Capítulo 25

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12 de agosto – Sexta-feira

Era sexta-feira, dia de sair com Jesse. Quero dizer, voltar à caverna para tentar descobrir mais alguma coisa. Depois de vestir uma regata preta e uma calça quase do mesmo tom, prendi o cabelo num rabo de cavalo e calcei meus tênis de cano alto, talvez os únicos que eu tinha.

Respirei fundo, quase perto da porta, pronta para partir depois de um dia de aulas intensas. Surpreendentemente, Selena preparou uma mochila com garrafas d'água, sanduíches, lanternas e tudo o que ela achava necessário, e me entregou quando eu estava de saída. Por mais que ela não quisesse admitir, deveria estar gostando de ter mais pessoas como ela. Tendo uma cauda, quero dizer.

– Obrigada, Selena – agradeci, colocando a mochila nas costas. Foi somente nesse momento, quando estava pronta para me encontrar com Jesse na entrada da escola, que me dei conta de para onde estava indo. Senti um calafrio percorrer meu corpo. Mesmo assim, tentei parecer forte. Não queria deixar Bridget preocupada. – Acho que seus suprimentos nos ajudarão bastante, mesmo sabendo que voltaremos ainda hoje.

– Não faz mal nenhum se preparar – retrucou com um sorriso, colocando a mão no meu ombro, olhando para mim. Assenti com a cabeça. Talvez ela tenha mudado. Ou simpatizou mais um pouco conosco, quem sabe?! – Afinal, não há como sabermos como vocês se sairão. Estarei com Bridget e meu celular o dia inteiro. Caso tenham problemas, liguem para nós, entendeu?

Sorri, balançando a cabeça.

– Acho que Jesse já sabe disso. Mas acredito que eu e ele ficaremos... bem.

– Você é muitíssimo corajosa, Amy! – exclamou Bridget, me abraçando fortemente. – Eu tenho muito orgulho de você, e acho que sua mãe também... mesmo ela não estando aqui para ver você. Vou ficar torcendo para que voltem logo.

– Obrigada, Bree, mas, se tenho essa coragem, parte dela veio de você – sussurrei ao seu ouvido, apertando-a com força.

Pouco tempo depois, nos separamos. Abracei Selena, por mais que ela estivesse resmungando e reclamando, e, então, fui ao encontro de Jesse. Ele já estava à minha espera na frente da Porta Principal, conversando com Reese. Ela permitiu que saíssemos, dizendo que deveríamos chegar às cinco horas.

Em poucos minutos, estávamos fora da PCS e a caminho da caverna.

Jesse e eu conseguimos chamar um táxi, já que meu amigo afirmou não ser uma boa ideia chamar o motorista da família para nos levar ao local do programa Além do Alcance. Infelizmente, tive que concordar com ele. Provavelmente, o senhor Jenner o encheria de perguntas, e nós não poderíamos responder metade delas sem ter que mencionar as palavras "cauda" e "sereia".

Enquanto o carro nos levava em direção ao lugar mais próximo da mata que nos levaria à caverna, Jesse e eu pudemos ter uma breve conversa. Nós olhávamos para o taxista de minuto a minuto, desejando que ele não compreendesse metade do que estávamos falando.

– Consegui entrar em contato com o produtor do Além do Alcance – começou Jesse com os olhos fixos nos meus, murmurando. – Ele disse que todas as armadilhas feitas para o programa já foram desativadas e que não há problema de irmos visitar o local, afinal, a caverna não pertence exatamente a eles, só enquanto o programa está no ar.

– As câmeras também não estão funcionando mais, certo? – perguntei, erguendo uma sobrancelha, querendo ter certeza. Não poderíamos confiar cem por cento no que o produtor tinha dito. Pelo menos, eu não confiava. – Nós não podemos, tipo, ficar conversando sobre certos assuntos, se ainda estiverem gravando.

MelissaniOnde histórias criam vida. Descubra agora