Capítulo 38

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15 de setembro – Segunda-feira

A voz de Katheryn Bell ecoava na minha cabeça – ainda sobre sua explicação –, enquanto caminhávamos para o nosso dormitório. Não era assim tão fácil esquecer o que havia acabado de ser dito. Poderíamos estar trabalhando direto para a morte, para o fracasso, e – infelizmente – minhas companheiras de quarto não compreendiam isso da mesma maneira que eu. Precisava conversar com Jesse, pois ele tinha os mesmos pensamentos que eu, e me apoiaria. Não seria a única a desistir dessa tentativa ridícula...

Subitamente, algo percorreu meus devaneios. Não era rendição à escolha delas, todavia, despertou-me um desejo de saber o que havia naquele baú no quarto de Lilly Conner. Lembrei-me dele naquele instante, parando de caminhar e impedindo minhas amigas de continuar. Se Bell era a quarta sereia, então, o que seria a senhorita Conner?

Meu coração acelerou. Havia alguma coisa muito especial guardada naquele baú, e poderia nos ajudar.

– O que foi agora, Selena? – indagou Amy, erguendo uma sobrancelha e cruzando os braços. Ela, provavelmente, não aguentava mais escutar a minha voz, ou meus palpites e resmungos.

Respirei fundo, abrindo a boca para falar, só que Katheryn se antecipou.

– Ela está pensando em dar uma passada em outro quarto ao invés do nosso. Certo? Sei no que está pensando, porém, permitirei que explique para elas qual é o seu plano, afinal, ele é seu.

– Ah, Katheryn, muito obrigada – agradeci com a voz cheia de ironia e com um sorriso falso, olhando para ela por um breve momento, antes de me voltar para minhas amigas, que me encaravam à espera de uma explicação. – Lembram-se daquele baú que Bridget e eu vimos no quarto de Lilly?

Elas aquiesceram com a cabeça.

– Então... nós precisamos dar uma passada no quarto dela. Acho que sei o motivo de ele não ter sido aberto naquele dia.

– Que é...? – insistiu Amy, ainda com a sobrancelha erguida.

– Prometo que direi quando chegarmos lá. Acho que Lilly não está no quarto dela ainda, não a essa hora – respondi, pensativa, desejando estar certa. Não era muito do meu feitio errar nos palpites. – Acho que podemos descobrir mais coisas... que podem terminar nos ajudando nessa missão ou... Vocês vêm comigo ou não?

– Por que não? – retrucou Bell, dando de ombros e me apoiando.

Fechei os olhos, desejando que aquilo não passasse de um pesadelo. De todas as pessoas possíveis, por que ela era a quarta sereia? Por algum motivo, não gostava tanto dela. Era momentâneo. Quando enfrentou Mary, pensei que pudéssemos ser amigas, todavia, quando nos levou ao Laboratório, passei a não ter tanta certeza assim. Talvez tivesse medo de que ela roubasse Bridget e Amy de mim – que minhas amigas preferissem Katheryn.

– Nós vamos com você, no entanto, não podemos demorar muito. Tudo bem? – concordou Bridget, por fim, com um suspiro.

Mirei Salvatore, agradecendo-a com o olhar, depois passei a fitar Amy, que deu de ombros, como se não se importasse. Então, apontei para o elevador. Subimos para o andar de Lilly. Com a nossa audição, percebemos que – aparentemente – não havia ninguém no quarto dela. Não batemos, apenas abrimos a porta e irrompemos.

Para a nossa sorte, ela não estava lá, nem sua companheira de quarto. A porta se fechou atrás de Bridget, que seguiu para o centro do cômodo. Aproximei-me do guarda-roupa e me agachei, procurando pelo baú.

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