Capítulo 18 - SELENA

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16 de julho – Sábado

Fiquei deitada na cama, esperando que Amy saísse do banheiro. Esse tempo me fez refletir bastante – sobre várias coisas –, todavia, todas elas terminavam com Charlie e eu, naquele quarto do Resort. Não tinha parado de chorar desde que acordei de madrugada, e minhas companheiras de quarto não estavam presentes.

Quando Amy foi embora, suspirei.

– Que é que se faz quando está com a vida completamente arruinada? – indaguei, fechando os olhos e tentando imaginar tudo como antes, só que havia um problema... Eu sabia que nada voltaria a ser daquele jeito. Esperei por uma resposta do Cérebro, e ela não me respondeu. Talvez não soubesse a resposta.

Precisava pensar em como agir. Teria de conversar com Charlie sobre isso, e esperava que ele fosse compreensivo – o que era quase impossível. Provavelmente – pensei, fechando os olhos –, ele baterá a porta na minha cara e dirá que não aconteceu nada. Era bem típico de Charlie e de sua namorada, Mary Reagan. Gemi. Ainda não conseguia acreditar que eles estavam namorando – mesmo depois que ela descobriu sobre nós...

Apoiei o corpo nos cotovelos, olhando para a parede do outro lado. Tinha de conversar com Charlie antes que ele saísse do seu dormitório, ou antes que seus amigos acordassem. Ele não era o tipo de pessoa que me daria as costas, ou era? Como fui tola uma vez, consegui ser uma segunda!

Na verdade, uma terceira, considerando que ele me deixou esperando no nosso esconderijo ridículo! E poderia ser mais uma vez.

Levantei-me às pressas para tomar banho e correr até o Palácio de Catarina. Quando cheguei ao banheiro, vomitei mais algumas vezes antes de encher a banheira. A água tocou no meu corpo, transformando-me em metade peixe e metade humana. Engraçado... nunca pensei que viraria um monstro – ou como queira chamar essa coisa. Jamais pedi para ser transformada ao tocar na água.

Tomei banho e me vesti rapidamente. Meu coração estava disparado; e meus pensamentos, a mil. Não acreditava que realmente tinha decidido conversar com Charlie sobre a – grande – possibilidade de estar grávida. Respirei fundo, parada em frente à porta, já com a mão na maçaneta.

Abri-a com um sorriso, que não durou muito tempo. Quando dei os primeiros passos – depois de ver o corredor vazio –, algo caiu em cima da minha cabeça e do meu corpo, sujando-me por inteira. Gritei – repetidas vezes –, enquanto lágrimas se acumulavam nos meus olhos. Não acreditava que estava coberta de tinta de cima a baixo!

Continuei a gritar até que ouvi risos, gargalhadas, que vinham do quarto ao lado do meu. Pouco tempo depois, muitos garotos do time de futebol apareceram à minha frente – todos com os rostos ruborizados de tanto rir. Apontavam para mim, cochichando entre si. Alguns tiraram fotos e gravaram. Quis gritar, todavia, naquele momento, parecia que a Úrsula tinha tomado a minha voz.

Quando o vi, engoli em seco.

Charlie se aproximou com Mary ao seu lado – ambos rindo. Minhas narinas se dilataram. Meu coração passou a bater ainda mais forte e mais rápido. Ele podia ser mais estúpido? Lágrimas escorreram por minha face. Comecei a chorar descontroladamente, os ombros tremendo e o catarro escorrendo. Várias pessoas saíram dos seus quartos, irritadas, afinal, era sábado de manhã.

– Querida – disse Mary severamente, com o rosto bem à frente do meu –, quando se mexe com os namorados das outras pessoas, principalmente com o meu – enfatizou, gesticulando –, tem que haver consequências. Vingança. E acho que essa ainda foi bem fraquinha... – fez bico. – Mas pode ficar esperando por outras ainda melhores!

MelissaniOnde histórias criam vida. Descubra agora