14 de agosto – Domingo
Era tarde de domingo, e Amy havia acabado de retornar da casa do tio. Ela se encontrou conosco – Bridget, Jesse e eu – no Laboratório. Havia algo diferente em Howard. Ela estava mais quieta. Ouvia sem me encher de questionamentos. Bridget também notou a diferença na amiga. Perguntamos – ou melhor, Jesse perguntou – se tinha acontecido alguma coisa, e foi quando ela nos contou que sua mãe estava doente.
Bridget soltou uma exclamação, levando as mãos à boca aberta, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Ela abraçou a amiga com força. Amy chorava e soluçava; seus olhos, vermelhos e inchados. Quando elas se afastaram, Jesse colocou a mão no ombro de Howard, e os dois se entreolharam.
– Depois desse breve momento de tristeza – comecei a dizer, levantando-me do banco e parando diante dos três –, nós precisamos focar no que está́ acontecendo. Na transformação delas. Precisamos saber quais são seus poderes. Ou os de Bridget.
Amy praticamente arregalou os olhos, fitando-me, enquanto as últimas lágrimas escorriam por sua face.
– É sério isso?
– O que é sério? – retruquei, cruzando os braços.
– Depois do que acabei de contar, você vai mudar o assunto assim? – disparou,
estalando os dedos uma vez. Fungou.– O que você quer que eu faça? Não podemos parar nossa vida e nosso progresso
por causa disso. Sei que você está sofrendo, sei o que aconteceu, todavia... não adianta ficar lamentando, Amy. Isso não vai ajudá-la em nada.Amy passou as mãos nos olhos e no cabelo, meneando a cabeça em negativa. Ela me lançou um breve sorriso, todavia, não parecia feliz.
– Se nada do que contei estivesse acontecendo, eu estaria bastante feliz ao saber que temos poderes. Poderia estar pulando nessa sala, bem animada, mas não vou fingir
que está tudo bem comigo, porque não está. Quer progredir com suas pesquisas e descobertas? Tudo bem. Não sou eu que vou atrasá-la. Então...Amy respirou fundo e abriu ainda mais o sorriso – era falso, com certeza.
– Nós temos poderes? – fingiu animação.– Pode se dizer que sim – respondeu Jesse com um breve sorrindo, fitando Amy
e ignorando seu fingimento. Cerrei os punhos. Estava me irritando com ela. – Começa apenas pelo básico e, depois, pode ir se desenvolvendo.– O que "básico" – Bridget fez aspas no ar – quer dizer para vocês?
– Ficar invisível – respondi, sorrindo para minhas companheiras de quarto. – Se vocês já possuem poderes, então, esse é essencial. Portanto, venham testar... as duas.
Apontei para elas, que se aproximaram de mim – Amy, um pouco contrariada. Bridget parecia assustada, todavia, estava gostando daquilo. Parei diante delas e abri a mão, os braços estendidos ao lado do corpo. Pensei em desaparecer e, bem, simplesmente desapareci. Era fácil, muito fácil.
Amy soltou uma exclamação e sorriu por um breve momento, até se lembrar da mãe. Bridget arregalou os olhos, também sorrindo, animada com o que poderia fazer, até olhar para a amiga e notar que ela não estava tão feliz assim. Suspirei, revirando os olhos.
Expliquei o que elas deveriam fazer, o que deveriam pensar, e Salvatore foi a primeira a tentar. Ela se concentrou, fechando os olhos, e – em pouco tempo – ela desapareceu. Rapidamente, voltou a aparecer com um largo sorriso, quase pulando de alegria. Esse poder era fácil, não precisava de muita coisa. Os outros talvez necessitassem de mais prática.
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Melissani
Fantasy*"Melissani" foi escrito em coautoria com Lívia Jatobá (@ashocolatadaa)* Chegue mais perto e pegue uma pipoca, porque está começando o programa Além do Alcance, onde só aqui é dada a chance de estudar com bolsa integral nas melhores escolhas que ess...