Capítulo 8 - AMY

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11 de julho – Segunda-feira

Terminando de guardar as roupas na típica bolsa de viagem azul-marinho de Emma, fechei-a e coloquei a alça no ombro. Ainda era manhã, e Bridget e eu estávamos a caminho da Pacific Coast School. O desafio tinha acabado, e nós tínhamos encontrado a bandeira. Havia apenas um enorme problema: não fazíamos a menor ideia do que havia acontecido conosco depois que os tentáculos de água nos puxaram para dentro do mar.

Aparecemos fora da caverna, algum tempo depois, já com a bandeira na mão. Tudo poderia ter sido imaginação nossa, claro. Mas... e se não fosse?

– Sua mãe parece um pouquinho tensa – murmurou Bridget, olhando para mim. Eu estava com a cabeça baixa, fitando a bolsa de viagem, que mais parecia de academia. Não queria que Emma percebesse que eu estava um pouco incomodada em deixá-la sozinha. – Acha que aconteceu alguma coisa enquanto estávamos fora?

Me sentei na beira da cama, olhando para a parede descascada na minha frente.

– Acho que não, já que ela me conta tudo. Talvez ela esteja apenas um pouco ansiosa com isso, ou tensa por me ver partir. Eu nunca fiquei sozinha por bastante tempo, tipo... sem a ajuda dela. Se algo estivesse acontecendo, ela me contaria, certo? – olhei para Bridget, agora sentada ao meu lado.

Bridget deu de ombros.

– É a resposta mais provável, no entanto, ela está diferente... incomodada com algo, ou alguém. Provavelmente, seja apenas por causa da sua partida. Meus pais estão abalados com isso também. E Massie... Nem acredito que ela vai ficar sem mim.

– Quem acreditaria? – retruquei, erguendo uma sobrancelha, sorrindo. – Nada disso parece real. Nosso sonho está se tornando realidade, acredita? – me deitei na cama, suspirando. – Pelo menos, já vamos conhecer duas pessoas da escola. Drew e Jason, quero dizer. Ainda bem que eles conseguiram sair da caverna... com vida.

– Com certeza – disse Bridget, balançando a cabeça. – No entanto... como nós saímos de lá exatamente?

Mordi o lábio, pensativa. Era difícil dizer. Nós ainda não tínhamos tido tempo de conversar sobre isso. Me sentei, virada para Bree. Nós tínhamos sido levadas para o mar, perto de uma ilha, e depois fomos arrastadas para o fundo. Não conseguimos ficar bastante tempo acordadas, e não sabíamos como tínhamos conseguido voltar àquela caverna... ou simplesmente sair dela, vitoriosas, antes que o final de semana terminasse.

Não sabia como responder à minha amiga. Também desejava uma resposta para a pergunta dela. Suspirei, balançando a cabeça em negativa.

Minha mãe bateu na porta do quarto, fazendo Bridget dar um pulo da cama. Me virei na direção dela.

– Vocês duas vão descer? – perguntou Emma, cruzando os braços cobertos por um moletom velho. – Emily e Tyler estão esperando por vocês. Acho melhor irem logo, porque vocês precisam se inscrever e fazer todos os processos que eles mandarem. Então... acho melhor se apressarem, caso queiram conseguir uma vaga na PCS.

Poderia ser que sim, ou poderia ser que não. Imaginei que Emma estava querendo se livrar de mim. Havia algo no tom de voz dela que a denunciava. Bridget estava certa, minha mãe escondia algo de mim... e não deveria ser coisa boa. Será que eu realmente deveria deixá-la e ir para a Pacific Coast School? Ou será que eu deveria desistir do meu sonho para ficar com ela?

– Nossa vaga já está reservada, mãe – falei com um breve sorriso.

Ela apenas balançou a cabeça, concordando. Bridget se aproximou um pouco mais de mim.

– Vou esperar por você lá embaixo – murmurou ao meu ouvido, batendo levemente seu ombro no meu.

Minha amiga se levantou e saiu do quarto. Respirei fundo, olhando para Emma. Senti um aperto no coração. Tive a súbita vontade de correr e abraçá-la. Não queria deixá-la sozinha naquela casa. Sentia que não deveria fazer isso. Será que alguém poderia estar ameaçando ela? Seus olhos castanhos estavam fixos nos meus, cheios de lágrimas. Engoli em seco. Sabia que qualquer coisa que eu dissesse faria minha mãe chorar.

MelissaniOnde histórias criam vida. Descubra agora