Capítulo quatorze

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Jon estava parado na frente da casa, com aquela pose não muito majestosa. A roupa de couro marrom era extremamente gritante e incomodativa e já não tinha mais certeza se aquele era o mesmo chapéu que ele costumava usar sempre. Os óculos com lentes laranjas eram totalmente antiquados para aquele que seria um dia quente e nublado.

O ronco do motor da Ferrari chegou até os pés de Jon e então Peter e eu descemos do carro, com expressões taciturnas e tediosas.

— Bom dia — disse Jon.

— Bom dia? Olivia disse que não iríamos ser chamados durante uma semana — comecei dizendo.

— Olivia não é o chefe.

Ele me entregou uma pasta e um pendrive.

— O que temos que fazer? — perguntou Peter ao meu lado.

— Vocês irão hackear o sistema da prefeitura e registrar todos os documentos que comprovam um possível desvio de dinheiro.

Absorvi a ''missão'' como um tapa na cara. Tentei não deixar meu pânico em evidência, mas quando tentei dizer alguma coisa, minha voz falhou.

— Desvio de dinheiro? Qual é Jon, você sabe como as coisas costumam funcionar por aqui, se formos pegos seremos mortos.

Jon baixou a cabeça e deu uma longa respirada.

— Eu sei que essa cidade é uma grande lata de lixo de seres humanos. Um pior do que o outro, movido à corrupção e ganância, o que me faz sentir mais nojo ainda por estar envolvido com tal parte.

— Nem ao menos sabemos hackear alguma coisa — avisou Peter.

— Vocês receberão ajuda. — Jon pegou um cartão no bolso. — Achei que todas as crianças da sua idade sabiam fazer esse tipo de coisa.

— Me desculpa se não superamos suas expectativas — respondi, com um pouco de raiva.

— Minhas expectativas? Não! As expectativas do AK. Vocês não devem nada a mim e nem precisam me impressionar, acreditem.

Peter me puxou de canto.

— Qual é cara, isso é loucura demais. Como vamos entrar na prefeitura? Como vamos fazer isso? — perguntou ele.

Jon deu uma tossida seca.

— Eu posso cuidar disso pra vocês. Assim, como na primeira vez que vocês receberam ajuda. Não ficarão na mão agora. No cartão, está anotado o número de uma pessoa importante, que irá ajudar vocês.

Olhei o cartão e vi apenas alguns números rabiscados à mão.

— Nem sabemos o que devemos fazer — disse Peter.

— Ele explicará a vocês. Não demorem em ligar pra ele. Sério.

Jon estava com aquele semblante assustador novamente

— Vejo vocês em breve. — Ele saiu, andando do seu jeito marrento até embarcar num carro e sumir de vista.

Estávamos preocupados com a garotinha de preto no quadro mas Jon era o fantasma que assombrava nossas vidas.

Peter estava prestes a entrar em colapso.

— Olha, não sei não cara. Não sei mesmo.

— Calma Pete! Se formos analisar, é mais fácil do que o último trabalho que fizemos.

Peter olhou pra mim.

— Você sabe que tudo nessa cidade anda errado. Imagina quantos podres não devem ter nos documentos confidenciais da prefeitura? Aquilo nem parece uma prefeitura, aquilo tá mais pra um quartel general.

Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora