Capítulo 1 - AMY

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04 de julho – Segunda-feira

"Senhoria Howard, será um prazer tê-la em nosso programa. Sexta-feira, dia 08 de julho, um carro chegará à sua casa para buscá-la. Estaremos esperando pela senhorita junto com os outros participantes. Obrigado por se inscrever!"

Eu ainda fitava a carta que tinha acabado de chegar na minha casa. Inacreditável! Não conseguia acreditar que, de tantas pessoas, eu e minha melhor amiga tínhamos sido escolhidas. Desde que nos conhecemos, aos cinco anos, nós falávamos e desejávamos ir para a escola Pacific Coast School, ou simplesmente PCS, que tinha sido inaugurada no início daquele ano.

Infelizmente, nossos pais nunca tiveram dinheiro para pagá-la. A PCS era o desejo de quase todos os adolescentes, já que era considerada uma das melhores, mais tecnológicas e avançadas escolas de todo o mundo. E quem estudava nela já possuía uma ótima recomendação. Todos os melhores profissionais vieram de lá. Na verdade, apenas a maioria deles. Havia escolas muito boas em países diferentes.

– Mãe! – gritei ao entrar em casa, procurando por Emma. – Conseguimos! Eu e Bree, quero dizer. Eles nos escolheram para participar do programa Além do Alcance!

Não havia ninguém na pequena sala de estar, nem na cozinha ou nos quartos também pequenos. Fiquei bastante preocupada. Meu pai morreu há uns cinco anos, e minha mãe continuava sofrendo. Ela desaparecia, às vezes, para ficar em locais que ele adorava. Então, decidi ir para a varanda atrás da casa.

E a encontrei sentada nos degraus da escadinha, olhando para o mar à sua frente. As ondas indo e vindo... Muito bonitas. Respirei fundo, observando Emma cautelosamente. Sentiria falta dela. Se ganhássemos o programa, seríamos aceitas na PCS e ficaríamos nos alojamentos da escola.

Mordi o lábio. Sempre admirei minha mãe, mesmo que ela tenha mudado completamente depois da morte do meu pai. Observei seu cabelo loiro, um pouco preso e um pouco solto, voando contra o vento. Como era de se esperar, eu era uma mistura dos meus pais. Tinha a cor do cabelo da minha mãe e a cor dos olhos do meu pai, azuis.

Depois que Robert morreu, minha mãe ou não ia ao trabalho, ou ia e voltava antes de terminar o expediente. Eu me perguntava como ela ainda conseguia manter o emprego. Ela tinha uma força que diminuía a cada dia, mas que ainda a permitia se levantar e cuidar de mim. Acho que eu era a única coisa que a fazia lutar para sobreviver e tentar ter uma vida melhor. O que aconteceria, quando eu fosse embora? Se eu fosse embora?

Antes mesmo do meu pai falecer, nós já tínhamos problemas econômicos. Quando eu tinha cinco anos, nós tivemos que nos mudar, porque, apesar de termos uma situação econômica melhor, ainda nos faltava dinheiro. Foi quando nos mudamos, há dez anos, que conheci Bridget Salvatore. Minha melhor, e única, amiga morava apenas a algumas casas de distância.

Passei um tempo ali, quieta, hesitando em contar para Emma. Havia lágrimas em seus olhos castanhos, e eu tinha certeza de que ainda se lembrava da morte do papai. Não queria contar para ela que eu também iria embora, mesmo não sendo exatamente do mesmo jeito. Me sentia mal por deixá-la sozinha em casa, mas... nós tínhamos que, tipo assim, seguir a nossa vida. Eu precisava mudar. Parar de viver pensando no passado.

– Mãe – comecei, me sentando ao seu lado na escada. Ela passou as mãos nos olhos, tentando enxugar e esconder as lágrimas –, recebi a carta de aceitação... Bree e eu fomos escolhidas para fazer parte do programa!

– Verdade, querida? – Emma se virou para mim com um sorriso de orelha a orelha. – Estou tão animada com vocês participando desse programa! Em breve, se ganharem, estarão na Pacific Coast School.

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