— Para de mexer! — disse Dylan.
Ele já havia dito aquilo pelo menos umas cinco vezes.
Eu estava de frente a um espelho velho, na casa dos Ecos. Era o único lugar onde eu poderia encontrar a privacidade que eu precisava. As meninas estariam dentro de qualquer salão de beleza, fazendo cabelo e unhas e os meninos estariam na cama, esperando os últimos 10 minutos para ficarem prontos e saírem de casa. Mas eu não podia me dar ao luxo de não me preparar para aquele dia. Um dos dias mais importantes da minha vida.
Minhas mãos nervosas insistiam em ajustar cada detalhe do terno que eu eu estava usando.
— Se você mexer mais um pouco, vai acabar estragando — disse Dylan.
— É um Devore, não vai estragar.
— Seja lá o que isso signifique...
Me virei para ele e dei um sorriso sem graça.
— Se você não tivesse que ir fardado, eu teria mandando fazer um sob medida para você. Mas sinceramente, você fica muito melhor nessa farda.
Sorri de canto e me virei novamente para o espelho.
— Porque você quis se arrumar aqui mesmo?
— Sei lá. Ultimamente tenho me sentido em casa, aqui — respondi.
— Isso tem a ver com o fato de sua mãe ter se mudado pra Europa?
Pensei um pouco antes de responder.
— Talvez.
— O que seu pai achou disso tudo?
Eu pensei em mentir, mas de todas as maneiras possíveis, parecia errado. Por isso, mais cedo eu havia decidido que contaria toda a verdade à Dylan; que minha mãe era uma atriz pornô e que meu pai a expulsou de casa aos berros. Agora o que restava daquela família era a minha decepção, o rancor de meu pai e até mesmo o julgamento de Constance, que acompanhou tudo de perto.
— Ele vai ficar bem — respondi. Eu não queria conversar sobre aquilo, não no dia mais importante da minha vida.
— Você já está pronto. Vamos, antes que se atrase.
Me virei novamente para Dylan e dei um selinho demorado em seus lábios. Ele sorriu de volta, com aqueles dentes perfeitamente brancos e aqueles olhões azuis.
Aaaah, como era lindo!
Dylan fez algumas perguntas sobre o meu carro e eu disse que as peças importadas estavam demorando muito para chegar e que provavelmente iria comprar outro carro. A verdade é que eu não estava querendo outro carro no momento.
Embarcamos na pick up de Dylan e fomos até o teatro da cidade, onde estava acontecendo o festival. Era um evento anual. O teatro abria as portas para que os artistas pudessem expor suas obras e trocar informações. A coisa tomou proporções nacionais e internacionais e profissionais de vários ramos vinham de todas as partes do mundo, como olheiros para lapidar diamantes brutos.
O lugar estava cheio e havia muitas pessoas do lado de fora. O sol em cima da cabeça das pessoas não os impedia de dançar, pular e sorrir. Durante o dia, o uso de maconha era legalizado e por isso Dylan e mais alguns policiais precisavam ficar lá para que outros tipos de droga não fossem usados. Eu nunca havia me perguntando como esses jovens conseguiam tanta maconha, mas agora tudo fazia sentido.
Antes de descer do carro de Dylan, ele me deu um beijo demorado e olhou dentro dos meus olhos, me desejando sorte.
Ele disse que seria fácil encontrá-lo e que estaria a disposição para qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Nós dois sabíamos que a chance de fracasso era real e disputar entre outros bons alunos começou a se tornar uma ideia assustadora.
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Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)
Storie d'amoreTudo o que o jovem cineasta Gun queria, era terminar seu curta metragem de conclusão de curso e receber a tão esperada glória e fama que desejava. Mas quando é confrontado por seus sentimentos e acaba se apaixonando pelo irmão de uma aluna nova, com...