Capítulo oito

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Acordei cedo o suficiente para ficar de mau humor. Depois de um banho gelado graças ao calor que insistia em me castigar fui até a cozinha e preparei um belo café da manhã. Era terça feira e a casa estava silenciosa.

Eu estava sentado na cadeira, comendo um pedaço de bolo, quando lembrei porque havia acordado assim, tão cedo. Sorri por tempo demais e percebi que o mau humor havia simplesmente desaparecido. Eu não iria para a aula de cinema. Faria um pequeno sacrifício, mas valeria a pena. Quase dois dias haviam se passado desde a última vez que falei com Dylan no restaurante mexicano e não sabia se ele ainda lembrava que eu havia prometido ajudar com a mudança, já que ignorou todas as minhas ligações. Fiz questão de ligar para Samantha e perguntar quando seu irmão faria a mudança, para que eu pudesse me programar. Por mais que eu não concordasse com as atitude de Samantha, isso era algo que somente eles poderiam resolver.

Aquela noite de domingo ainda estava fresca em minha mente. Eu gostaria de ter feito tudo diferente. Gostaria de ter interrompido Samantha, gostaria de ter andado mais rápido e alcançado Dylan antes que ele partisse, mas eu não fiz nada disso.

Talvez por isso ele não quisesse me atender.

Ou talvez ele só quisesse ficar sozinho.

Perguntei à Peter se ele poderia assumir as filmagens do dia, mas ele simplesmente decidiu dar mais um dia de folga à equipe e depois disse que voltaríamos com tudo ao trabalho.

Assim que terminei de comer, fui para o estacionamento, embarquei no carro e fui em direção à casa de Dylan. Isso era estranho, pois uma semana atrás era ''A casa de Samantha'' e agora era ''A casa de Dylan''.

Naturalmente, teria que olhar para Samantha, sorrir e dizer bom dia, porque sei que se eu fizesse diferente, iria comer o pão que o diabo amassou.

Não conseguia entender por que Samantha mudava completamente na presença do irmão. Parecia outra pessoa, totalmente descontrolada e frustrada. Eu não queria me preocupar com isso e ultimamente estava tentando não me preocupar com nada que não merecesse a minha atenção. Hoje a minha atenção seria voltada para Dylan.

Estacionei o carro atrás de um pequeno caminhão de fretes onde avistei várias caixas no chão e algumas já dentro do automóvel. Desci do carro e caminhei em direção à porta da casa, de onde saiu Dylan.

Na porta de entrada, Dylan segurava uma caixa de papelão na altura da cintura. Ele parecia surpreso, mas de um jeito bom.

- Não acredito que você veio mesmo

- Eu prometi à você, não prometi?

Fui até sua direção, peguei a caixa de suas mãos e a coloquei no chão. Dei um abraço rápido, com alguns tapinhas em suas costas e Dylan começou a falar o que parecia ser uma frase ensaiada.

- Olha cara, eu queria me desculpar por Domingo a noite.

- Não se preocupe. Você não tem que se desculpar por nada. Se há alguém aqui que precisa se desculpar é a Samantha.

Dylan abaixou a cabeça.

- Eu fiquei pensando se sair daquele jeito foi meio infantil, mas só quis evitar uma discussão pior.

- Fica tranquilo. Eu entendo muito bem sobre fugas.

Dylan riu.

- Tudo bem então, eu preciso carregar um bocado de coisas lá de dentro. Você tem noção do quanto essa casa ficará vazia?

Fomos até o quarto de Dylan, que estava impecavelmente arrumado. Não lembrava em nada o meu quarto. As coisas pareciam assimetricamente arrumadas.

Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora