Capítulo vinte e seis

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Tudo em minha cabeça passava em câmera lenta. Eu não conseguia me concentrar em apenas uma coisa. O julgamento de Peter, que havia dito que aquele era um péssimo plano. A delegada e também chefe de Dylan, com os braços cruzados, me encarando. A recepcionista, lixando a unha como se não desse a mínima importância para tudo aquilo. E principalmente ao fato de saber que Dylan estaria ali em poucos minutos. Eu tentei formular na minha cabeça o que poderia ser dito para que ele acreditasse, mas nada parecia convincente o suficiente.

Peter estava mais assustado do que furioso e eu sabia o porque. Se Jon ou AK soubessem que estivemos na delegacia, estaríamos acabados. Não sei exatamente o que aconteceria, mas eu sabia que não ia terminar bem.

Eu estava com medo. Não da forma como estive quando conhecemos AK ou durante os trabalhos que fizemos por ele. Não da forma como minha mãe disse que estava indo embora. Não da forma de quando eu bati o carro e fui parar no hospital. Não. Dessa vez era muito pior. Eu tinha medo de perder Dylan para sempre.

Pois bem, vamos descobrir.

Dylan entrou pela porta, com o típico passo apressado.

— O que está havendo aqui?

— Esse rapazinho aqui, e seu amigo, estavam mexendo nas suas coisas, dentro da sua sala — disse Stefany.

Dylan franziu o cenho. Provavelmente estava tentando entender.

— Você os conhece?

— Sim.

Foi apenas o que ele disse.

— Bom, eu vou deixar vocês conversarem.

Stefany saiu andando devagar.

Dylan se aproximou de mim, mas não sentou no banco ao lado. Talvez ele soubesse que era desconfortável ou talvez simplesmente não quisesse sentar ao meu lado.

— Eu não entendo.

— Desculpa.

— Eu não sei pelo que estou te desculpando. Deixa eu ver se entendi bem, você estava na minha sala? O que você estava fazendo lá?

— Eu estava procurando uma coisa.

— Que coisa?

Dylan se abaixou para que seus olhos ficassem ao alcance dos meus. Aqueles olhões azuis estavam penetrando a minha mente.

Eu tinha uma escolha. Falar tudo para Dylan ou esconder tudo de uma vez por todas. Nesse momento eu pensei em Samantha e sabia que não deveria abrir o bico. O medo de acontecer alguma coisa com ela ou com qualquer pessoa que eu amasse parecia assustador demais. Eu não conseguiria viver com aquilo.

— Eu não posso falar. Desculpe.

— Gun, presta atenção. Vamos sair daqui, vamos conversar.

O tom da voz de Dylan deixava claro que ele estava implorando.

— Desculpe causar problemas no seu trabalho.

— Pare de pedir desculpas, me escuta. Vamos conversar, o que acha?

— Eu não posso Dylan.

Uma lágrima brotou no meu olho esquerdo.

Dylan se levantou novamente e colocou as mãos na cintura. Parecia mentalmente estressado.

— Achei que não tínhamos segredos.

— Eu sei.

— Eu posso te levar pra casa, pelo menos?

Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora