não sabia fazer nada além de matar. Isso, claro, eu soube bem depois.
Itachi, aos sete anos, deixou de ser criança. A responsabilidade de seis vidas caindo em seus ombros, as visões em detalhes recaindo sobre sua mente ainda infantil e colocando nele um peso grande demais. Sasuke me contou que ele passou meses acordando aos gritos em casa, os pais indo de hospital em hospital, terapeutas. Ele nunca mais foi o mesmo.
Sasuke sempre esteve no escuro. Vendo o que acontecia com o irmão que tanto amava e de repente havia se isolado dele. Sendo deixado para trás ao ver os pais se preocupando tanto com o irmão que ele passou a ser uma figura de pano de fundo muitas vezes. Ouvindo aquele impulso mental que sempre o puxava para coisas tão negativas.
Alguma vez tivemos alguma chance nessa farsa?
Meu avô, no entanto, sempre estivera certo. Tentar desafiar o destino estava no meu sangue.
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— SEANATHAIR?
— Sea, mo sionnach beag?
—Eu sou um menino ruim? — Jiraya olhou para o neto, surpreso pela pergunta inesperada. Caminhavam por uma trilha na floresta perto da cabana, voltando do rio depois de uma tarde de pescaria.
—Por que a pergunta, Mo dhuine beag?
O pequenino pulou um tronco, calado por alguns instantes. As cicatrizes haviam esbranquiçado há algum tempo, mas ainda pareciam muito evidentes no rosto pequeno.
—Eu sinto... — o loirinho finalmente falou. — Às vezes... que tem algo mau em mim. Algo muito mau.
Jiraya suspirou. Parou e virou-se para o neto, agachando-se à sua frente. Os olhos de Naruto pareciam velhos, antigos demais.
—Não se preocupe, Sionnach. Há algo mau dentro de todas as pessoas. Assim como há algo bom dentro de todas elas. Não tem como ser um, sem o outro.
—Mas... — o garoto franziu a testa e abaixou a voz, falando perto de seu ouvido. — Essa parte má me assusta, Seanathair.
—Isso quer dizer que seu lado bom é forte. — O homem falou com simplicidade. — Enquanto o mal assustar você, Naruto, quer dizer que está no caminho certo. A partir do momento que o mal não o surpreender mais... isso quer dizer que você vai ter que lutar. — A criança tremeu, e o homem tocou os macios cabelos do neto. — Há uma luta dentro de todos nós.
Naruto assentiu, aceitando o carinho de seu avô. Mas aquela pergunta ficou na sua cabeça, nunca dita.
E o que acontece se mal dentro de uma pessoa for mais forte que o bem?
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— Você gosta de quebrar as pessoas. Agora eu vou te quebrar.
Era como flutuar em um rio escuro, em águas calmas. Ele não via nada, não sabia nada, não era nada.
— Não vai sobrar nada.
As vozes se faziam distantes. Tudo era distante, enquanto estava mergulhado no nada.
— Naruto...pare...
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Seacht
FanfictionQuatro almas presas em um ciclo vicioso que começou na Irlanda centenas de anos atrás. Aquela era a sétima chance. A sétima e última chance. [Escrita em parceria com escritora Bya]