Capítulo 24

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11 de agosto – Quinta-feira

Odiar é uma palavra muito forte? E detestar? Acredito que não há uma só palavra que possa descrever o que sentia em relação à Mary Reagan e suas amigas – exceto Lilly Conner, é claro. E quanto à Charlie Steven? Eu deveria mais do que odiá-lo, todavia – por mais que ele tivesse feito algo horrível contra mim –, não conseguia parar de ser A Garota Apaixonada e Não Correspondida!

Ou pior: A Garota Apaixonada e Sofrida, Atormentada!

Estava com Amy Howard e Bridget Salvatore, discutindo com elas por Howard ter tido a brilhante – ou estúpida – ideia de transformar a peça da escola em um musical. Com isso, já percebi que ela não pensava direito nas coisas antes de fazê-las – o que era terrível. Infelizmente, quando voltássemos a conversar, teria de fazer Salvatore desistir de atuar, se a peça realmente se tornasse um musical.

A culpa não era minha. Era de Amy. Afinal, a ideia tinha sido dela.

– É claro que são reais! – disparei, revirando os olhos e batendo as mãos ao lado do corpo, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir. Amy, definitivamente, tinha alguns neurônios a menos. Bufei. – E, caso não tenham percebido, sereias não são um mito...

Então, eu escutei. Parei de falar no mesmo instante, olhando para o lado e pedindo para que elas fizessem silêncio. Elas poderiam não estar ouvindo, todavia, o que realmente importava era que eu estava escutando. Quando a Transformação delas estiver totalmente completa, elas terão que ajustar um pouco a vida.

Nem tudo seria o mesmo – a audição, por exemplo. Por ter me transformado em uma sereia, passei a ter uma audição melhor, igual à dos golfinhos. Ultrassons, melhor dizendo, aquelas audições acima de vinte mil hertz.

Enquanto eu tinha esse tipo de audição, minhas companheiras de quarto compartilhavam – pelo menos, até o momento –, como posso chamar... sons audíveis? Era algo de Física, pelo que me recordava. Isso pouco importava, pois eu estava escutando uma conversa extremamente importante entre Reagan e suas amigas.

Gesticulei, caminhando, para que Amy e Bridget – que pareciam, mesmo de relance, muito confusas – me seguissem. Elas o fizeram sem hesitar – o que agradeci mentalmente. Agradeci também por Mary não prestar atenção no que acontecia ao seu redor – ou do lado de fora daquela sala de estudos, no Louvre. Ela nem sonhava que estávamos assistindo-a através da janela retangular, de vidro.

– Reclame com o incompetente do amigo do seu pai! – Mary gritou para Lisa, que ficou em silêncio, apenas fixando seus olhos nos de Reagan.

Tateei meu bolso à procura do celular. Precisava registrar aquela cena – especialmente se ela mencionasse meu nome novamente, como já tinha escutado antes.

– Se ele tivesse feito o trabalho corretamente, Selena ainda estaria passando mal e pensando que está grávida!

Então, é isso, Reagan? O que Amy havia escutado era realmente verdade? Exceto apenas que Charlie não está envolvido nisso, ele não está com você agora, o que me faz pensar que ele não fez parte desse plano... Eu só não queria – como necessitava – acreditar que ele estava envolvido nessa história de me fazer pensar que estava grávida. Imaginar isso me fez pensar também que ele poderia ter me seduzido no luau já com esse intuito.

Era tudo um plano deles? Não. Charlie não faria isso...

Lola Kenneth e ele poderiam ter armado tudo isso junto com Mary. Reagan deveria saber ou – se não sabia – encontrou uma maneira melhor para se vingar de mim. Uma discussão ou uma briga era algo simples demais, era algo do passado...

MelissaniOnde histórias criam vida. Descubra agora