Mam me falou sobre o amor quando eu tinha 4 anos.
Eu lembro de estar sentado em seu colo, Karin correndo no jardim com tio Naa e daídi, e eu ter perguntado, na maior seriedade que uma criança de quatro anos pode ter:
— O que é o amor, mam?
Os olhos dela haviam se aberto em surpresa, e então ela havia dado aquela risada que eu amava e beijado minha cabeça.
—Amor é ver alguém e pensar que a pessoa é o lar.
—Lar? Como casa?
—Lar é o lugar para onde você sempre quer voltar, é onde se sente seguro e querido. O lar da gente nem sempre é casa.
E eu havia pensado nisso. E me veio à mente mam e daídi. Me veio à mente meus avôs e Karin e tio Naa.
—Amor é a sensação de que tudo vai ficar bem, se a pessoa estiver bem também. — Mam sussurrou, os olhos nos meus muito sérios. — Entende?
Eu assenti, com toda a finalidade do meu conhecimento novo.
—Amar é ter pra onde voltar.
Mam havia rido de forma gostosa.
—Sempre vou voltar pra mam.
—Acho bom.
E eu nunca duvidei disso.
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ELE O ENCONTROU NO TOPO DA COLINA, ONDE SE PODIA VER A FLORESTA INTEIRA. Havia sido a mesma colina que semanas atrás havia visto ao longe Aeron e Noland se beijando.
Ele lembrava da sensação. Do medo por seu irmão ao fazer algo que era proibido. Da tristeza que sentia, sem saber ao certo a razão.
Nunca esqueceria da forma com que Aeron segurava o rosto de Noland entre as mãos com carinho imenso, o abraçando como se ele fosse algo extremamente precioso, e do sorriso do seu irmão em resposta. Havia medo do proibido ali também, mas a excitação, o amor em seus olhos parecia o fazer ir contra suas crenças ao menos em alguma coisa em sua vida. Estava orgulhoso.
Então por que se sentia tão amargo? Por que a satisfação com o que havia presenciado no dia anterior no riacho?
—Ewen.
Aeron sempre o percebia. Ele sempre sabia.
—O que você é? — sua voz era suave, mesmo sabendo que não seriam ouvidos dali.
Aeron sorriu, sem o olhar, os olhos cinzentos tristes na floresta ao longe.
—Você lembra. — Não era uma pergunta.
—Não poderia esquecer. O que aconteceu com você? Como veio parar com Davlin?
—Me responda algo antes, e saberei se estiver mentido. — A voz dele não deixava margens a objeções. Como se pudesse se negar a Aeron, de qualquer forma. — Concorda com Noland? Sobre o meu povo?
O meu povo. Os pagãos.
—Foi o que aprendemos no templo, Aeron.
—Não foi isso que perguntei, Ewen. — A voz dele era firme. —Seu irmão acredita, não há dúvidas no coração dele que queimar pessoas por suas crenças, destruir suas casas, derramar sangue nessa terra que sempre foi deles é algo certo. Concorda com ele?
—Não.
Aeron o fitou e então suspirou.
—Não me parece...certo. Mas é o que aprendemos.
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Seacht
FanfictionQuatro almas presas em um ciclo vicioso que começou na Irlanda centenas de anos atrás. Aquela era a sétima chance. A sétima e última chance. [Escrita em parceria com escritora Bya]