Capítulo trinta

287 23 13
                                    

Dylan estava de braços cruzados em frente à televisão da sala de estar do meu apartamento. Eu estava sentado no sofá, ao lado de Peter que também não desgrudava os olhos da tela da tv.

Samantha saiu da cozinha com uma jarra de suco e entregou um copo a cada um de nós. Ela serviu o suco enquanto tentava se concentrar na notícia que estava passando.

— Ainda não sabemos os detalhes e a motivação do atentado. O que sabemos é que as 8h desta manhã, um grupo de homens e mulheres entraram armados na prefeitura, começando assim o maior massacre do país em anos. Recebemos a atualização da contagem de mortos e já passa de 40. Há mais de 100 feridos em estado grave, sendo levados para os hospitais mais próximos — disse uma jovem repórter, enquanto segurava um microfone e tentava manter a calma.

Dylan descruzou os braços e balançou a cabeça. Ele se sentou do meu lado e colocou a mão na minha perna. Apesar de tanta desgraça, ele sabia que finalmente estávamos bem.

— Vai ficar tudo bem. Minha chefe está voltando imediatamente para cidade por causa do ataque e eu pedi para que ela falasse comigo antes de qualquer outra pessoa.

— Eu queria poder ter evitado o ataque. Muita gente inocente estaria viva — choraminguei.

— Isso estava acima do seu poder Gun e o mais importante, é que tentamos. Ok?

— Ok.

Duas horas já havia se passado desde o ataque e os canais de telecomunicação estavam enlouquecidos. As pessoas começaram a entrar nas redes sociais e comentar. Pessoas de todo o país. Alguns diziam que era sim uma guerra entre traficantes mas outras insistiam em dizer que era um ataque de terror. Não importava quem estava certo, no final, pessoas inocentes haviam morrido.

Meu celular tocou e vi que era Jon. Atendi imediatamente e esperei ele falar qualquer coisa.

— E aí garoto. Precisamos marcar uma reunião, com todos juntos. Muita coisa aconteceu e precisamos decidir o que faremos a partir de agora.

Decidir.

Jon falava como se o problema ainda fosse nosso.

Talvez ele ainda fosse.

Então teríamos que resolver.

Passei meu endereço a Jon para que ele viesse até nós. Estávamos todos cansados demais para continuarmos nos movimentando. Ele disse que pegaria Buggie no caminho e logo estaria conosco.

Levantei e fui para o meu quarto, sem avisar ninguém. Sentei na minha cama e coloquei as mãos sobre meu rosto, tentando não chorar. Criei a expectativa de receber uma ligação de minha mãe, mas provavelmente ela nem sabia o que havia acontecido. Esperei uma ligação de meu pai também, mas eu tinha certeza que ele estava ocupado demais para fazer aquilo. A ligação mais importante que eu esperei naquela manhã, nunca chegou. A de Constance. Eu tinha certeza que ela havia visto as notícias no telejornal, mas jamais ligaria os fatos à mim.

A porta do quarto se abriu e Samantha entrou. Ela se sentou ao meu lado e acariciou as minhas costas.

— Tudo bem Gun. Você pode chorar. Não tem problema nenhum.

E eu chorei. Chorei como nunca havia chorado antes. Mas dessa vez foi diferente. Eu senti como se tudo que me sufocava estivesse deixando meu corpo. Era um choro desesperado, mas necessário. Um choro de alívio. Ela me abraçou com muita força e disse que tudo ficaria bem.

Depois de alguns minutos, a campainha finalmente tocou e comecei a enxugar as lágrimas. Lavei o rosto e fomos novamente ao encontro de todos, onde eu abri a porta para receber Jon e Buggie.

Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora