Capítulo dez

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Quase duas semanas haviam se passado e Peter e eu havíamos nos encontrado todas as manhãs. Nós mal conversávamos sobre o que havia acontecido naquela noite, na Casa dos Ecos, mas a tensão pairava sobre nossas cabeças e de vez em quando um de nós perguntava se havia alguma notícia sobre o Jon. Nenhum contato havia sido feito e da mesma forma que aquilo nos tranquilizava, também nos assustava.

Mais difícil do que viver sob a tensão, era esconder isso das pessoas com as quais eu me importava. Constance, meus pais, a equipe de filmagem e Dylan. Eu não sabia direito o que poderia acontecer com todos eles, mas eu não poderia arriscar. Por mais que Dylan perguntasse o tempo todo se eu realmente estava bem, eu encenava o meu melhor sorriso e respondia que sim, que tudo estava bem.

Voltar ao trabalho também foi difícil quando o lugar que deveria ser a nossa fortaleza havia sido profanado por pessoas de caráter duvidoso. A Casa dos Ecos havia ficado ainda mais assustadora.

Por sorte, ninguém nos surpreendeu durante as filmagens.

Era de manhã e Peter estava sentado no chão do meu quarto, ao meu lado. Parecia que o clima pesado havia nos deixado ainda mais unidos e que para estarmos seguros precisávamos estar juntos a todo custo. Ninguém havia dito isso, mas involuntariamente era assim que nos sentíamos. Ficamos jogando vídeo game e comendo algumas besteiras até que um de nós finalmente quebrou o ''silêncio''.

— Algum sinal do Jon? — perguntou Peter.

— Não. Sinceramente? Eu não acho que vão nos mandar matar outras pessoas ou coisa do tipo.

Peter arregalou os olhos

— Você chegou pensar nisso?

— Você não?

— Na verdade eu estou tentando ocupar a minha mente com qualquer outra coisa.

— Jogar vídeo game, por exemplo?

Apontei para o controle na mão do meu amigo.

Peter largou o controle e deu um sorriso de lamento. Toda conversa levaria ao acontecimento daquela noite. Toda vez que tentássemos nos dispersar de tal fardo, ele voltaria ainda mais carregado.

— Jon disse para vivermos nossas vidas até ele nos contatar. Eu acho que devíamos seguir o conselho ou vamos ficar malucos — aconselhei. Joguei o meu controle na cama e me sentei em frente ao computador. — Vem, vamos por nosso lado criativo para funcionar e nos ocupar com algo que pelo menos saibamos fazer direito.

— Não é minha culpa se você não sabe jogar vídeo game — disse Peter por fim.

Mostrei o roteiro da cena externa que iríamos filmar no bosque, no lugar onde a mata era mais fechada. Expliquei também que teríamos planos em movimento e precisaríamos correr com equipamento pesado atrás dos atores e Peter fez questão de mostrar os braços magros como se fosse o cara mais forte do planeta. Rápidamente, ele leu todo o roteiro e com alguns rabisco fez todas as adaptações necessárias.

Já era quase meio dia quando recebi a ligação de Dylan, que parecia estar entusiasmado, como sempre.

— Eu consegui!

— Não brinca comigo, Dylan!

— É sério! Podemos ir quando você quiser — avisou ele.

— Então vamos essa tarde! Se você não estiver ocupado, claro.

— Eu imaginei que você poderia dizer isso. A cidade está calma, como sempre, então podemos ir sem problemas.

Calma como sempre?

Ego Intacto (ROMANCE GAY) (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora