Capítulo 40

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20 de outubro – Quinta-feira

Dois dias para a nossa peça.

Houve o último ensaio, e Mary e Lola recusaram a se beijar antes da apresentação oficial, na qual teríamos muitíssimas pessoas na plateia. Acreditava eu, pelo menos. Queria que meus pais fossem me ver, no entanto, dessa vez, não seria possível. Sabia disso.

Era noite, e eu e alguns dos meus amigos tínhamos marcado de nos encontrar no Laboratório. Quando cheguei lá (após o jantar), minhas companheiras de quarto já estavam se preparando para começarmos o treinamento dos nossos poderes (por causa dos ensaios sempre intensos da peça, tivemos que esperar um pouco para iniciar nossa preparação).

Kath nos ajudaria, e Jesse tinha acabado de sair, depois de nos contar que mais ruínas estavam sendo encontradas. Selena estava enlouquecendo com isso, e com razão. O que eles poderiam descobrir a partir disso?

Me sentei em um dos bancos ao lado de Selena, enquanto Amy se sentava no balcão. Bell andava de um lado para outro, explicando o que deveríamos fazer primeiro. Não consegui acreditar, achei que era brincadeira. Ela queria que fizéssemos um exercício para respiração, tipo uma meditação. No que isso nos ajudaria, afinal?

Ela me encarou, provavelmente, lendo meus pensamentos, e balançou a cabeça em negativa.

– Primeiro, vocês precisam ficar com a postura ereta. Se preferirem se encostar na parede, podem ficar à vontade. Ou se quiserem se deitar... Só não podem dormir – começou Kath, gesticulando, e Amy riu. Selena revirou os olhos. – Depois disso, vocês precisam fechar os olhos e se concentrar apenas na respiração. Esqueçam tudo. Não pensem em absolutamente nada.

Não pensar em nada? Isso era possível? Minhas amigas seguiram suas instruções: Selena se sentou no chão, cruzando as pernas e apoiando as costas na parede; e Amy se deitou ao seu lado, com as mãos ao lado do corpo. Respirei fundo e me posicionei ao lado de Houston. Se Amy não estava reclamando, por que eu o faria?

Fechei os olhos, tentando não pensar em nada. Foi difícil, mais ainda do que eu imaginava. Não conseguia tirar Jason da cabeça (ou o ensaio que fizemos) (apenas eu e ele). E quanto mais pensava que precisava parar de pensar (se é que isso faz algum sentido), mais coisas me vinham à mente.

Estava tentando ajudá-lo a melhorar em uma cena que ele teria que dançar com Mary. Eles não tinham muita química, no entanto, com um pouquinho mais de prática, eles conseguiriam evoluir... O problema era que ela se recusava a passar mais tempo com ele ("suportá-lo por três horas é o meu limite", disse Reagan uma vez. "Não vou prolongar minha tortura").

Então, infringindo a Lei de Kath, passei a pensar. Não me concentrei na respiração, como ela havia mandado. Também me esqueci que ela poderia ler meus pensamentos e saber que eu, na verdade, não estava seguindo suas instruções. Primeiramente, comecei a ouvir a voz de Jason...

Ele cantava uma música que Amy e Lauren tinham escolhido para determinada cena. Estava de costas para ele, que me abraçava pela cintura, suas mãos segurando as minhas. Levantou os braços junto com os meus, e me girou. Parei diante dele, nossos rostos na mesma altura, nos fazendo olhar um nos olhos do outro.

Era questão de tempo para que nossos lábios se tocassem, no entanto, quando nos aproximamos, já não seguindo mais o roteiro da peça, meu coração disparado, ouvimos um som parecido com aplausos.

Nos separamos no mesmo instante, corados e envergonhados (eu, pelo menos, estava). Engoli em seco. Amy e Drew tinham entrado no Teatro da Casa Dançante, batendo as mãos e sorrindo. Senti meu rosto queimar.

MelissaniOnde histórias criam vida. Descubra agora